Toni Braxton supera traumas do coração e diz que está "atualizada" em novo disco
Toni Braxton teve que superar muita coisa antes que pudesse gravar seu mais recente disco, "Pulse". Os cinco anos entre este lançamento e o último foram cheios de eventos para a cantora de rhythm and blues ganhadora do Grammy, algumas vezes até assustadores. No lado positivo houve o lançamento bem-sucedido de um show em Las Vegas, "Toni Braxton: Revealed" (2005), e uma participação de destaque na temporada de 2008 de "Dancing With the Stars".
Mas eles ocorreram em meio a problemas com gravadoras --Braxton trocou duas vezes de selo–- e um ataque cardíaco em 2008 que pareceu que encerraria sua carreira. "Fiquei muito revoltada", diz a cantora e compositora de 43 anos, que teve seu quadro diagnosticado como uma angina microvascular, uma doença em um pequeno vaso. "Fiquei deprimida. Não queria pensar em música, porque não achava que ela estava ao meu alcance, porque não conseguia respirar. É preciso poder respirar para poder cantar e se apresentar".
Ela se recorda de ficar revoltada quando ouvia canções, conta por telefone de Nova York. "Não ouvia meu iPod. Quando estava no carro, não ouvia o rádio. Eu estava furiosa". Apenas o retorno à música curou a angústia de Braxton. "Para mim, foi como descobrir tudo de novo. Acho que quando você tem um talento, às vezes você o considera algo garantido. Eu o aprecio agora".
Chegar até esse ponto não foi fácil. Na primeira vez em que tentou cantar após o ataque cardíaco, lembra Braxton, não foi possível. "Fiquei sem fôlego e não consegui. Meu médico disse que estava tentando trabalhar cedo demais. Ele disse que eu teria que passar por reabilitação cardíaca, preparar meu corpo para se apresentar. Ele falava que não é como andar de bicicleta, que não dá para simplesmente sair e fazer da mesma forma como você fazia antes".
Toni Braxton feat Trey Songz - "Yesterday"
Assim que ela passou pela reabilitação cardíaca e eles mostraram para ela como respirar corretamente e não sentir mais a sensação da angina, Braxton fui ao estúdio de novo e conseguiu cantar por cerca de dez minutos. "Fiquei muito empolgada com isso. E então, a cada semana de reabilitação cardíaca, cinco minutos eram acrescentados. Agora posso fazer um show de 1 hora e meia, o que é ótimo".
"Nós erramos o diagnóstico"
Braxton está retomando uma carreira que teve início em sua juventude, quando ela e suas quatro irmãs cantavam na igreja em Maryland onde o pai delas era pastor. Braxton tirou seu diploma de pedagogia na Universidade Estadual Bowie, mas optou por seguir carreira na música. Ela e suas irmãs assinaram um contrato em 1989 para gravar como The Braxtons, mas a pedido de Kenneth "Babyface" Edmonds e Antonio "L.A." Reid, que estavam abrindo o selo LaFace Records, ela deu início a uma carreira solo no começo dos anos 90.
Braxton começou com duas canções, uma delas um dueto com Babyface para a trilha sonora do filme "O Príncipe das Mulheres" (1992) de Eddie Murphy, mas seu verdadeiro sucesso veio com o disco de estreia, "Toni Braxton" (1993). O álbum chegou ao 1º lugar na parada Billboard 200, levou oito discos de platina e gerou cinco sucessos Top 10 de rhythm and blues. Braxton conquistou um Grammy em 1994 como artista revelação, e ganhou Grammys consecutivos como melhor vocal feminino de rhythm and blues.
Foi um início promissor que levou a vendas de mais de 40 milhões de álbuns em todo o mundo e mais três outros Grammys. Sete singles de Braxton receberam discos de ouro ou platina e ela apareceu em shows da Broadway como "A Bela e a Fera" (1998) e "Aída" (2003), além de ter interpretado um papel no filme "Um Ritual do Barulho" (2001).
A perspectiva de que tudo isso pudesse ter chegado ao fim teve grande peso em 2008. "Pelo menos não era tão ruim quanto eles [os médicos] imaginavam inicialmente. Pensaram que eu precisaria de um transplante de coração, mas voltaram depois e disseram: 'nós erramos no diagnóstico'. Eu tive muita sorte por ter sido só isso", ela conta.
Ainda assim, foi ruim o bastante. "Foi extremamente assustador", diz Braxton. "Eu me lembro de tentar caminhar do meu quarto ao banheiro. Caminhar era um desafio para mim. Eu não conseguia respirar. Parecia que havia um elefante sentado sobre mim. Eu me lembro da sensação ter durado muito tempo, mesmo após eu deixar o hospital".
Toni Braxton - "Spanish Guitar"
Por causa de sua dificuldade em aprender a cantar de novo, alguns consultores de Braxton sentiram que era prematura sua participação em "Dancing With the Stars". E ela participou assim mesmo. "Era algo que eu realmente queria fazer", ela disse. "Eu era uma fã desde a primeira temporada. E adoro o que o programa fez por mim".
Mas ela reconhece que, ao olhar para trás, tenha feito isso um pouco cedo demais para seu quadro de saúde. "Mas fico feliz por ter participado. Me deixou mais forte. Agora eu provavelmente me sairia incrivelmente melhor no programa, porque estou mais em forma, mas o conhecimento e o que aprendi com ele, a confiança que me deu, foram muito importantes".
Processo terapêutico de composição
No meio de sua passagem por "Dancing With the Stars", Braxton assinou um novo contrato com a Atlantic Records e começou a trabalhar em "Pulse". O primeiro single do álbum, "Yesterday", que tem participação do cantor de 25 anos Trey Songz, rapidamente se transformou em uma história de retorno, chegando ao 12º lugar na parada de canções Hot R&B/Hip-Hop, o melhor resultado de sua carreira desde 2000.
"Achei que 'Yesterday' foi uma jogada brilhante por parte de Craig Kallaman [presidente da Atlantic]. Ele queria lançar um teaser para lembrar às pessoas que estou voltando. E foi algo leve e orgânico para quem sou como cantora, mas ao mesmo tempo algo um pouco mais atual. Apesar de estar no jogo há muito tempo, eu ainda posso ter apelo junto aos jovens, não tentando ser jovem, mas dizendo que pessoas de todas as idades apreciam minha música".
Isso representou um bom início para o projeto, mas "Pulse" desandou um pouco quando dez de suas canções vazaram na internet. A Atlantic foi forçada a descartar o lançamento previsto para 2009 e enviou Braxton de volta ao estúdio para alterar algumas faixas e gravar outras novas. "Odeio essa parte", ela diz. "Adoro o fato da música ser algo instantâneo e você poder ir à internet e baixar algo, mas não antes da hora. É como retirar um bolo do forno antes de estar pronto".
Voltar ao estúdio permitiu a Braxton e seus colaboradores tornar a música "mais atual para 2010", ela reconhece, notando que algumas das canções originais nasceram em 2008. "É como a moda. É preciso permanecer atual, em movimento. Se esperar demais para lançar algo, o resultado será algo que não combina com o que você está ouvindo nas rádios".
O adiamento também permitiu --ou forçou-- que Braxton explorasse o trauma emocional da atual separação de seu marido, Keri Lewis, com quem ela tem dois filhos. A turbulência levou a faixas reveladoras como "Wardrobe" e "Why Won't You Love Me". "Este é um disco pessoal para mim. É sobre ser uma mulher, ser uma mãe recém-separada", diz Braxton.
Toni Braxton - "Breathe Again"
Mas a vida mudou para ela. "Eu queria falar a respeito disso na minha música e falar mais sobre as situações vulneráveis que estão ocorrendo na minha vida. Às vezes pode ser difícil, porque você não quer tornar sua vida um livro aberto. Mas há coisas sobre as quais você quer falar, porque é sua forma de purgá-las. Pode ser terapêutico pra mim sem ter que falar de todos meus assuntos pessoais".
"Pulse" estreou no 9º lugar da parada Billboard 200, dando à cantora seu quinto álbum Top 10, e chegou ao 1º lugar na parada de rhythm and blues. O próximo passo será a turnê que Braxton planeja começar no último trimestre. Enquanto isso, ela prossegue com seus deveres como porta-voz da Associação Americana do Coração e da Autismo Fala --um de seus filhos é autista-- e também está gravando um reality show para o canal Bravo chamado "Braxton Family Values", com suas irmãs e seus pais recém-divorciados.
"Para ser honesta, eu não queria fazê-lo. Mas minhas irmãs me convenceram a participar", conta. Ela reconhece que ainda está "ansiosa" sobre se será capaz de dar conta de todo o trabalho que está planejando, mas diz estar otimista em relação ao que a aguarda. "Achei que nunca mais conseguiria me apresentar. Então, para mim, poder cantar de novo, sair em turnê, dançar e simplesmente fazer o que faço, é como um sonho realizado. É como uma bênção, uma segunda chance".
*Gary Graff é um jornalista free-lance baseado em Beverly Hills, Michigan
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