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Dale Earnhardt Jr. Jr. lança disco de estreia em meio a elogios de "nova banda de rock mais badalada"

Daniel Zott e Josh Epstein, da banda Dale Earnhardt Jr. Jr., em foto de divulgação (2011) - Jeff Snow/NYT
Daniel Zott e Josh Epstein, da banda Dale Earnhardt Jr. Jr., em foto de divulgação (2011) Imagem: Jeff Snow/NYT

GARY GRAFF*

The New York Times Sindycate

02/09/2011 06h00

Dale Earnhardt Jr. Jr. é uma das bandas de rock mais badaladas atualmente, mas seus integrantes principais, Josh Epstein e Daniel Zott, preferem não pensar nisso. "Tento não ler blogs ou coisas a nosso respeito", diz Epstein, que junto com Zott mantém uma agenda cheia de shows, tanto antes quanto depois do lançamento de seu álbum de estreia, "It's a Corporate World", em junho. "Geralmente não temos noção do que se passa, porque estamos muito ocupados. Espero que tudo esteja correndo bem", conta Epstein.
 
Parece seguro dizer que está. Formado como uma dupla em Detroit em 2009, o Dale Earnhardt Jr. Jr. está em alta desde meados de 2010, quando seu EP "Horse Power" foi lançado. O pacote de quatro canções --que inclui um cover de "God Only Knows" dos Beach Boys-- chegou às paradas e foi abraçado por veículos formadores de opinião como "NPR" e "Stereogum", e mesmo pela imprensa mainstream, como o "New York Times" e a revista "Spin".
 
No festival texano South By Southwest, em março deste ano, a banda --que ao vivo também inclui o percussionista David Vaugh-- teve seus vários shows considerados como atração obrigatória. Zott, de 27 anos, confessa que não tem a menor ideia de como as coisas estão caminhando. "É surpreendente quão rápido tudo tem acontecido. Eu me sinto abençoado, com sorte". Epstein, de 30 anos, concorda. "É incrível como as pessoas estão respondendo bem à nossa música, temos plateias cheias de energia".
 
Foi uma abundância de energia criativa que levou os dois a formarem o Dale Earnhardt Jr. Jr.. Ambos já estavam envolvidos em outros projetos musicais: Epstein, que frequentou brevemente a Universidade da Califórnia, em Asheville, com uma bolsa de estudos para futebol, foi integrante do Silent Years, enquanto Zott gravou tanto solo quanto com o Great Fiction.

Dale Earnhardt Jr. Jr. - "Nothing But Our Love"

Oferta, demanda e amor à música pop
Os dois começaram a trabalhar juntos, gravando suas canções, no porão da casa da avó de Zott, no subúrbio de Detroit, onde ele morava na época. Zott confessa que ficou apreensivo com a dupla no início. "É preciso ter muita confiança quando você está sendo criativo com alguém", ele explica. "Josh é conhecido por correr esses riscos. Ele não tem um filtro, mas foi mais difícil para mim".
 
Zott se sentiu melhor quando ele e Epstein concluíram sua primeira composição, "Simple Girl", uma canção melódica, para cima, que mostra as ricas harmonias vocais da dupla --e a habilidade deles de assoviar. Ela está presente tanto em "Horse Power" quanto em "It's a Corporate World".
 
O selo independente Quite Scientific, de Ann Arbor, tomou conhecimento deste material e o Dale Earnhardt Jr. Jr. foi contratado. Apesar da dupla "já estar com o álbum inteiro praticamente pronto", segundo Epstein, a Quite Scientific optou por um lançamento gradual, começando por "Horse Power", seguido pelo EP "Remixes", enquanto Epstein e Zott também remixaram a canção "Wait For Me" para Moby.
 
"Aquilo foi apenas uma experiência, algo divertido", diz Zott. "Nós não planejávamos lançar a música nem fazer shows. E se transformou em oferta e demanda: lançamos, as pessoas quiseram mais, então começamos a fazer mais coisas".
 
Os dois músicos muito diferentes estão unidos por uma abordagem comum. "Daniel e eu amamos música pop, antes de 'pop' se tornar uma palavra ruim", diz Epstein. "As pessoas sempre nos perguntam por que escolhemos fazer um cover de 'God Only Knows'. Se você escutar a música, ela tem acordes complexos, é uma canção difícil de aprender, mas se tornou uma canção popular. Todo mundo a conhece. Para nós, é isso o que é interessante".
 
Para Epstein, não há nada errado com uma canção que tem apelo para um grande público. "Os Beatles eram assim, e ninguém discute que foram uma das bandas mais criativas de todos os tempos. Acho que nossos gostos coincidem com este mundo de música popular que é realmente interessante, como Paul Simon, Beatles, Rolling Stones, e algumas coisas mais novas, como o Grizzly Bear faz até certo ponto".

Dale Earnhardt Jr. Jr. - "God Only Knows" (cover de Beach Boys)

A graça do nome e o espírito independente
O nome Dale Earnhardt Jr. Jr. --uma "idiotice", segundo o "Hollywood Reporter"-- tem sua própria história. Epstein diz que ele e Zott, que se apresentam em macacões de mecânicos estilo Nascar e bonés com bandeiras quadriculadas como parte do cenário do show, inicialmente pensavam em chamar a si mesmos de Counting Crows Part 2, até que um amigo sugeriu o nome atual.
 
"Nascar é o segundo esporte mais popular na América, mas em muitas partes do país você não ouve nada a respeito. E a música é segmentada dessa maneira. Nós gostamos de todos esses tipos diferentes de música, e queríamos fazer algo menos projetado, algo que brotasse naturalmente de nós", explica Epstein. O nome também reflete o espírito independente da dupla. "Queríamos expandir os limites do que as pessoas esperam de uma banda 'independente', que estava gravando em seu porão".
 
Mas eles pensaram em mudar o nome da banda depois que a Quite Scientific assinou um contrato de distribuição com a Warner Bros. para "It's a Corporate World". "Houve uma conversa sobre a possibilidade, talvez a longo prazo, de que o nome pudesse atrapalhar", diz Epstein, "porque as pessoas não nos levariam a sério, apesar de termos criado música bem séria".
 

Dale Earnhardt Jr. Jr. - "Simple Girl"

Também havia a preocupação de que o verdadeiro Dale Earnhardt Jr. pudesse fazer objeção, e Epstein enviou uma carta para ele explicando a intenção do grupo. "Ele respondeu dizendo que era um fã nosso e que se sentia lisonjeado por estarmos usando o nome. Ele foi muito bacana com a gente", diz Epstein, que ainda não se encontrou com o piloto de corrida.
 
No final, eles optaram por deixar tudo como estava. "Daniel e eu decidimos que a essência do projeto começou como um veículo divertido para nós", diz Epstein. "Levamos nosso trabalho muito a sério, mas quando você viaja pelo país fazendo shows é mais fácil quando consegue se divertir. Sentimos que, se mudássemos o nome, isso mudaria o espírito do grupo".
 
O nome e a música estão certamente se tornando mais conhecidos a cada semana. Entre as grandes apresentações deste ano estão os festivais Lollapalooza, em Chicago, e o Austin City Limits, no Texas, e há mais por vir. "Nós temos outras coisas realmente empolgantes que ainda não estão fechadas", diz Epstein. Isso inclui o sucessor de "It's a Corporate World". “Nós temos, neste momento, meio álbum para ser gravado. Estamos nos sentindo um pouco mais confiantes desta vez", diz Zott. 
 
"É estranho", conclui Epstein. "Eu sempre disse para mim mesmo que, quando chegasse aos 30, se não tivesse chegado a algum lugar onde sentisse que tinha conseguido algum progresso, eu procuraria outra coisa para fazer. Daí nós assinamos nosso contrato com a Warner quatro meses antes de eu fazer 30. A sensação é que isto estava destinado a acontecer".
 
*Gary Graff é um jornalista free-lance baseado em Beverly Hills, Michigan

Tradutor: George El Khouri Andolfato