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Carlos Santana denuncia "estereótipo negativo" contra hispânicos nos EUA

Carlos Santana durante apresentação no Grammy Awards no Beverly Hilton Hotel, em Beverly Hills (30/01/2010) - Getty Images for NARAS
Carlos Santana durante apresentação no Grammy Awards no Beverly Hilton Hotel, em Beverly Hills (30/01/2010) Imagem: Getty Images for NARAS

Emilio J. López.

28/09/2012 23h11

O guitarrista mexicano Carlos Santana investiu nesta sexta-feira (28) em Miami contra os "estereótipos negativos" empregados nos Estados Unidos contra os latinos, frequentemente retratados em Hollywood, como "vagabundos e traficantes de drogas".

Em uma entrevista à Agência EFE, Santana, de 65 anos, criticou com firmeza o perfil de "vagabundos, preguiçosos e traficantes de drogas", amplamente utilizado nas produções de Hollywood.

Trata-se de um "estereótipo muito negativo" que não é coerente com o trabalho real e os valores dos hispânicos no país, destacou.

Nesse sentido, Santana, que lançou neste ano "Shape Shifter", um trabalho instrumental dedicado aos índios americanos, destacou a "contribuição incrível dos hispânicos" para os EUA, mas lamentou que a comunidade não seja mais unida.

"Seria muito benéfico se estivéssemos mais unidos do que estamos para ter clareza e uma voz mais forte" neste país, disse o guitarrista mexicano, que vendeu mais de 90 milhões de discos e recebeu dez prêmios Grammy.

A cadeia americana de lojas de departamento Macy's e a revista "Vanidades" elegeram Santana como a figura mais representativa para a celebração do Mês da Herança Hispânica por ser uma "lenda da música e criador de um estilo" com enorme "influência" internacional, afirmou a organização.

"Estou muito agradecido e meu coração está muito contente que me escolheram para representar as pessoas de língua hispânica", comentou o músico e compositor mexicano, considerado um dos pioneiros do rock latino, com músicas que fundiam suas raízes com o blues.

O músico expressou sua admiração pelo trabalho de ativistas como César Chávez e Dolores Huerta, que "lutaram para que os latinos tivessem mais integridade, dignidade e posições mais altas" nos Estados Unidos.

Mas quis deixar claro que a educação é a chave para o sucesso e as conquistas futuras dos hispânicos, sem menosprezar os trabalhos mais humildes.

"A chave do progresso se chama educação", insistiu, e lamentou os números altos de abandono escolar entre os estudantes hispânicos.

"Sete de cada dez estudantes latinos abandonam a escola", se queixou Santana, ressaltando que os governos têm que investir mais dinheiro na "educação dos latinos para que completem" seus estudos.

Quanto aos 12 milhões de imigrantes ilegais que residem nos EUA, Santana se mostrou partidário de medidas favoráveis aos que "trabalham duro, se esforçam e não têm medo do trabalho". Esses deveriam ter um "passaporte para sempre" neste país, disse.

Nesse contexto, sustentou: "se vamos tentar deportar as pessoas, só vão sobrar os índios americanos", disse em referência ao fato de os Estados Unidos terem sido fundados e construídos por imigrantes.

Humildemente, mas com "força", Santana se colocou no mesmo nível de músicos como Eric Clapton, Bob Marley e Michael Jackson. "Estou no mesmo nível que todos eles", salientou o artista nascido em Jalisco (México), cuja banda entrou para o Hall da Fama do Rock and Roll em 1998.

Santana afirmou que entre seus próximos projetos está o lançamento de um novo trabalho (seu 37º disco), um "novo álbum no estilo de 'Supernatural', mas para latinos, com artistas de língua hispânica", detalhou.

A bem-sucedida trajetória de Carlos Santana começou com uma apresentação no lendário festival de Woodstock, onde tocou com sua banda, Santana Blues Band, formada em San Francisco.