Topo

The National ganha as atenções com 5º disco lançado e diz que é um "finalmente" na carreira de dez anos

Matt Berninger durante show da banda The National no Virgin Mobile FreeFest, em Columbia (30/08/2009) - Getty Images
Matt Berninger durante show da banda The National no Virgin Mobile FreeFest, em Columbia (30/08/2009) Imagem: Getty Images

JAKE COYLE

De Nova York

12/05/2010 09h00

Matt Berninger, o vocalista de voz barítono da banda The National, está sentado em um restaurante no Brooklyn, em Nova York, contando sobre a emoção que a banda sentiu quando seu quinto álbum, "High Violet", estava prestes a ser concluído. Foi algo como uma vitória digna de espalmar as mãos, no gesto que os americanos chamam de "high-five", conta Berninger. O guitarrista Bryce Dessner, sorrindo ao lado dele, esclarece rapidamente: "Nós nunca faríamos o 'high-five'".

O National nunca foi conhecido por ostentar exuberâncias. Em vez disso, nos cerca de dez anos em que estão juntos, a banda vem construindo uma sequência de baladas românticas pontuadas por hinos de rock catártico. Uma canção típica do National é suada, pensada e calculada: uma bola de tensão que se solta nos murmúrios de Berninger e nos pratos do baterista Bryan Devendorf.

The National - "Secret Meeting" (ao vivo)

No recém-lançado "High Violet", Bryce e seu irmão gêmeo, Aaron --ambos guitarristas de formação clássica-- trocaram suas dedilhadas precisas de antes por um som atmosférico. O resultado não é radicalmente diferente dos álbuns anteriores do National, mas o disco cresce com ambição, depois de ter sido trabalhado intensamente ao longo de mais de um ano no estúdio da banda em Ditmas Park, no Brooklyn, onde vive a maior parte dos integrantes.

Logo no início da composição do álbum, Berninger conta, eles decidiram se entregar totalmente à isso. "A gente sabe que, ao estar em uma banda, você tem um raro e curto período de tempo para fazer qualquer coisa", diz o vocalista, que no dia da entrevista tinha a palavra "bike" escrito na palma da sua mão --um lembrete para pegar uma bicicleta recentemente equipada com um assento para o filho dele.

"A menos que você esteja em uma grande banda --como U2, Radiohead e R.E.M.--, somente alguns podem sobreviver [na música] e fazer dez discos", acrescenta o cantor. "Queremos estar lá [entre as grandes bandas] e nós sabemos também o quanto isso tudo pode ir embora facilmente", pondera.

Uma dessas grandes bandas recebeu eles em seus shows. O National abriu para o R.E.M. na turnê de 2008 e, daí em diante, o vocalista Michael Stipe tem falado sobre seu amor pelo grupo, desde que descobriu suas músicas no "La Blogotheque", um site que exibe vídeos de bandas tocando em ambientes incomuns.

Bryce recorda o que Stipe disse a eles uma vez: "Escreva uma canção pop" --uma mensagem que ele diz que levou "só um pouquinho" a sério, parte pela confusão sobre como criar "algo assim". "De certa forma, vê-los uma série de vezes nos deu confiança para ir em frente e gravar um disco forte", diz Berninger. "Não fique constrangido pela sinceridade, não se envergonhe da tristeza ou das cordas épicas... não se preocupe em ser legal", acrescenta.

O disco mais difícil
Os cinco integrantes do National, que também inclui o baixista Scott Devendorf (irmão de Bryan), são todos de Cincinnati, mas começaram a tocar no Brooklyn. Inicialmente era apenas um passatempo, mas Berninger lembra da transformação deste hobby em algo obsessivo, que eles começaram a "perseguir como sendo mais importante do que qualquer outra coisa. Foi uma perseguição longa e lenta", acrescenta.

The National - "Start A War" (ao vivo em SP)

Depois de dois álbuns lançados por conta própria, a banda começou a se encontrar. Eles abandonaram quaisquer influências do alt-country e Berninger achou seu limite como cantor. O EP "Cherry Tree", de 2004, saiu pela Beggars Banquet Records. Foi o ponto que os levou à revelação ao mundo em 2005, com o disco "Alligator", que vendeu 77 mil cópias --de acordo com a Nielsen SoundScan-- e foi parar nas listas de top 10 de críticos e revistas. O disco seguinte, "Boxer", saiu em 2007 e vendeu 183 mil cópias.

A banda tem atribuído seu crescimento a partir de um sussurro, que foram os álbuns anteriores. O barulho ficou substancialmente mais alto com "High Violet", lançado este mês. Eles tiveram um pré-lançamento no site da revista do "New York Times" e o documentarista D.A. Pennebaker começou a acompanhá-los. A imprensa recebeu o novo National com ótimas críticas.

"Com este álbum parece que é a primeira vez que dão muita atenção para nós. 'Boxer' chamou alguma atenção, mas desta vez parece que é muito mais. É uma sensação boa. Nós sentimos isso tudo como um 'finalmente' na nossa carreira", diz Berninger. Foi a pressão interna, no entanto, que fez "High Violet" o registro "mais difícil", de acordo com Bryce.

São sutis as diferenças que fazem as canções do National se destacarem entre si. A majestosa faixa que fecha o álbum, "Vanderlyle Crybaby Geeks", é executada lentamente em cordas, semelhante às trompas usadas em "Runaway". A faixa "Lemonworld" passou por inúmeras revisões antes de eles voltaram para a versão original, depois de tudo.

A banda --cujos integrantes têm em média 30 anos-- já está na estrada com a turnê de "High Violet". Eles vão tocar no grandioso Royal Albert Hall em Londres, e em junho passam pelo Radio City Musical Hall, em Nova York, já com ingressos esgotados. Nos shows, o National abre uma janela para mostrar toda sua intensidade. Enquanto a banda executa as músicas com competência, Berninger canta de olhos fechados, segurando o microfone com as duas mãos.

Músicas como "Mr. November", uma das preferidas do público, promovem uma libertação. Bryce diz que essa é a "melhor bagunça": "muita coisa acontece na música, incluindo Matt se jogando no palco", conta. "Meu mecanismo de defesa contra a timidez e a ansiedade de estar na frente de um bando de estranhos é esquecer isso e pensar sobre as músicas e como me perco nas canções", diz Berninger. "O vinho sempre me ajuda também".