Após saída de Adriano Cintra, CSS volta mais eletrônico e californiano
Parece que foi ontem, mas o grupo paulistano Cansei de Ser Sexy, ou CSS, como são conhecidos no exterior, está completando uma década. Um momento de balanço e reflexão para uma banda que começou como uma brincadeira e chegou onde nenhuma outra banda independente brasileira havia chegado.
O disco de estreia, lançado internacionalmente em 2006, transformou o Cansei de Ser Sexy na banda do momento. Em 2007, eles romperam com o então empresário e terminaram o ano cheios de dívidas. O resultado foi o disco “Donkey”, feito na estrada, que mostrava um rock mais raivoso e cheio de energia.
A banda voltou para São Paulo e passou meses trabalhando em seu terceiro disco, “La Liberación”, lançado em 2011. No final do mesmo ano, o baixista e produtor Adriano Cintra saiu da banda de maneira conturbada, deixando o futuro do CSS incerto.
Hoje, como um quarteto integrado apenas por mulheres, a banda lança seu quarto disco, “Planta”. "As pessoas estavam esperando um disco cheio de raiva. Queríamos falar de coisas maiores do que aqueles momentos do passado. Para mim, ‘Planta’ é um disco meio hippie, que fala da natureza e do sol", declarou a guitarrista Luiza Sá.
Capa de "Planta"
Liberação e ruptura
Olhando para trás, a guitarrista disse que o processo de concepção dos discos é sempre não premeditado. "No primeiro disco, não tínhamos consciência de nada. O ‘Donkey’ aconteceu numa época de loucura. Eu acho que o ‘La Liberación’ era um disco pop na cabeça do Adriano, mas ele tem muitas misturas. Fizemos muitas músicas e talvez não tenhamos acertado tanto na escolha, mas não temos arrependimentos. Foi um presságio de que as coisas estavam mudando", disse.
A grande mudança no CSS aconteceu quando Cintra deixou, de maneira conturbada, o grupo. "As coisas não estavam funcionando muito bem. Ele tinha parado de fazer turnê e já estava um pouco desligado. Quando ele falou que ia sair, foi um choque, mas não uma grande surpresa porque sabíamos que ele não estava feliz", explicou.
No dia da saída de Cintra, as demais integrantes decidiram continuar a banda, terminar os compromissos assumidos e começar um novo disco, de forma conjunta e do zero. "Não queria fazer o disco em São Paulo, queria um lugar novo, onde não tínhamos nenhuma história. Estar num lugar, fazer algo e viver aquilo. Foi uma coisa de instinto: eu sugeri Los Angeles e todo mundo topou na hora."
Um novo lugar, uma nova formação e um novo método de trabalho trouxeram algumas aflições e mudaram a dinâmica da banda. "Quando você está criando, há sempre momentos de dúvida. O que mudou é que o Adriano era muito rápido e talentoso. O processo era diferente. Em ‘Planta’, a composição foi mais colaborativa." Para Luiza, o processo passou a fazer todo o sentido quando elas conheceram David Sitek, produtor do disco.
Crescendo de diferentes maneiras
Sitek é guitarrista da banda TV on the Radio e produtor de artistas como Santigold, Scarlett Johansson e Yeah Yeah Yeahs. Ele viu um show do CSS no final de 2011 e entrou em contato, em busca de colaborações. A banda conheceu o produtor em Los Angeles, quando grande parte das músicas de do novo disco já estavam compostas.
O encontro abriu as portas para elas experimentarem com outros estilos. "Quando estávamos com algumas músicas prontas, decidimos que queríamos dar um ar mais eletrônico e dançante ao disco, com teclados e sintetizadores", disse Sá. Apesar de ser guiados por sintetizadores, ‘Planta’ é um disco pop com influências que vão do punk ao hip hop.
“Dynamite” tem levada punk pop e participação de Hannah Blilie, baterista do Gossip. “Frankie Goes to North Hollywood” é um hip hop eletrônico, com uma divertida letra em inglês e português. O refrão de “Into de Sun remete a New Order. Hangover é um dub tropical cheio de barulhinhos pop e um refrão ensolarado. A música é uma parceria com Tim Armstrong, da banda punk Rancid.
O nome do disco nasceu quando elas fotografavam a capa, a primeira com a cara da banda. "A referência foram retratos de Richard Avedon. Queríamos algo que juntava a gente, como galhos de uma planta. A Carol [Parra, guitarrista da banda] sugeriu o nome enquanto fazíamos umas fotos segurando uns vasos de planta", contou Sá.
Agora, a banda quer cair na estrada e compartilhar todo esse processo com o público. "Nós nos divertimos fazendo algo em que acreditamos. Estamos muito realizadas e queremos dividir isso com o público. Olhando agora, vendo como chegamos e saímos de Los Angeles, foi um triunfo pessoal e profissional para todas nós", concluiu a guitarrista.
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