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Entre elogios e rejeições, Weird Al Yankovic reconstrói hits tirando sarro de astros pop

Weird Al Yankovic durante pré-estreia de "Bad Teacher", no Ziegfeld Theatre, em Nova York (20/06/2011) - Getty Images
Weird Al Yankovic durante pré-estreia de "Bad Teacher", no Ziegfeld Theatre, em Nova York (20/06/2011) Imagem: Getty Images

GARY GRAFF*

The New York Times Sindycate

29/07/2011 07h00

Após mais de três décadas tirando sarro de astros pop, Weird Al Yankovic percebeu que o sucesso em parodiar o rock é bem simples. "Meus álbuns fazem mais sucesso quando são lançados ao mesmo tempo que um single oportuno, e talvez celebrem um evento da cultura pop de grande magnitude", diz Yankovic, o entertainer acordeonista que transformou "Beat It" (1982) de Michael Jackson em "Eat It" (1984), e "Like a Virgin'" (1984) de Madonna em "Like a Surgeon" (1985).
 
Na mira de seu novo álbum, "Alpocalypse", estão Lady Gaga e o novo sucesso dela, "Born This Way", que o músico transforma em "Perform This Way". "Achei Lady Gaga um evento suficientemente grande", diz Yankovic, um californiano de 51 anos que ficou famoso na adolescência nos anos 70. E a escolha de Gaga provou ser uma boa ideia: "Perform This Way" levou "Alpocalypse" a estrear no 9º lugar na parada norte-americana, o melhor resultado do artista.
 

Weird Al Yankovic - "Perform This Way"

Apesar de não haver exigência legal para obter autorização de um artista para parodiar suas canções, Yankovic prefere ir atrás dos responsáveis. Geralmente ele enfrenta pouca resistência, mesmo de pessoas notoriamente controladoras como Jackson e o criador de "Star Wars", George Lucas, cujo "Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma" (1999) inspirou "The Saga Begins" (1999) de Yankovic, que se apoiava na canção "American Pie" (1971) de Don McLean. 
 
Lucas "abriu um largo sorriso quando ouviu [o pedido para paródia]", disseram para Yankovic, enquanto McLean o proclamou como "gênio". "Você sente que chegou lá quando [Yankovic] deseja parodiar uma de suas canções", disse o co-fundador do Barenaked Ladies, Steven Page. Mas Lady Gaga provou ser mais difícil de lidar do que a maioria dos astros pop.
 
GagaGate: rejeição da empresária x aprovação da artista
A empresária de Gaga inicialmente rejeitou o pedido para, em seguida, ser autorizado pela própria cantora. "Apesar da empresária ter negado, ela nunca perguntou diretamente para Gaga, que ficou surpresa quando as pessoas passaram a questionar: 'por que você não está deixando Weird Al fazer sua paródia?' Ela não sabia de nada e, quando ouviu a canção, adorou e me deu a permissão".
 
Este não foi um incidente isolado ao longo de sua carreira. "Acho melhor, sempre que possível, procurar diretamente os artistas e lidar com eles pessoalmente, mas, como foi o caso, eu não tinha o telefone da casa de Lady Gaga e nem o e-mail dela". Yankovic apressou o processo ao postar a canção no YouTube durante as negociações.
 
"Nunca fiz isso antes", ele ressalta, dizendo que divulgou a canção porque a empresária de Gaga insistia em ouvir a gravação em vez de simplesmente analisar a letra. "Eu imaginava que, se você não considerar a letra ofensiva, então não a considerará ofensiva quando ouvir a versão produzida".
 
Agora a batalha já ficou para trás. Yankovic é fã de Gaga --"Eu acho extremamente talentosa, uma grande compositora e uma intérprete maravilhosa", ele diz-- e o pessoal dela também o autorizou a usar "Poker Face" em um medley chamado "Polka Face", que aparece em "Alpocalypse".
 
O "GagaGate" é um dos poucos momentos controversos da carreira de Yankovic. James Blunt, Led Zeppelin, Paul McCartney e Prince rejeitaram ideias de paródia no passado, e Eminem não o deixou fazer um vídeo para "Couch Potato" (2003), uma versão do sucesso "Lose Yourself" (2002) do rapper, apesar de ter concedido permissão para a canção.
 

Weird Al Yankovic - "Party In The CIA"

Outra fonte de controvérsia é a ideia equivocada de que Yankovic é filho da lenda da polca Frankie Yankovic, que também tocava acordeão, mas não tem ligação com Weird Al. Até mesmo a "NBC" noticiou morte de Frankie Yankovic em 1998 concluindo: "Ele partiu, mas sua música sobrevive em seu filho, Weird Al Yankovic".
 
No início de sua carreira, essa ideia equivocada provocava decepção em sua plateia. "Na minha primeira turnê, após dez minutos, sempre havia mulheres de cabelo azulado na primeira fila que se levantavam e saiam, porque obviamente achavam que eu era filho do Frankie e que tocaria polca a noite toda. Elas ouviam o primeiro acorde de rock da guitarra e pensavam: ‘não, esse não é o filho do Frankie'". Também não ajudou o fato de Yankovic ter participado, em 1996, na faixa "Who Stole the Kishka?", de "Songs of the Polka King, Vol. 1" de Frankie Yankovic.
 
Videoclipes estilísticos
Além de Gaga, "Alpocalypse" também inclui paródias de "You Belong With Me" (2009) de Taylor Swift, como "TMZ"; "Party in the U.S.A." (2009) de Miley Cyrus, como "Party in the CIA"; "Nothin' On You" (2010) de B.o.B., como "Another Tattoo"; e "Whatever You Like" (2009) de T.I., usando o mesmo título. Yankovic também faz homenagens estilísticas ao White Stripes em "CNR"; ao Queen em "Ringtone"; e The Doors em "Craiglist", que conta com a participação de Ray Manzarek, do The Doors, nos teclados.
 
"Party in the CIA", é claro, ganhou uma "segunda vida" potencial após a morte de Osama Bin Laden, em maio. "Eu achei que estava gozando de uma canção pop descartável, mas os eventos mundiais conspiraram para torná-la um pouco mais pervertida do que eu pretendia".
 
Suas homenagens estilísticas, que parodiam o som básico de uma banda em vez de uma canção específica, são particularmente desafiadoras para Yankovic, e suas favoritas. O parodista diz que a participação de Manzarek fez toda a diferença em "Craiglist". "Eu sempre quis fazer algum comentário em cima do The Doors e Manzarek foi incrível. Obviamente, ele é um ícone e uma lenda, e fiquei feliz ao descobrir que ele também tem um ótimo senso de humor".
 

Weird Al Yankovic - "Craigslist"

"CNR" é uma ode irônica ao falecido ator Charles Nelson Reilly, e permitiu que Yankovic prestasse tributo a outra de suas bandas favoritas, o White Stripes. "Eles têm um som singular e achei que seria divertido brincar com isso. Eu sempre procuro por bandas que são tão singulares que as pessoas imediatamente percebem: 'ah, ele deve estar fazendo uma homenagem a eles'".
 
Um prolífico diretor de vídeo --para si mesmo e outros artistas como Black Crowes, Ben Folds e Hanson--, Yankovic já fez videoclipes para dez das canções de "Alpocalypse", a maioria em exibição em seu popular canal no YouTube. "Minha tendência é fazer muitos clipes, porque gosto de exibir minhas coisas da forma como gosto de vê-las", diz Yankovic, que também estrelou o filme "TV Pirada" (1989) e foi apresentador do breve "The Weird Al Show" (1997).
 
"Muita gente gosta de pegar minhas canções e fazer seus próprios vídeos para elas, o que é muito lisonjeiro, mas cheguei a um ponto onde pensei, 'espera aí, são minhas canções, eu quero que também sejam meus vídeos'. Eu quero que sejam bons e tenham qualidade, mas também que seu custo não seja muito alto. Ocasionalmente eu faço um vídeo caro, como 'White & Nerdy' (2006) ou o novo para 'Perform This Way'. É como se fosse um processo contínuo, o que de fato parece certo".
 
Enquanto faz turnê para divulgação de "Alpocalypse", Yankovic continua explorando novas áreas. Em fevereiro ele publicou seu primeiro livro infantil, "When I Grow Up", que chegou ao 4º lugar na lista de mais vendidos do "New York Times" na categoria livro infantil com figuras. "Apesar de ter apenas 851 palavras, eu posso dizer que sou um escritor com livro best seller do 'New York Times'", diz Yankovic orgulhosamente.
 
Mais livros estão a caminho, ele diz, assim como "muitas coisas que estão sendo preparadas e que vão acontecer. Mas ainda não foram oficialmente anunciadas, então provavelmente me encrencaria se as mencionasse. E, após 'Perform This Way', acho que já tive problemas suficientes por ora".
 
*Gary Graff é um jornalista free-lance baseado em Beverly Hills, Michigan