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Agora pastor, Catalau reencontra Golpe de Estado para gravar CD ao vivo

Catalau durante culto na Bola de Neve e na época que era vocalista do Golpe de Estado - Montagem UOL
Catalau durante culto na Bola de Neve e na época que era vocalista do Golpe de Estado Imagem: Montagem UOL

09/06/2017 04h00

Uma das mais importantes bandas do hard rock brasileiro dos anos 1980 e 1990, o Golpe de Estado celebrará 30 anos de carreira com a gravação de um CD ao vivo neste sábado (10), no Clash Club, em São Paulo. Os fãs do carismático vocalista Catalau terão a chance de vê-lo no palco cantando sucessos que marcaram três décadas de banda.

Convertido há 20 anos, desde que pediu o chapéu por problemas com álcool e drogas em 1997, o agora pastor Catalau não cantará músicas contrárias à sua fé. "Como sou pastor, tenho que cuidar das palavras que digo", explicou em entrevista por telefone ao UOL, falando de sua casa em Boiçucanga, litoral norte de São Paulo, onde vive há 16 anos.

Catalau também falou sobre a vida que leva atualmente e a rotina como pastor da igreja evangélica Bola de Neve.

Internações

"Perdi outros dois irmãos por causa de vício. Depois de umas 14 internações, cheguei na clínica evangélica Novo Amanhecer, em Cotia, que tinha também uma parte do desenvolvimento espiritual. Para você conseguir deixar um vício, 80% da busca é espiritual. Estou há 18 anos sem consumir drogas. No início, até fumava um 'beckzinho' [cigarro de maconha], mas hoje não como nem bombom com licor."

Rotina na Bola de Neve

"A minha missão é cuidar dos outros e segurar os B.Os. Para isso, é preciso conhecer a Bíblia. Estudar tudo que Jesus falou para ter uma direção. Religião pode jogar fora, mas o 'cara' [Jesus] é demais. Religião é sinistra, mas Jesus Cristo falou tudo. O que justifica minha missão na Terra é estar junto dessa galera [fiéis]. Muitas vezes, não estou legal, e essa galera que está na fé me ajuda. Temos muito amor. O movimento hippie já pregava isso: a paz e o amor."

"Faço os cultos às quartas, sábados e domingos, às 20h, na Bola de Neve de Boiçucanga. Ajudo a supervisionar as igrejas em Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião, que também ajudei a fundar. Embarco no dia 11 de junho para Europa para supervisionar os missionários que estão por lá. Ficarei por 20 dias."

Golpe de Estado

"Lembro de vários momentos inesquecíveis da banda como abrir para o Deep Purple no Olímpia e para o Jethro Tull no Ibirapuera, em 1988. Agora não bate mais com a minha. Algumas músicas são contrárias à minha fé. Como sou pastor, tenho que cuidar do que falo para as pessoas. Estou convertido há 20 anos e minha cura vem deles [fiéis]."

"Sobre alterar a letra de 'Noite de Balada' e transformá-la em 'Noite Abençoada', eu mexi no começo da conversão porque queria salvar o mundo. Queria fazer tudo para ajudar as pessoas. Essa mudança na vida dá uma pilhada. Ninguém erra sem tentar, mas depois você vê que são tentativas falhas."

Amizade com o surfista Gabriel Medina

"Quem conheço muito bem é a mãe dele, porque é missionária com a gente. Ela tem uma fé cristã muito grande, mas ele, por causa do esporte, está cada hora em um lugar. Então, ele não frequenta a igreja. O que a gente faz é dar um suporte para ele ficar tranquilo, mas ele mais observa do que participa. E a gente também não tem compromisso de doutrinar ninguém."

O que gosta de ouvir e fazer

"Gosto de ouvir P.O.D. É uma banda irada. Gosto também do Bob McFerrin e da fase gospel do Elvis. Estou na praia do blues para meu próximo trabalho, mas ainda sem previsão de lançamento. Não componho nenhuma música inteira. Acho que a única que fiz inteira foi 'Caso Sério'. No esporte, estou apaixonado há um ano pelo muay thai. Além do surfe, tenho me dedicado à luta. Quero envelhecer bem."

Serviço
Gravação do CD ao vivo do Golpe de Estado
Quando: 10 de junho - sábado, às 19h
Onde: Clash Club - Rua Barra Funda, 969 - São Paulo - SP
Inf: http://www.clubedoingresso.com