Topo

Admirado por Lady Gaga, Jason Derulo diz que "nunca quis ser aquela pessoa nos bastidores"

Jason Derulo durante apresentação no The Dome em Hannover, na Alemanha (27/08/2010) - Getty Images
Jason Derulo durante apresentação no The Dome em Hannover, na Alemanha (27/08/2010) Imagem: Getty Images

GARY GRAFF*

The New York Times Syndicate

06/12/2010 08h00

Após três singles Top 10 --dois deles multiplatinados--, Jason Derulo está satisfeito por seu álbum de estreia autointitulado ter proporcionado uma introdução bem-sucedida. E, ele diz, uma boa visão do que construir em diante. "Eu estou nas alturas, cara", diz o cantor e compositor de R&B de 21 anos. "Acho que as coisas estão no caminho certo e estão crescendo no ritmo certo. Todos os passos estão sendo dados para a grandeza".

Esses passos começaram bem antes de 2009, quando o mundo foi apresentado a Derulo, por meio de sua canção que chegou ao topo das paradas, "Watcha Say". Derulo está no meio musical desde os 16 anos, compondo canções para artistas como Birdman, Diddy, Danity Kane, Sean Kingston, Lil Mama, Pleasure P e Pitbull, entre outros. "Replay", que compôs para Iyaz, chegou ao segundo lugar na parada Billboard Hot 100 pouco antes de Derulo lançar "Watcha Say".

A meta de Derulo era, a todo momento, ser um cantor. "Foi sempre o que eu quis ser", diz Derulo. "Compor foi algo que caiu no meu colo e aconteceu por acaso. Todo mundo tem sua própria jornada e acho que essa foi a minha. Mas me apresentar e ser a voz de fato sempre foi o que quis fazer, nunca quis ser aquela pessoa nos bastidores".

Derulo nasceu Jason Joel Desrouleaux, o mais jovem de três filhos de pais haitianos em Miami. Não era um lar particularmente musical, mas aos 5 anos Derulo viu Michael Jackson na televisão e ficou impressionado. "Depois daquilo eu queria ser como ele. Eu não era uma criança normal. Eu não estava na rua brincando com meus amigos, eu ficava lá dentro vendo televisão, tentando aperfeiçoar todos aqueles passos de dança. A cada dia eu me apaixonava mais e mais pela música".

Broadway recusada por um sonho
Derulo começou a compor quando tinha 8 anos. Sua primeira composição, "Crush on You", era sobre uma menina de sua classe que ele admirava de longe. "Eu não a conhecia", ele diz rindo, "e queria dar algo para ela, e então pensei, o que seria melhor do que uma canção? Decidi compor uma para ela e, quem sabe, convidá-la para sair, para comer um sanduíche ou algo assim".

Ele nunca deu a canção para sua paixão, mas continuou compondo e estudando música. E também partiu para a atuação, no Dillard Center for the Arts, em Fort Lauderdale, e depois no American Musical and Dramatic Academy, em Nova York, além de aperfeiçoar seu talento no basquete. Ele conheceu seu futuro empresário, Frank Harris, quando tinha 12 anos e Harris era um estudante de direito ensinando arremesso na lateral da quadra.

Em 2006 foi oferecido a Derulo o papel de Benny na peça "Rent" da Broadway e ele se viu em uma encruzilhada. "Eles queriam que eu me comprometesse [com 'Rent'] por um ano, mas eu tinha que escolher: aceitar e ganhar mais dinheiro do que jamais tinha visto na vida, ou continuar atrás daquele sonho musical que era apenas um sonho, e irreal para a maioria das pessoas? Então eu recusei todo aquele dinheiro e continuei atrás do sonho irreal. A estrada menos percorrida".

Felizmente, o sonho de Derulo rapidamente começou a se realizar. Ele ganhou o grande prêmio pela temporada de 2006 de "Showtime at the Apollo". Ao mesmo tempo, Tommy Rotem descobriu Derulo por meio do MySpace e o indicou para seu irmão, o produtor J.R. Rotem. "Naquela época eu já estava compondo para muita gente no meio. Eles queriam que eu assinasse um contrato como compositor, porque era como me conheciam. Quando cheguei em Los Angeles, nós gravamos seis canções em uma noite. Foi uma experiência incrível".

Derulo conta que nunca tinha sentido uma química igual a que sentiu com J.R. "Foi inspirador, porque nós éramos semelhantes musicalmente. Ele pode criar uma canção para Rick Ross ou para Britney Spears ou Pussycat Dolls. Eu senti: 'uau, encontrei alguém parecido comigo e que adora todo tipo de música'. Tive treinamento formal em música e ele também, o que é realmente empolgante. Nos divertimos muito criando essa música, porque o céu era literalmente o limite".

Fazer parte de um ambiente inebriante foi empolgante para Derulo, mas apenas até certo ponto. "Nunca me senti intimidado por alguém. Minha postura sempre foi de que as pessoas são apenas pessoas. Não acredito que teria chegado até aqui se não pensasse assim, porque as pessoas podem ser realmente um problema. Você precisa manter uma armadura à sua volta ou não conseguirá fazer nada. Eu sempre me mantive nessa armadura, porque as pessoas me disseram por anos que meu sonho era impossível. Ouvi isso a vida toda, então sou imune à negatividade ou à intimidação".

Admirado por Lady Gaga
A carreira gravada de Derulo começou quando ele apareceu em "Bossy" (2007), uma canção que ele compôs em parceria com o rapper Birdman. Mas ele e Rotem planejaram com calma a estreia de Derulo como artista solo, aguardando pela canção perfeita para lançá-lo.

Eles finalmente a encontraram em "Watcha Say": contendo um sample de "Hide and Seek" (2005) da cantora britânica Imogen Heap, ela não apenas ficou no topo da parada Billboard Hot 100 e foi triplamente platinada nos Estados Unidos, mas também foi Top 10 em outros oito países. "J.R. colocou [aquele sample] na mesa e eu topei. Aquela canção era tão diferente, tão inovadora, e as pessoas da indústria pop não tinham ideia de quem era Imogen Heap, então fiquei feliz por apontar os holofotes para ela. Foi uma combinação bonita".

O tema da canção, de busca do amor perdido, foi um que ele vivenciou indiretamente. "Eu já tinha o conceito na minha mente, porque meu irmão estava passando por uma situação com sua namorada. Ele estava implorando para que ela voltasse, porque ele a tinha traído e ela o deixou. Então usei Imogen Heap como a garota e eu era o sujeito implorando pela volta da amada, e funcionou perfeitamente".

A canção seguinte, "In My Head", por outro lado, é sobre o próprio Derulo. "É uma história sobre a minha imaginação. Muitas vezes eu encontro uma garota pela primeira vez e penso: 'uau, ela é linda. Eu adoraria mostrar para ela o que se passa na minha cabeça, porque há muitas coisas malucas rolando lá no momento'. Então é um convite à minha imaginação".

Os fãs aceitaram o convite. A canção chegou ao 5º lugar na Billboard Hot 100 e recebeu dois discos de platina, e foi seguida pelas canções que receberam disco de ouro, "Ridin' Solo" e "The Sky's the Limit", que tem uma frase envolvente tirada de "Flashdance... What a Feeling" (1984) de Irene Cara.

Além de seus singles, "Jason Derulo" também ganhou força graças a Derulo ter aberto os shows da turnê "Monster Ball" de Lady Gaga, em 2009 e 2010. "Foi incrível. Eu me apresentava diante de milhares de pessoas a cada dia, e foi a primeira vez que fiz isso. Foi empolgante ver como, durante a primeira parte da turnê, as pessoas ainda estavam começando a me conhecer e, à medida que a turnê avançava, elas me conheciam cada vez mais".

Para ele, Lady Gaga é tão incrível fora do palco quanto no palco. "Foi inspirador ver quão longe ela foi em apenas um ano. Nós nunca realmente conversamos, mas um dia ela veio até mim e disse: 'Jason, eu já vi pessoas chegarem e partirem, mas quero que você saiba que você é especial. Você é realmente especial. Você é um astro absoluto'. Isso significou muito vindo dela".

"Jason Derulo" chegou ao Top 10 em cinco países e ganhou disco de ouro no Reino Unido e na Austrália. "Está funcionando em toda parte, que é uma das coisas que precisam acontecer para que eu possa ser tão grande quanto desejo ser. É realmente incrível ir a esses lugares diferentes e ver até mesmo pessoas que não falam inglês cantando cada palavra comigo. Isso é realmente especial".

Derulo ainda nutre ambições de trabalhar como ator e gostaria de ter sua própria grife de moda algum dia. Por ora, entretanto, ele está se concentrando em seu segundo álbum, que ele promete que será "um álbum totalmente diferente do primeiro". "Eu literalmente já dei a volta ao mundo. Parte dele soa sombrio, parte dele soa festivo. Parte dele é realmente emotivo. Há um enorme salto de crescimento. Eu vou cuidar de todos os aspectos, então é um material muito, muito empolgante".

*Gary Graff é um jornalista free-lance baseado em Beverly Hills, Michigan