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Mauricio de Sousa: “Quero vender tantos livros quanto vendo gibis"

Rodrigo Casarin

03/10/2017 09h27

"Em alguns anos quero vender tantos livros quanto vendo gibis atualmente".

É o que diz Mauricio de Sousa, criador da "Turma da Mônica", em entrevista ao Página Cinco. Há pouco seu estúdio, cujas tiragens de revistinhas giram em torno de 2 milhões de exemplares por mês, lançou em parceria com a Nemo o livro "Turma da Mônica Jovem – Uma Viagem Inesperada", que reúne quatro contos protagonizados pelas personagens Mônica, Marina, Magali e Denise. Os textos são respectivamente assinados por Babi Dewet, Melina Souza, Carol Christo e Pam Gonçalves, jovens autoras que possuem grande presença nas redes sociais.

"Sabemos que os jovens estão bem próximos dessa linguagem das redes sociais. As youtubers dominam essa comunicação e fazem sucesso. Um livro desse puxa essa comunicação para o ato de ler no impresso para que os jovens sintam essa experiência também. É diferente de ler no virtual, tem uma proximidade maior e mais íntima com a literatura. Dá vontade de ler mais", comenta Mauricio.

Ao falar sobre como é ver suas criaturas protagonizando narrativas literárias, o quadrinista diz que a aposta nesse formato de publicação tem sido boa. "Temos publicado vários livros nessa linguagem e tem funcionado muito bem. A 'Turma da Mônica Jovem' tem mais liberdade em temas para o público que vai dos 13 aos 16 anos através dos livros. Nos quadrinhos ainda temos crianças de 7 anos lendo a 'Turma Jovem', e por isso os temas não podem ter o mesmo aprofundamento".

Sobre o conteúdo, aliás, Mauricio conta que as histórias criadas pelas autoras precisaram passar pelo seu crivo antes chegarem às livrarias. "Nada é publicado sem nossa aprovação. Mesmo porque nós é que conhecemos nosso público leitor de perto. Ouvimos o que eles comentam nas redes sociais e em nossos canais de comunicação. Por isso mantemos sempre um público crescente e renovado a cada ano".

Mônica na Coreia do Sul

Em "Uma Viagem Inesperada", as autoras levam as personagens para aventuras em lugares diferentes. Magali vai com os pais a Paraty, Marina parte para Londres, Denise é mandada de castigo para um acampamento na Serra Catarinense e Mônica protagoniza a escolha mais ousada: um tour cultural, com ênfase no pop, pela Coreia do Sul. Babi, a autora da narrativa da ex-baixinha e gorducha, conta que sempre se identificou com a criação mais famosa de Mauricio.

"Ela era uma grande inspiração e alguém que me trazia boas risadas, quando eu era criança. Depois, com a Turma da Mônica Jovem, aprendi demais com a personagem e aos poucos fui descobrindo uma Mônica ainda mais parecida com tudo aquilo que eu tinha imaginado dela. Com defeitos e problemas, como todo adolescente – o que é algo que eu adoro e que sempre retrato nos meus livros. Isso me deixou ainda mais próxima. E escrever sobre ela, poder contar parte da sua história, me fez ter ainda mais respeito e amor por essa personagem que até então estava só no meu imaginário. Eu deixei ela fluir, como parte de mim. Descobri que a Mônica é muito mais parecida comigo do que eu pensava", diz Babi.

Babi ainda recorda que não trabalhou apenas com uma personagem de quadrinhos, mas com a personagem "mais famosa das HQs nacionais, do imaginário nacional. Todo mundo sabe quem é a Mônica. E eu acabei brincando com isso no conto. A pressão de retratar uma personagem que todo mundo conhece e gosta é enorme, mas a alegria de poder contar sua história é ainda maior. Mas eu estava nervosa", assume. A autora lembra que só se tranquilizou quando o próprio Mauricio lhe disse que a Mônica era exatamente como havia sido descrita e que ele e sua família gostaram de ver a Coreia por meio dos olhos dela. "Foi uma das maiores felicidades da minha vida!"

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Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.