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Em biografia do Joy Division, Peter Hook relembra com honestidade dolorosa história de Ian Curtis

Os integrantes da banda Joy Division em foto de divulgação - Kevin Cummins/Divulgação
Os integrantes da banda Joy Division em foto de divulgação Imagem: Kevin Cummins/Divulgação

05/02/2013 11h47

 

A carreira do joy Division se estende por apenas três anos de shows e um total avassalador de dois álbuns de estúdio. Ainda assim, nesse intervalo de tempo limitado, os quatro jovens de 20 e poucos anos da Grã-Bretanha industrial ajudaram a mudar a paisagem do rock pós-punk, exercendo influência não só em seus contemporâneos, como U2 e The Cure, mas também desempenhando um papel no estímulo ao movimento de rock alternativo pós anos 80.

A banda ficou conhecida por seu som sombrio, minimalista e as introspectivas letras poéticas de seu enigmático vocalista, Ian Curtis, que cometeu suicídio em maio de 1980, pouco antes de o Joy Division embarcar em sua primeira turnê nos EUA, e dois meses à frente do lançamento de seu segundo e último álbum de estúdio, "Closer".

Os três integrantes restantes do grupo --o guitarrista Bernard Sumner, o baterista Stephen Morris e o baixista Peter Hook-- continuaram como New Order, que obteve maior sucesso graças a hits de influência eletrônica como "True Faith", "Blue Monday" e "Bizarre Love Triangle".

Mesmo que o trio tenha encontrado sucesso sem Curtis, no entanto, nunca sua memória ficou longe deles. E, agora, três décadas depois, Hook veio à público com suas lembranças desse período tumultuado.

Sim, o livro "Unknown Pleasures: Joy Division Inside" oferece uma história detalhada da banda, incluindo a sua formação, os membros e as lutas iniciais --quase tudo o que você encontraria em qualquer biografia musical.

Mas o que define as memórias de Hook é a sua honestidade dolorosa e foco bem posicionado em Curtis, que é, sem dúvida, a estrela do show (e do livro). "Nós éramos indivíduos --eu, Steve e Bernard", Hook escreve. "A cola que nos mantinha juntos, a força motriz da banda, era Ian".

Pode parecer estranho ler que o sucesso de crítica e público dos rapazes veio após a morte de Curtis, mas as páginas de "Unknown Pleasures" estão repletas --em doses iguais-- de reverência por ele e pesar sobre o que poderia ter sido feito para evitar a sua morte.

Ler o livro de Hook é como assistir a "Titanic" de James Cameron. Todo mundo sabe que o navio está indo para baixo. Chegar a esse ponto é que é tão emocionante. "Este livro é tanto sobre ele como é sobre mim", escreve Hook sobre Curtis, que lutou por uma reviravolta médica, financeira e romântica durante toda a vida do Joy Division.

As passagens que detalham a batalha do cantor contra a epilepsia --os companheiros de banda de Curtis em várias ocasiões deixaram cair os seus instrumentos e correram em seu auxílio quando ele sofreu uma convulsão no meio de um show-- são particularmente agitadas.

O livro, que leva o título do álbum de estreia do Joy Division de 1979, é uma leitura agradável, mas as razões estão longe de ser desconhecidas.

Para os puristas do Joy Division, Hook não se faz de rogado. As páginas abundam com histórias de sexo, drogas e rock and roll, na linguagem e estilo simples e direto, se não grosseira, do autor.

"Unknown Pleasures" trabalha em um nível completamente diferente, no entanto. Na sua essência, o livro é mais um estudo de caráter do que biografia da banda. E para isso, o prazer é todo nosso.