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Terra do canto, capital da Estônia será um dos pólos culturais da Europa em 2011

Bernd Riegert

04/01/2011 18h42

Após o projeto gigantesco que cotemplou a região do Vale do Ruhr, na Alemanha, como capital cultura europeia em 2010, a escolha de Talin, na Estônia, parece uma ideia modesta, embora não menos ambiciosa. A ideia é fazer com que a cidade "se aproxime do mar", anunciam os organizadores.
 
Há  mais de mil anos navios e balsas levam visitantes à portuária Talin, localizada no Mar Báltico. Tanto as influências culturais quanto os conquistadores chegaram por via marítima, brincam os estônios. Os últimos a tomarem a cidade foram os soviéticos. "Durante o tempo de ocupação soviética, o centro da cidade foi separado do mar, porque ali era uma região militar e industrial, cujo acesso público não era permitido", conta Maris Hellrand, da Fundação Talin 2011. "Quermos mudar isso agora e abrir essa área para a cultura", diz ela.
 
Hellrand, que organiza o projeto Capital Cultural na cidade, pretende contar histórias relacionadas ao Mar Báltico em projetos de cooperação com artistas da Estônia e de toda a Europa. Entre os portos onde ancoram as balsas deverá ser criado um "quilômetro cultural" e fundado um Museu Marítimo, a ser inaugurado somente em meados deste ano, nas antigas instalações de um hangar soviético. 
 
Sob três grandes cúpulas de concreto serão exibidos tesouros encontrados no mar, entre estes o único submarino fabricado na Estônia. Antigos contêineres serão restaurados por artistas que trabalham com graffitti.
 
E vai haver também muito canto, pois a Estônia é a terra dos coros, diz Aarne Saluveer, presidente da Associação Estoniana de Coros. "Os estonianos contam sua vida e suas histórias cantando. Essa é nossa tradição oral. Até hoje preservamos assim nossa história", explica Saluveer.


Revolução através do canto
Um dos pontos altos do projeto Capital Cultural será um Festival de Canto da Juventude, agendado para o início de julho próximo, no qual 25 mil jovens irão formar um coro gigantesco. É interessante lembrar que, no fim dos anos 1980, os estonianos protestaram contra a ocupação soviética do país. E fizeram isso cantando.

Uma nova consciência nacional surgiu a partir do canto de milhares de pessoas, através de uma revolução pacífica, recorda Saluveer. "Não lutamos nas ruas e derramamos sangue, mas expressamos cantando nosso anseio pela liberdade. Por isso o canto é tão importante. Sem sangue."

O festival será uma oportunidade para "as pessoas que não conhecem a Estônia nem a cultura do país olharem para a alma dos estônios durante este fim de semana. Para ver o que somos e porque somos assim", diz Hellrand. O evento irá reunir aproximadamente 250 projetos ligados a histórias que têm ligação com o mar, embora o significado de "marítimo" neste contexto seja bastante amplo.


Revisão: Francis França