Topo

Sinéad O'Connor lança novo trabalho para mostrar quem é "a chefe"

A cantora Sinead O"Connor - Divulgação
A cantora Sinead O'Connor Imagem: Divulgação

Javier Aja

Da EFE, em Dublim

11/08/2014 16h11

Depois de ter sido diagnosticada com um transtorno bipolar e ter deixado temporariamente os palcos há dois anos, a polêmica cantora irlandesa Sinead O' Connor volta com um novo álbum e vontade de mostrar quem é a "chefe".

Intitulado "I'm not Bossy, I'm the Boss" ("Não sou mandona. Sou a chefe", em livre tradução), o décimo trabalho de estúdio de O'Connor chega às lojas nesta segunda-feira, em meio às celebrações de seus 30 anos de carreira.

Com três décadas de rebeldia e inconformismo no currículo, a cantora irlandesa, que estampou diversas manchetes com escândalos, teve quatro maridos, quatro filhos e lançou diversas canções emblemáticas, como "Nothing Compares 2U", música composta originalmente por Prince e com a qual a cantora alcançou fama mundial em 1990.

Segundo a própria artista, apesar do título sugestivo, esse novo álbum é uma coleção de "canções de amor" sobre vários personagens femininos, cujas histórias evoluem ao longo das 12 faixas do disco.

Campanha feminista

Em um princípio, segundo O' Connor, este trabalho seria chamado de "The Vishnu Room". Mas a cantora, de 47 anos, disse que decidiu trocá-lo após se "inspirar" na campanha Ban Bossy, criada no início do ano pela organização americana feminista Lean In para encorajar garotas a se tornarem líderes.

Este projeto, que conta com a participação de Beyoncé, Jennifer Garner e Condoleezza Rice, denuncia que, quando "um menino pequeno" se impõe, todos vêm suas qualidades de "líder", enquanto se uma menina fizer o mesmo, "corre o risco de ser qualificada como mandona".

O'Connor acredita que palavras como mandona sirvam para intimidar e desanimar meninas e adolescentes a assumir um papel de liderança, uma atitude que "continua se manifestando na vida adulta", segundo a campanha.

"A verdade é que pode ser complicado se tornar chefe e, por isso, acho que este projeto é extremamente importante", escreveu a artista em junho passado para explicar a mudança de título de seu novo álbum.

sinead - Divulgação - Divulgação
Capa do novo disco de Sinead O'Connor
Imagem: Divulgação


"Quando soube da existência da campanha Ban Bossy, já era tarde demais para mudar o título, já que a capa já estava sendo imprensa. Mas, quando a gravadora recebeu as fotos promocionais, me perguntaram se eu também queria mudar a capa, o que me permitiu mudar o título", explicou a cantora por meio de seu site.

A capa em questão retrata O'Connor muito distante da habitual imagem que ela mesma projetou desde seus primeiros tempos: cabelo raspado, cara lavada e roupas largas. "I'm Not Bossy. I'm the Boss" surpreende ao apresentar a artista abraçada a uma guitarra, claramente maquiada, com uma peruca de cabelos lisos e escuros, além de um vestido preto justo, de látex.

Batalha com Miley

A ideia para essa fotografia, segundo confessou O'Connor, veio de uma batalha dialética que manteve no ano passado com a americana Miley Cyrus, a quem criticou por recorrer ao sexo para criar uma nova imagem.

"Seu talento fica de lado ao se prostituir pela indústria musical", advertiu O'Connor em carta aberta em 2013, recomendação à qual Cyrus respondeu com uma alusão ao transtorno bipolar da irlandesa.

Habituada à polêmica, O'Connor diz que esse episódio lhe ensinou algo muito importante: "Você obtém muito mais publicidade se se apresentar com sexo", assegurou a cantora recentemente ao jornal "Belfast Telegraph", da Irlanda do Norte.

Essas são as declarações de uma figura pública que desperta igualmente amor e ódio por suas controvérsias, o que não exclui o fato de ela ser reconhecida como uma das vozes mais complexas e maravilhosas da Irlanda.

No entanto, seus fãs não precisam se preocupar, já que, ao menos no sentido musical, não há muitas mudanças em vista.

"Gravei um clipe e passei seis horas com uma peruca e um traje de látex. Não parei de suar, foi asqueroso. Descobri por que não me visto como uma menina mais vezes", declarou a cantora.