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Maestro Barenboim comemora 50 anos dedicados à Filarmônica de Berlim

O maestro argentino Daniel Barenboim - Christoph Schmidt/EFE
O maestro argentino Daniel Barenboim Imagem: Christoph Schmidt/EFE

18/06/2014 13h59

Berlim, 18 jun (EFE).- O maestro e pianista argentino-israelense Daniel Barenboim celebra nesta quarta-feira seus 50 anos de fidelidade como solista à Filarmônica de Berlim, um das paixões desse gênio arriscado e dedicado, tanto na música como na política.

Um concerto extraordinário na filarmônica, transmitido a 160 salas de toda a Europa, é o bolo de aniversário com que Barenboim comemora o dia 12 de junho de 1964, quando se sentou pela primeira vez ao piano diante daquele auditório, na época recém-inaugurado.

Ele tinha apenas 21 anos, e a nova sede da filarmônica, obra do arquiteto Hans Scharoun, havia sido inaugurada oito meses antes.

Nesses 50 anos que se passaram, Barenboim, agora com 71 anos, se transformou em um dos maestros mais requisitados do planeta, com quase tantos prêmios no âmbito musical como por seu compromisso político, entre eles o Prêmio Príncipe de Astúrias da Concórdia, em 2002, por sua missão a favor da paz no Oriente Médio.

Na prática, essa missão levou à fundação da West Easter Divan, a orquestra integrada por jovens árabes e israelenses fundada em 1999 por Barenboim junto ao intelectual palestino Edward Said, projeto que lhe deu o mencionado prêmio.

Em 2014, a sintonia com seu perfil de nunca ficar satisfeito colocou a pedra fundamental do que será a academia musical e residência para jovens talentos do Oriente Médio, em Berlim, junto à Staatsoper Unter den Linden, a ópera da qual é diretor musical desde 1992.

O primeiro concerto na Filarmônica de Berlim é um dos pontos altos de sua carreira musical, embora na realidade sua ligação com a música tenha começado aos quatro anos de idade, pelas mãos de seus pais, ambos músicos.

Barenboim Nasceu em Buenos Aires em 1942. Filho de uma família judia de origem russa, deu seu primeiro recital de piano aos sete anos. Foi em Buenos Aires, com obras de Bach, Haydn, e Beethoven, entre outros.

Um ano após partir com sua família para a Europa, em 1951, estreou em Paris como pianista, gravou seu primeiro disco com 13 anos e, aos 15, se lançou ao que lhe deu a maior repercussão mundial: a batuta.

Seu mestre por excelência foi o alemão Wilhelm Furtwangler, que conheceu em Viena em 1954 e quem o convidou a trabalhar com a Filarmônica de Berlim.

Em 1958, Barenboim deu seu primeiro concerto no Teatro Monumental de Madri, e começou assim sua relação com a Espanha, um dos países onde mais ofereceu concertos, além da Alemanha.

Consagrou-se como maestro à frente da Orquestra de Paris, de 1975 a 1988, ao que seguiu sua nomeação, em 1987, como diretor artístico e musical do teatro Ópera da Bastilha, depois da Sinfônica de Chicago --em 1991-- e daí para Berlim.

Barenboim fez incursões no tango (um disco intitulado "Mi Buenos Aires Querido"), na música brasileira, acompanhado por Milton Nascimento, e no jazz, com seu "Tributo a Duke Ellington".

Em agosto de 2000, comemorou suas bodas de ouro com a música, com vários concertos em Buenos Aires, e depois fez um tour por vários países entre os quais incluiu Cuba.

Nos últimos anos, Barenboim levou à prática, entre protestos, seu empenho para interpretar em Israel Richard Wagner, o compositor de cuja música é ferrenho defensor, mas que para os judeus segue representando o antissemitismo, já que foi o preferido de Adolf Hitler.

Em 2002, surgiu a polêmica em Jerusalém ao interpretar, de surpresa, o prelúdio de "Tristán e Isolda" de Wagner, ao que seguiu, nesse mesmo ano, uma tentativa de oferecer uma classe de piano na cidade de Ramala, sitiada então pelo exército israelense.

Hoje vive com sua segunda mulher, a pianista russa Elena Bashkirova, filha do também pianista e pedagogo Dmitri Bashkirov. 
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