Das montanhas do México, vem uma das melhores bandas do rock atual
Há cerca de dois anos, fui com a família visitar o sul do México (aliás, recomendo demais a região de Oaxaca), e comentei isso com meu amigo Fábio Massari. Com seu conhecimento prodigioso dos bons sons de toda parte do mundo, Massari passou os 15 minutos seguintes falando de inúmeras bandas mexicanas que tinha em sua coleção.
No fim do ano passado, li uma entrevista de Henry Rollins (Rollins Band, Black Flag) em que ele se desmanchava em elogios a um duo de Guadalajara chamado Lorelle Meets the Obsolete. O tema do papo era o mais recente disco do grupo, "Balance".
Ouvi o disco e fiquei impressionado. Como pude passar tantos anos desconhecendo essa banda?
Lorelle Meets the Obsolete é um duo formado por Lorelle Quintanilla e Alberto Gonzales. Lorelle canta, toca guitarra, baixo, teclados, e escreve as letras. Alberto toca bateria, baixo, guitarra e teclados. Os dois já lançaram, desde 2011, quatro álbuns de estúdio e um ao vivo.
A banda é figurinha fácil em festivais dedicados a sons "psicodélicos", como o Levitation (Austin, Texas) e o Liverpool Festival of Psychedelia. Mas isso só mostra como a categoria da "psicodelia" é ampla.
O som de Lorelle Meets the Obsolete é eclético. Imagine uma banda que mistura os sons etéreos do dream pop de Cocteau Twins, This Mortal Coil e Beach House a guitarras shoegaze que lembram Ride, Slowdive e My Bloody Valentine. De vez em quando, o som lembra os ritmos motorik do rock alemão dos anos 70 (Can, Neu!, Faust). Tudo isso embalado pela voz doce de Lorelle, que transporta o ouvinte para um lugar muito longe e lúdico.
Veja o clipe de "Balance":
Ao vivo, o duo ganha os reforços de um baterista e um baixista. Veja Lorelle and the Obsolete em 2014, tocando "What's Holding You" e "Golden Hair" em estúdio:
E aqui, uma rápida entrevista com os dois, em espanhol.
Li que Lorelle e Antonio se mudaram para Ensenada (noroeste do México, quase na fronteira dos Estados Unidos), onde montaram um estúdio e passaram a se dedicar integralmente à banda (até então, dividiam seu tempo entre a música e empregos). "Agora podemos nos dedicar integralmente à música", diz Lorelle.
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