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Jay-Z e Kanye West: 8 anos de Watch The Throne

Ronald Rios

15/08/2019 17h59

Rapaz, eu tinha (muito) menos cabelos brancos quando Jay-Z e Kanye West se juntaram para a sessão de rap extravaganza que seria essa joia fonográfica conhecida por nós mortais Watch The Throne.

 

Tomou o Hip Hop pelos ouvidos. As rádios pop. O mundo fashion. As galerias de arte. Não houve um buraco cultural onde esse disco não tenha penetrado.

Tudo grandioso para caramba na produção, às vezes o projeto parecia um disco do Kanye West com featuring do Jay-Z em todas as faixas. E tudo bem pra mim – porque o Jay-Z atacou todas com a fome de novato mas a experiência do veterano superstar que ele já era há muito tempo.

E não é que o Kanye West tenha feito feio na frente do Jay. Pelo contrário, aguentar um CD inteiro do lado de um MC Top 5 (se Jay-Z não está no seu, não devemos nem sentar na mesma mesa pra conversar) não é tarefa fácil e o Kanye segurou muito bem a onda, inclusive batendo J em uma ou outra faixa – foi um esforço louvável de Yeezy como produtor e MC.

Era outra era. As redes sociais estavam crescendo ainda, não eram tema de debate sobre MCs, que nem participavam ativamente delas. Nem todos pelo menos, que nem hoje. Nem se imaginava um presidente como Donald Trump – ele ainda era sinônimo de status de sucesso em letras de rap dessa época.

E principalmente: Jay e Ye estavam juntos. Entre picuinhas e indiretas, eles eram os irmãos inseparáveis prontos pra fazer a música do novo milênio. Hoje são irmãos distantes, desde 2016 – ano da eleição presidencial americana, onde Jay foi um influente advogado de H. Clinton e Kanye encontrou em Trump um amigo para ele se tornar, meio que orgulhosamente, de vez o personagem mais detestado da música -eles não fizeram nada fora trocar insultos cada vez mais pesados. Em defesa do Jay, normalmente Kanye é quem lavava a roupa em público. Em defesa do Kanye, existe o burburinho que Jay-Z vinha se cansando da sequência de trapalhadas de Kanye e começou a dar o famoso ghosting no irmão mais novo

Eu não preciso de um Watch The Throne 2. Eu preciso colocar minha cópia do primeiro pra rodar pela semana toda e aproveitar que em algum momento dos dois maiores GÊNIOS da nossa música favorita estiveram juntos criando uma obra que envelheceu bem como vinho – ou jogos de Super Nintendo.

Sobre o autor

Ronald Rios é roteirista, comediante e documentarista. Apresentou o "Badalhoca MTV" de 2008 a 2011 na MTV Brasil. Na Band fazia o quadro "Documento da Semana" dentro do programa CQC, num formato de pequenos docs sobre pautas atuais na sociedade brasileira. Escreveu para o Yahoo, UOL, VICE, Estadão, Playboy, Red Bull e Billboard. Em 2016 fez a série de documentários "Histórias do Rap Nacional" para a TV Gazeta. Ronald também apresentou de 2010 a 2012 o programa "Oráculo" na Jovem Pan FM e foi roteirista do Multishow de 2009 a 2011, pela produtos 2 MLQS, onde rodou o programa de TV Brazilians, eleito um dos 5 melhores pilotos de TV nacionais de 2011 pelo Festival de Pitching de TV da operadora Oi. Em 2017 e 2018 rodou pequenos docs, podcasts e campanhas multimídia para o artista Emicida na gravadora Laboratório Fantasma.

Sobre o blog

Rap Cru é o blog do roteirista e documentarista Ronald Rios sobre Hip Hop. Brasileiro, americano, britânico, latino… o que tiver beats e rimas, DJs, grafiteiros e b-boys e b-girls, tem nossa presença lá.

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