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"Uma boa canção de amor sempre encontrará ouvintes", diz Colbie Caillat

A cantora e compositora Colbie Caillat, que lança o disco "Breakthrough" - Andrew Southem/NYT
A cantora e compositora Colbie Caillat, que lança o disco "Breakthrough" Imagem: Andrew Southem/NYT

GARY GRAFF*<br>The New York Times Sindycate

13/10/2009 17h39

Colbie Caillat tem muitos motivos para sentir-se "efervescente" ultimamente. A cantora e compositora californiana, filha de um produtor ganhador do Grammy, transformou sua popularidade no MySpace em um empreendimento da música pop criador de hits. O álbum de estreia de Caillat, "Coco" (2007), ganhou dois discos de platina e lançou sucessos como "Bubbly" e "Realize".

Ela fez um dueto com Jason Mraz em "Lucky" e outro com Taylor Swift em "Breathe", e viu seu segundo álbum, "Breakthrough", fazer sua carreira dar um avanço, estreando no primeiro lugar na parada Billboard 200. "Sabe de uma coisa? Eu não consigo acreditar", diz Caillat, de 24 anos, falando por telefone de Londres, onde está promovendo "Breakthrough" na Europa. "Você sempre espera pelo melhor, mas você nunca pensa que de fato vai acontecer".

Foi uma surpresa quando ela se viu com um álbum no primeiro lugar da parada. "Eu não gosto de aumentar as expectativas. Quando todos ficavam dizendo que achavam que eu chegaria ao primeiro lugar, eu tentava ignorar. Sério, eu sou grata a todo mundo que me ajudou ao longo do caminho e todas as pessoas que o compraram, porque apenas queriam ouvir o que eu tinha a dizer".

E no novo disco as pessoas ouvem uma artista diferente, ou mais madura, do que a garota mal saída da adolescência que Colbie era quando compôs e gravou o material para "Coco". "Eu cresci muito ao longo dos últimos dois anos. Eu sei mais a respeito de mim mesma e do que gosto musicalmente, dos estilos de produção e diferentes técnicas de composição. Aprendi muito sobre não me importar com o que as pessoas acham".

Colbie Caillat - "Fallin' For You"

Colbie conta que sabe que vai dar certo se seguir seu instinto. "Eu sabia exatamente o que queria para o álbum, e consegui expressar isso aos meus produtores e para as pessoas com quem componho. Ser capaz de fazer isso do jeito que queria, e o resultado ter saído de fato do jeito que eu queria, parece um feito e tanto".

Inspiração de Lauryn Hill
Colbie nasceu no meio musical: seu pai, Ken Caillat, co-produziu álbuns do Fleetwood Mac como "Rumours" (1977), "Tusk" (1979) e "Mirage" (1982), além de trabalhar em álbuns dos Beach Boys, Pat Benatar, Alice Cooper, Herbie Hancock, Frank Sinatra e outros. "Nós tínhamos amigos músicos", lembra Colbie. "Eu sempre estava na gravadora [do pai dela], na empresa dele, e encontrava bandas o tempo todo. Isso sempre estava à minha volta".

O negócio da família era atraente, ela reconhece. "Eu sempre pensei: 'quando eu crescer, eu quero ser uma cantora'". Mesmo assim, não foi nenhum dos artistas de seu pai que lhe deu aquele empurrão adicional. "Eu ouvi Lauryn Hill cantar quando tinha 11 anos. Foi o que me fez querer seguir a carreira. Eu cantei uma das canções dela em um show de talentos na sexta série".

Na adolescência, Colbie já tinha uma voz boa o bastante para ser contratada pelo produtor Mikal Blue para cantar música eletrônica em desfiles de moda. Mas ela reconhece que era "uma adolescente relaxada, bastante preguiçosa, que não queria se esforçar para aquilo". Ela estava mais interessada em ir para a praia e sair com os amigos. E até considerou se dedicar a design de interiores ou fotografia, antes de finalmente começar a cursar aulas de violão quando tinha 19 anos.

"Meus pais me disseram: 'você precisa saber tocar piano ou violão, qualquer instrumento que quiser. Você precisa ter aulas de canto para manter sua voz treinada, e precisa se tornar compositora para que possa ter um maior controle das coisas e estabelecer uma carreira. Eles me deram essas ferramentas, mas, honestamente, não há nada como estar desde o início neste ramo", conta Colbie.

Ela provou ser uma rápida aprendiz. Começou a compor canções após sua primeira aula de violão, e logo começou a postá-las no MySpace. Depois passou quatro meses como a maior artista sem contrato do site na categoria "cantor/compositor".

Nada mal considerando que uma amiga é quem criou a página para ela, já que Colbie não tinha ideia de como utilizar a rede social online. "Eu coloquei minhas canções e as pessoas começaram a ouvi-las e adicioná-las às suas páginas. Isso levou minha música para muito mais pessoas e me ajudou a conseguir meu contrato, com certeza".

Jason Mraz e Colbie Caillat - "Lucky"

Composição no Havaí
"Bubbly" chegou ao 5º lugar na parada Billboard Hot 100, abrindo o caminho para o sucesso do disco "Coco". Colbie passou 18 meses fazendo turnê para divulgar o disco e a terminou tanto pronta para um descanso quanto ansiosa para começara a trabalhar em "Breakthrough". E decidiu fazer ambos, transformando as férias da família no Havaí em três semanas de férias de trabalho com os co-compositores Kara Dioguardi e Jason Reeves.

"Não há melhor forma de compor canções do que estando cercada de pessoas bacanas em um local bonito, conseguindo explorar sua mente ou qualquer coisa pela qual esteja passando no momento. Nós tínhamos uma casa na praia e saíamos para correr toda manhã, fazer pilates e preparar milk shakes, acender fogueiras, fazer churrascos, nadar e nos bronzearmos. E no meio disso tudo, tocávamos violão e piano, compúnhamos canções e criávamos essas belas melodias juntos", lembra.

A meta de Colbie para "Breakthrough" era destacar a diversidade. "Eu queria diferentes estilos de música. Algumas das canções são reggae, algumas são pop acústico, algumas são elétricas ou têm vocais bastante despojados acompanhados apenas do piano". Ela acabou com mais de 40 canções, das quais gravou 25 com produtores como Blue, Reeves --com quem ela fez dueto em "Droplets"-–, Greg Wells e seu pai, com quem Colbie trabalhou mais intensamente do que em "Coco", no qual ele foi produtor executivo. "Ele sabe de que tipo de música eu gosto, então foi mais fácil para nós naquela situação".

Segundo Colbie, todos eles estvam aprendendo um com o outro e até fizeram concessões. "Meu pai queria um violino e um violoncelo em uma das minhas canções, e eu disse que não era meu tipo de música. Mas ele me ensinou que, ao colocar esses pequenos detalhes no fundo da mixagem, eles acrescentam esses belos pequenos sons que tornam as canções diferentes das demais. Nós trabalhamos realmente bem juntos".

Assuntos do coração
Como "Coco", o novo "Breakthrough" lida principalmente com assuntos do coração. Segundo Colbie, a maioria das canções trata de um ex-namorado com quem ela manteve uma relação de várias rupturas e reatamentos. "Ele foi meu primeiro amor e eu saí em turnê bem quando começamos nosso relacionamento, então era sempre inconstante. Eu saia em turnê e rompia com ele, então eu voltava para casa e voltávamos a ficar juntos. Nós percebemos que não estava destinado ficarmos juntos e que toda essa coisa de ata e desata não é saudável".

"Fallin' For You", o primeiro single de "Breakthrough", trata do primeiro encontro de Colbie com um homem diferente. "Eu achei ele uma graça e nos dávamos bem, mas não vi nada acontecendo conosco porque ele também é músico. Nós saímos algumas vezes e ainda somos amigos, mas pelo menos tentamos e podemos ser amigos". A música chegou ao 12º lugar na parada Billboard Hot 100, a melhor posição atingida por Colbie até o momento, e confirmou sua crença de que uma boa canção de amor sempre encontrará ouvintes.

"Você sempre pode se relacionar com isso. Se você ainda está apaixonada por alguém, se você quiser se apaixonar por alguém, mesmo se você estiver no meio de uma separação, ela pode lhe dar esperança de que você se apaixonará de novo". Colbie está namorando uma pessoa agora, mas diz que sua atenção principal ainda está em "Breakthrough", incluindo uma turnê que a manterá ocupada até meados de 2010. Ela também gravou algumas canções natalinas, versões de "Have Yourself a Merry Little Christmas" e "Merry Christmas, Baby", que serão lançadas em breve.

A agenda "maluca", segundo a cantora, é a maior surpresa nesse meio. "Às vezes passamos o dia todo voando, quando não duas vezes por dia, por países diferentes. Acordo às 4 horas da manhã para fazer penteado e maquiagem, e depois faço apresentações e entrevistas para rádio, depois apresentações para TV, passo umas duas horas dando entrevistas por telefone, às vezes até enquanto estou em trânsito. E então faço a checagem de som e me preparo para o show, me apresento e participo de um encontro com os fãs pós-show. E no dia seguinte começa tudo de novo".

Colbie diz que não há preparação para isso. "Você precisa fazer e se acostumar. E assegurar que ainda tenha tempo para compor música, que é a coisa mais importante".

*Gary Graff é um jornalista free-lance baseado em Beverly Hills, Michigan

Tradutor: George El Khouri Andolfato