Conheça Buraka Som Sistema, a ponte entre Luanda e Jean-Claude Van Damme
Ao longo das próximas duas semanas, a BBC Brasil apresentará novos artistas da cena musical de Lisboa. O jornalista Rodrigo Pinto foi à capital portuguesa para investigar por que há tanto interesse internacional na música produzida na cidade.
Os artistas destacados ajudaram a renovar e atrair atenção para gêneros como fado, kuduro e até rock’n roll.
O músico e produtor Branko, um dos fundadores do Buraka Som Sistema, cresceu nos subúrbios de Lisboa, cercado por angolanos, cabo-verdianos e brasileiros: uma mistura cultural que o fez "abrir a mente" para quizomba, funaná e outros gêneros.
"Eu ouvia kuduro nos carros, nas ruas", lembra ele. O kuduro é um ritmo criado em Luanda, Angola, no início dos anos 90, nascido das trocas culturais entre Lisboa e Angola, contou Branko à BBC Brasil.
"Produtores angolanos, influenciados pela cena rave na Europa, criaram um gênero totalmente novo, que inicialmente era chamado batida e, depois, com vozes e outras mudanças, foi chamado de kuduro", explicou.
"O termo vem de uma cena do filme 'Kickboxer', de Jean-Claude Van Damme, quando ele coloca uma moeda em um jukebox e dança meio duro. E o Tony Amado (conhecido como Rei do Kuduro) viu essa cena e fez uma música chamada Kuduro, termo que acabou denominando o gênero."
No início dos anos 2000, Branko organizou uma festa com aqueles que viriam a ser seus companheiros de banda. A ideia era recriar temas de kuduro angolano com novas estruturas e mixagens. Em pouco tempo, a residência no Club Mercado virou febre e deu início à banda, em 2006.
No mês passado, o jornal The New York Times publicou um longo texto no qual dizia que o Buraka "revela o caldeirão étnico de Lisboa". "É o pós-colonialismo dançante", definiu a correspondente do jornal Rachel Donadio.
O que o NYT descobriu, porém, já estava claro para os lisboetas. "A cena de Lisboa está cada vez mais rica. Muitas pessoas perceberam que é importante ouvir o background musical e fazer alguma coisa que tenha a ver com isso, que é o que faz diferença", diz Branko.
"Não apenas lançar ao mundo uma música que soe com o que já vinha feito em Londres ou outro lugar."
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