Topo

"Crise? Que crise?!" Cantores dizem que situação do país não afetou cachês

Do UOL, no Rio

02/09/2015 16h01

Com o país oficialmente em recessão, o dólar batendo os R$ 3,70 e o desemprego passando de 8%, a crise que já afeta diversos setores da economia brasileira parece não ter chegado ao meio musical. Ao menos não para estrelas como Paula Fernandes, Valesca Popozuda e MC Guimê, segundo os quais o rtimo de shows continua o mesmo e os cachês, com nenhum centavo a menos. “Para mim não diminuiu nada. Graças a Deus, eu continuo trabalhando muito, [faço shows] quase todos os dias, às vezes dois por noite. O meu cachê não diminuiu e ninguém me pede para baixar o valor", garante Valesca, a funkeira e ex-Gaiola das Popozudas que recentemente também caiu nas graças das elites.

Aproveitando a passagem dos artistas do Prêmio Multishow pelo tapete vermelho - que na verdade estava coberto de lama, graças à chuva desta terça (1) à noite, no Rio -, o UOL perguntou a alguns deles se a crise já chegou ao bolso deles e o que fazer para contorná-la. Se muitos ainda não sentiram o golpe - ou preferem não admitir -, artistas como Latino foram diretos:  "Está muito mal das pernas. A crise está 'braba'… Se eu diminuí o número de shows? Sim, eu e todo mundo. Quem fala que não está mentindo." Veja abaixo as respostas:

  • Graça Paes/Foto RioNews

    Paula Toller

    "O pessoal anda chorando muito, chorando muito no que diz respeito aos valores dos shows. Normal. É difícil porque eu viajo com uma equipe muito grande e eu tenho mais de 20 pessoas. E tudo complica porque tem também passagens aéreas, hospedagens, refeições. Mas, graças a Deus, eu tenho conseguido manter o número de shows porque tenho um nome no mercado,tenho uma estradinha por aí e um público. Tem que ralar muito, em todas as profissões."

  • Graça Paes/Foto RioNews

    Paula Fernandes

    "O Brasil inteiro sentiu, o comércio, em geral, sentiu a crise. Eu tenho muitos amigos, fora mesmo da área de música, e todos reclamam de uma queda.Graças a Deus, eu não tenho nada a reclamar e acho até que, em 2016, vamos ter uma reação. É preocupante, mas a gente não pode desanimar e temos que enfrentar essa crise. Não mexi no preço, mas diminuiu na quantidade, sim. Até porque acontecem menos eventos também na época de crise. Vou dizer que fazia 20 shows por mês e agora eu faço 12. Em março, eu não faço tantos shows. Janeiro e fevereiro eu tiro férias, mas junho e julho são dois meses intensos e até dezembro eu tenho agenda mais ou menos fechada."

  • AgNews

    Tato, da Falamansa

    "Eu não consigo enxergar a crise porque, como é um trabalho muito específico, muito segmentado e, quando precisam desse estilo musical, os empresários lembram do Falamansa. Nós fizemos nos últimos dois meses em média de 12 shows. No mesmo período no ano passado, fizemos oito, nove. No final do ano e no verão, caiu um pouco mais. Graças a Deus, a crise não pegou o Falamansa."

  • AgNews

    Bruno, do Sorriso Maroto

    "Mais ou menos. Essa crise é uma situação geral, né? A música continua sendo consumida e executada nas rádios, na televisão, nos shows e nas redes sociais. A crise financeira que assola o Brasil faz com que as pessoas fiquem mais controladas, evitam gastos maiores e, aí, as passam a sair menos, reduzem tudo relacionado ao lazer. O Sorriso anda conseguindo manter os seus shows lotados, com o mesmo preço, o mesmo número de shows por mês. A gente espera que continue assim até o final do ano."

  • Graça Paes/Foto RioNews

    Valesca Popozuda

    "Para mim não diminuiu nada. Graças a Deus, eu continuo trabalhando muito, [faço shows] quase todos os dias, às vezes dois por noite. Acho que uma média de 20 por mês. Claro que sei que a crise está aí, eu mesma ando dando uma controlada nos gastos porque não sei como vai ser o amanhã. O meu cachê não diminuiu e ninguém me pede para baixar o valor, até porque o show é o mesmo."

  • Graça Paes/Foto RioNews

    Latino

    "Está muito mal das pernas. A crise está 'braba'. Se eu diminuí o número de shows? Sim, eu e todo mundo. Quem fala que não, está mentindo. Todo mundo diminuiu em 20%, pelo menos. A gente está na luta, se adaptando aqui e ali e acreditando que a situação melhore. Como? Fazendo shows maiores, médios, menores e por aí vai."

  • Graça Paes/Foto RioNews

    Mr. Catra

    "Eu não tenho sentido muito a crise, não. Muito pelo contrário porque aumentou o número dos meus shows em 20%. Devo ser o artista da crise [risos]. Meus shows são baratos e dá lucro porque o negócio é só portaria. O contratante me contrata pela portaria. Continuo fazendo em média 30, 35 shows por mês."

  • Reinaldo Canato /UOL

    MC Guimê*

    Eu faço shows para todos os públicos, então não senti essa queda, não. Pelo contrário, conseguimos entrar em circuitos antes não atingidos pelo gênero funk, como rodeios, festas de empresas, casas noturnas de A a Z... [O cachê] Não diminuiu. O que fizemos foi reduzir a quantidade e levar mais qualidade. No início eram eu mais três pessoas na minha equipe, hoje temos 21 pessoas na equipe de rua e mais 15 pessoas fixas no escritório! Levamos cenário, iluminação, banda, efeitos que antes não eram possíveis nem pelo valor do cachê e muito menos pela quantidade de shows, que chegaram a ser de nove por noite, e hoje são no máximo dois... E a arrecadação ainda é maior do que se eu continuasse a fazer os nove por noite." * A entrevista com MC Guimê foi feita semanas antes, por e-mail.

  • Reinaldo Canato/UOL

    Henrique, da dupla Henrique e Diego

    "A gente conversa muito com os outros artistas e posso dizer que a crise pegou todos os ritmos. Do sertanejo, passando pelo pagode, chegando até o rock. Diminuíram os números de shows, os convites e as propostas, e isso é geral. Em todos os setores da sociedade. Todo mundo anda reclamando e é evidente que isso chegaria à música. Sentimos que o número de público fica menor nos espetáculos mais para o fim do mês. E isso é normal: ninguém vai deixar de comer, pagar uma conta para ir a um show... Nós sentimos e corremos para todos os lados, tentamos fazer em mais casas de shows e adaptando os espetáculos também. Um show maior pode ser menos grandioso em outra cidade. Temos que ter jogo de cintura."

  • Site oficial Marcos e Belutti

    Marcos, da dupla Marcos e Belutti

    A crise atrapalha todo o Brasil. O mercado musical é um mercado de entretenimento e é algo 'supérfluo' - com muitas aspas [risos]. As pessoas necessitam comprar comida, pagar as contas e a música não é aquela coisa em que você tenha obrigação de investir o seu dinheiro. Lógico que o mercado sentiu, deu uma boa diminuída e quem fala que não está mentindo. Estamos sentindo em tudo: número de shows, público, propostas e pedidos de descontos, tudo. A gente fazia uma média de 15 a 20, estamos fazendo de 10 a 15 e já estamos notando que isso vai cair no próximo mês. Em grandes festas, os cachês são maiores e eventos em casas de shows são menores e a gente vai se adaptando à realidade."