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Documentário sobre o Doors tem narração de Johnny Depp e cenas inéditas de Jim Morrison

John Densmore (esq), Robbie Krieger, Ray Manzarek e Jim Morrison, da banda The Doors - AP Photo/File
John Densmore (esq), Robbie Krieger, Ray Manzarek e Jim Morrison, da banda The Doors Imagem: AP Photo/File

07/04/2010 15h51

A história do Doors sempre foi estranha. Agora, um documentário joga luz nova sobre o lendário grupo de rock.

Narrado por Johnny Depp, "When You're Strange: A Film About The Doors" estreia de forma limitada neste fim de semana nos Estados Unidos e mostra imagens inéditas, incluindo do cantor Jim Morrison em um filme experimental chamado "HWY (Highway)".

Morrison, que morreu em 1971, o guitarrista Robby Krieger, o tecladista Ray Manzarek e o baterista John Densmore lançaram seis discos de estúdio em apenas 54 meses entre o final dos anos 60 e início dos 70. Quatro décadas depois de terem tocados juntos pela última vez, o grupo continua a vender mais de um milhão de discos por ano.

Manzarek, que conheceu Morrison enquanto frequentava a Universidade da Califórnia, já lançou diversos livros e discos solo. Krieger, que compôs o sucesso "Light my Fire" quando tinha 18 anos, está escrevendo uma autobiografia e vai lançar um disco ainda este ano. Densmore é um autor de sucesso e vai lançar mais um livro neste ano.

Densmore, Krieger, Manzarek e o diretor do filme Tom DiCillo responderam a algumas perguntam recentemente durante entrevista em Los Angeles. Apesar de Densmore e DiCillo estarem em salas separadas de Krieger e Manzarek, todos respoderam às mesmas questões.

Pergunta: Como vocês se sentiram quando viram "When You're Strange"?
Ray Manzarek: Primeiro foi uma experiência triste. Meu coração ficou pesado e alegre ao mesmo tempo ao nos ver todos jovens, como um bando de crianças. Foi realmente bom.

Robby Krieger: Nostálgico. O que eu vi foi como nós éramos bons. Fiquei maravilhado em ver como tocávamos bem. Quando você toca, pensa "ok, estamos só tocando. somos muito bons. somos tão bons quanto os Beatles, não somos?". Mas, olhando em retrospecto, você fica com medo de ver que não era tão bom assim e que talvez seja embaraçoso ver aquilo novamente.

John Densmore: Eu conhecia todo o material, mas fiquei muito feliz ao ver que DiCillo encontrou uma narrativa para reunir tudo. E que ele tenha colocado Johnny Depp para que você possa ter uma experiência melhor com a banda, em vez de me ver falando sobre isso. Como estou fazendo agora.

Pergunta: O que vocês pensaram quando ouviram Johnny Depp ler os poemas de Jim Morrison no filme pela primeira vez?
Densmore: Gostei muito do jeito respeitoso, tímido e nada egocêntrico que ele (Depp) leu. Ele entendeu tudo, é um ícone e entende Jim.

Krieger: Ele tem uma voz ótima e parece se importar de verdade com o que está dizendo. Funcionou perfeitamente com o filme. Tentamos com alguns outros caras antes de Johnny Depp, mas não funcionou. Fiquei sabendo depois que ele é um grande fã do Doors. É por isso que ele trabalhou tão bem.

Manzarek: Eu achei excelente. Ele fez um trabalho brilhante. Achei a voz dele sutil e dinâmica ao mesmo tempo. Ele contou a história de uma forma muito bonita.

Pergunta: O filme tem cenas de "HWY (Highway)". O que vocês pensam quando olham essas imagens hoje em dia?
Manzarek: Ele está vivo. Jim está vivo novamente. É como se ele não tivesse ido embora, é fabuloso. Lá está ele, bem na tela.

DiCillo: Tivemos um problema, pois as pessoas se recusavam a acreditar que era Morrison. Quando vi aquelas imagens, não imaginei nem por um segundo que as pessoas teria esse tipo de reação, que diriam "não é ele". Eu pensei que aconteceria exatamente o contrário. A filmagem foi feita em negativo de 35 milímetros em 1969.

Densmore: Alguém se irritou no festival de Sundance, um jornalista se enfureceu nos primeiros minutos. Gostei daquilo. Você faz com que eles percebam que aquilo é a verdade. Mesmo com a barba, ele (Morrison) é muito carismatico. As pessoam acham que estamos fazendo um reality show.

Krieger: Espero que as pessoas não pensem que é um ator interpretando Jim Morrison. É tão bom que parece novo. É provavelmente isso que vão pensar, mas no final vão perceber que é Jim mesmo. Eu gostaria que Jim tivesse terminado aquele filme. Eles fizeram apenas uns 10 minutos. Teria sido um grande filme.