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Programa de televisão que marcou retorno de Elvis Presley completa 40 anos

13/08/2008 16h51

JOHN GEROME
em Nashville


Quando Elvis Presley fez seu especial de TV em 1968, ele vinha de uma série de filmes desprezíveis e uma longa ausência nas paradas de sucessos. E o rock que ele ajudou a criar estava nas mãos dos Beatles e Jimi Hendrix.

Era uma época difícil para um retorno, mas Presley, em forma, bronzeado e vestido com couro preto, fez uma das melhores apresentações de sua vida.

"Pode-se dizer que foi o ponto alto da carreira dele", afirmou Alan Stoker, historiador do Hall da Fama da Música Country, da qual Elvis faz parte desde 1998.

O 40º aniversário do que é conhecido entre os seguidores do cantor como "O Especial de 68" ganha destaque à medida que os fãs se dirigem a Memphis nesta semana para homenagear Elvis no aniversário de sua morte, em 16 de agosto de 1977.

A mansão Graceland, onde Elvis viveu, inaugurou uma exposição dedicada ao programa de TV, e o produtor e diretor do especial, Steve Binder, acaba de publicar o livro "68 at 40: Retrospective" (68 aos 40: Retrospectiva, em tradução livre).

"Elvis disse que tinha receio de fazer televisão porque, tirando a exposição conseguida com o (programa) 'Ed Sullivan', televisão sempre foi um fiasco para ele", afirmou Binder em entrevista. "Ele disse: 'Televisão não é meu negócio, não me sinto confortável em um estúdio de TV'. Eu disse: 'Por que você não faz um disco e eu vou colocar imagens nisto'".

A idéia original do empresário do cantor, Colonel Tom Parker, era que Elvis apresentasse um especial com canções natalinas.

Mas Binder queria que Presley cantasse suas próprias músicas sozinho, em vez de ter convidados --algo diferente dos programas de Natal da época.

Ao final, venceu a idéia de uma apresentação descompromissada, sem roteiro, em frente a uma platéia pequena, em vez de uma grande produção.

"Nós começávamos a filmar entre 9h e 10 e seguíamos até terminarmos, então Elvis ia para seu camarim e convidava amigos para tocar até a manhã seguinte", Binder lembrou. "Eu estava impressionado com toda aquela energia, entusiasmo e diversão após um longo dia de trabalho. Pensei que aquilo era melhor do que estávamos fazendo no palco."

Steve Binder convenceu Parker a recriarem o ambiente dos bastidores para as câmeras. Para deixar Elvis à vontade, já que não fazia shows há sete anos, Binder reuniu antigos companheiros do cantor, entre eles o guitarrista Scotty Moore e o baterista D.J. Fontana.

"Não havia absolutamente nada planejado", disse Moore. Ele (Elvis), não sabia o que ia fazer. Eu sabia que ele iria cantar algumas canções antigas, mas era só isso."

Apenas uma parte da gravação foi exibida no programa de TV (a versão completa foi lançada posteriormente pela RCA), mas foi um sucesso. Aos 33, Elvis estava em forma, contando histórias e fazendo piadas com os músicos.

Elvis parecia nervoso no começo. "Esta deve ser a parte informal do programa na qual nós desmaiamos ou fazemos qualquer outra coisa, especialmente eu," brincou antes da primeira canção, "That's All Right".

Mas em "Blue Suede Shoes" ele já estava no controle da situação e trocou o violão pela guitarra de Moore.

Para Presley, o programa marcou o começo de uma era de ouro que incluiu os sucessos "Suspicious Minds", "In The Ghetto" e "Kentucky Rain", além de uma série de bem-sucedidos shows em Las Vegas e o especial de TV de janeiro de 1973 "Aloha From Hawaii".

Em meados dos anos 70, Presley havia se tornado uma caricatura de si mesmo. Mas naquela noite de 1968, ela era um homem tentando se reestabelecer.

Para Binder, o sucesso do programa de TV pode ser creditado a "honestidade". "Ele não estava sendo controlado, não estava seguindo um roteiro. Foi poderoso e acho que ele mostrou quem realmente era."