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O flamenco conquista seu espaço nos tablados do Brasil

Bailarinas dançam flamenco na Casa de la Memoria, em Sevilha - Getty Images
Bailarinas dançam flamenco na Casa de la Memoria, em Sevilha Imagem: Getty Images

Gonzalo Domínguez

Do Rio de Janeiro

22/10/2013 10h52

Mais de 300 escolas ensinando a dança, a 11ª edição do Festival Internacional de Flamenco e a visita de grandes nomes como Paco de Lucía e Antonio Canales mostram que o flamenco ganhou o seu lugar no Brasil e que cresce a cada ano.

Sapateados, quejíos (estilo vocal), vestidos de faralaes, gritos de "olé" ao redor de um tablado e alguém vestido de "toureiro". Longe de Múrcia e de Córdoba, um sonoro "obrigado" revela que essa cena acontece no Brasil.

O número de escolas que ensinam a dança aumenta e as apresentações de grandes nomes multiplicam o interesse dos brasileiros, que lotam os teatros e palcos onde os artistas levantam a plateia.

"Os brasileiros se identificam com o flamenco porque é uma música ancestral; tem a ver com as pessoas", explicou à Agência Efe Roberto Monteiro, músico carioca com cabelo comprido ao melhor estilo Camarón e notável sotaque andaluz.

Monteiro começou sua relação com a música flamenca no conservatório brasileiro onde estudava violão e não pôde evitar se deslumbrar: "É que é a música do povo."

A dança, segundo ele, é o que há de mais atrativo para os brasileiros -"especialmente pela percussão"-, e é exatamente com a dança que Irene Alonso encanta o público do carioca.

Ela observa, a partir da sua perspectiva privilegiada sobre as tábuas, que parte do êxito do flamenco no Brasil se deve ao fato de o brasileiro ser um povo "muito musical, que leva a música no corpo".

Além disso, percebeu que nos últimos anos ocorreu uma "história muito interessante" com o flamenco no Brasil, com a abertura de centenas de novas academias e a chegada de grandes professores como Paco de Lucía, que no próximo mês se apresentará no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

A brasileira Tatiana Betancourt, professora, estudante e difusora do flamenco, concorda com Irene que o crescimento desta arte no Brasil é exponencial, especialmente nos últimos anos, "com a facilidade de acesso à internet" permitindo aos amantes do estilo "encontrar os passos das coreografias, a música e as danças".

O encontro de Tatiana com o flamenco aconteceu há 22 anos como um "amor a primeira vista", conforme contou à Efe. Essa relação se consolidou com as visitas da bailaora, nome dado a quem dança a modalidade, ao berço do flamenco na Espanha e a possibilidade de estudar com grandes artistas como Carmen "La Talegona".

Em sua opinião, a aceitação do flamenco por aqui e seu crescimento se deve à personalidade desta cultura musical que "mistura várias culturas".

Testemunha e prova desse crescimento é o site de notícias "Flamenco Brasil", projeto nascido em 2009 para cobrir a necessidade do público de ter acesso à informação sobre esta cultura e colocar em contato as pessoas interessadas em seu desenvolvimento.

O site, que hoje conta com 2.800 usuários únicos por mês, é uma boa mostra do crescimento que teve a arte flamenca nos últimos anos no Brasil, onde cerca de 300 escolas se dedicam exclusivamente a seu ensino e difusão.

Além disso, como reconhece a diretora do "Flamenco Brasil", Luiza Libardi, o interesse dos brasileiros favoreceu ainda mais a troca entre ambos os lados do Atlântico e a consolidação de um flamenco com jeitinho peculiar.