"1984": O livro de Orwell e as semelhanças preocupantes com os EUA de Trump
Há uma semana no primeiro lugar do ranking dos livros mais vendidos da Amazon, nos Estados Unidos, o livro "1984" foi escrito, nas palavras do próprio autor, George Orwell, como "uma mostra das perversões que já foram parcialmente realizadas pelo comunismo e fascismo".
Embora tenha sido lançado em 1949, a obra, curiosamente, voltou ao topo do ranking após a assessora americana Kellyanne Conway chamar de "fatos alternativos" a versão de que a posse do presidente Trump foi a mais concorrida da história, embora fotos comparativas mostrassem o contrário.
Imediatamente, a declaração da secretária foi relacionada pela imprensa americana ao conceito de "duplipensar", que permeia a obra de Orwell. A palavra significa em novilíngua "manter duas crenças contraditórias na mente simultaneamente, aceitando ambas".
Obviamente que os Estados Unidos não são comunistas e Donald Trump lidera hoje a maior democracia do mundo. Porém suas declarações furiosas no Twitter despertaram em todo o mundo o receio de que o país pudesse se transformar em uma nova "Oceania" (nome fictício do país comandado pelo Grande Irmão).
Abaixo, listamos algumas situações descritas em "1984" que contêm semelhanças preocupantes com a nova realidade americana.
Novo "1984"?
"Guerra é paz":
O lema do IngSoc (partido dominante em "1984") é: "Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão. Ignorância é Força". Ou seja, um lema formado por palavras antagônicas. Na semana passada, Trump afirmou que acredita no uso da simulação de afogamento (uma forma de tortura) para obter informações em interrogatórios, mas que a decisão de usá-la será da CIA. "Devemos combater o fogo com fogo", disse o presidente.
"Duplipensar" e "Novilíngua":
Vigilância permanente
O ex-agente da NSA (Agência de Segurança Nacional), Edward Snowden, revelou que a agência espionou sem autorização milhares de pessoas e líderes de países parceiros dos Estados Unidos, inclusive o Brasil. Segundo ele, a NSA seria capaz de interceptar praticamente qualquer troca de informações no mundo. Com o auxílio de satélites e drones, os Estados Unidos conseguem também vigiar qualquer espaço a céu aberto no mundo.
Atualmente, há poucas ruas, casas, lojas e condomínios sem câmeras de segurança gravando as movimentações 100% do tempo. A paranoia com a vigilância é tanta que o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, e o diretor do FBI, James Comey Jr., tampam com fita adesiva as webcams de seus notebooks.
Com tanta vigilância, é fácil comparar o mundo atual com o de George Orwell em "1984". O livro descreve pequenos helicópteros (drones) que filmam dentro das casas das pessoas, além de microfones secretos escondidos nas ruas e, claro, as teletelas.
No livro, as teletelas são descritas como "placas metálicas retangulares com um espelho fosco embutidas nas paredes". É impossível deixá-las no mudo, embora seja possível abaixar o volume. A programação basicamente é feita de notícias oficiais exaltando os feitos do governo. Elas também são equipadas com câmeras que transmitem imagens em tempo real para a Polícia do Pensamento.
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