Cat Stevens volta aos palcos sem abrir mão do nome Yussuf Islam
O astro do pop-folk Cat Stevens se converteu ao islamismo em 1977, mudou o nome para Yussuf Islam e desapareceu dos palcos, mas agora ele retorna com uma turnê mundial e um novo álbum.
Polêmico para alguns, incompreendido para outros, o cantor se apresentou esta semana em Londres, sua cidade natal, em dois shows elogiados pela crítica e que permitiram comprovar que sua voz, mescla de potência e doçura, continua extraordinária.
"É bom estar de novo em turnê. Sou um homem feliz", disse à AFP.
Nas próximas semanas, Yussuf Islam vai se apresentar na Bélgica, Itália, Áustria, Alemanha e França.
No set-list, parte do show é dedicado ao novo álbum, "Tell'Em I'm Gone", um trabalho com uma sonoridade de blues, mas o cantor não esquece os sucessos antigos, como "Wild World," "Moonshadow" e "Peace Train".
"Quero deixar as pessoas satisfeitas e, além disso, lembrar a todos que fui eu, e não Rod Stewart, que compus a canção 'The First cut is the Deepest'", disse.
Depois da Europa, o artista viajará aos Estados Unidos, onde seu nome chegou a estar na lista de pessoas proibidas de viajar de avião após os atentados de 11 de setembro de 2001.
"Agora me sinto bem-vindo. Tudo vai ficar bem", afirma, antes de murmurar "espero".
Desde sua conversão ao islã em 1977, Cat Stevens entrou na categoria dos artistas que são comentados por algo além de seu talento. Por isto, ele não esconde a forte desconfiança da imprensa.
"Nossa relação está no fio da navalha. A imprensa sempre busca grandes manchetes. Não posso confiar em ninguém".
O episódio mais polêmico de seu afastamento da música foi o apoio que deu em 1989 à fatwa, decreto religioso muçulmano, que pedia morte do escritor britânico Salman Rushdie por sua obra "Versos satânicos". Alguns anos depois, o cantor admitiu que a atitude havia sido uma "estupidez" de "péssimo gosto" de sua parte.
"Editing Floor Blues", uma canção autobiográfica de seu último disco, menciona o episódio. Mas quando questionado a respeito, ele corta o entrevistador: "Este é exatamente o tipo de perguntas que quero evitar".
Aos 66 anos, Yusuf ainda mantém a preocupação com a aparência e impede o cinegrafista da AFP de filmar seu pior lado. Mas, ao mesmo tempo, é amável e carinhoso.
O casaco e os óculos escuros recordam uma estrela do rock, enquanto a barba branca dá um toque espiritual.
Sua identidade passou por várias mudanças, já que nasceu Steven Demetre Georgiou, filho de um grego e uma sueca. E agora tem dois nomes.
Em seu site, nos locais de shows e nas camisas vendidas, Yussuf e Cat Stevens aparecem de maneira igual.
"Evoluí com o tempo, mas o espírito é o mesmo. Os que vêm para assistir Cat Stevens e os que vêm por Yussuf são igualmente bem-vindos".
"Uma parte da comunidade muçulmana me criticou por voltar a tocar guitarra. Eu escrevi um livro para explicar que a música faz parte da civilização muçulmana e que temos que recuperar este contato, esta visão da vida".
Nascido em Londres, residente em Dubai, o artista se descreve como "um espelho para o mundo ocidental e o muçulmano".
"Um único espelho, visto de dois ângulos levemente diferentes".
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