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"Só queríamos fazer música decente", diz cantor do Fun, que lidera indicações ao Grammy

Os integrantes da banda Fun: Andrew Dost, Nate Ruess e Jack Antonoff - Lindsey Byrnes/NYT
Os integrantes da banda Fun: Andrew Dost, Nate Ruess e Jack Antonoff Imagem: Lindsey Byrnes/NYT

Gary Graff*

The New York Times Sindycate

07/02/2013 06h00

Os três integrantes do Fun --ou, como eles preferem-- "fun." – têm se divertindo muito nos últimos tempos. O grupo pop de Nova York está aproveitando o sucesso do segundo álbum, "Some Nights" (2012), que em breve ganhará disco de platina e os levou a conquistar seis indicações ao Grammy 2013, cuja premiação será no dia 10 de fevereiro.

O álbum ajudou a emplacar duas músicas nas paradas: "We Are Young", com Janelle Monáe -- que fez história como a primeira música a vender mais de 300 mil downloads durante sete semanas consecutivas--, e a faixa título. Em 2012, o Fun participou do "Saturday Night Live" e viu várias de suas músicas serem usadas em séries de TV e filmes, inclusive a nova "Sight of the Sun", que está na trilha sonora da série "Girls", da HBO.

Tudo isso deixou os garotos do Fun rindo à toa e um pouco assustados com o sucesso repentino. "É estranho", confessa o vocalista Nate Ruess, por telefone, de Los Angeles. "É doideira, mas apesar de estressante, é muito legal".

Fun - "We Are Young" (com Janelle Monáe)

Aprendendo a compor músicas que queria
Foi Nate Ruess que criou o grupo em 2008, logo depois do fim de sua antiga banda, The Format, recrutando o guitarrista Jack Antonoff, do Steel Train, e o multi-instrumentista Andrew Dost, do Anathallo. "O Fun vinha crescendo desde que começamos", Ruess continua, "mas aí explodimos e a coisa mudou drasticamente. Nunca sonhamos com uma indicação ao Grammy, era meio inconcebível para três caras que só queriam fazer música decente".

Participação de Janelle


A cantora Janelle Monáe, que gravou com o Fun o hit "We Are Young", foi uma das últimas peças que faltava ao quebra-cabeça do disco "Some Nights". "O álbum estava praticamente pronto", conta o vocalista Nate Ruess, "mas queríamos uma voz feminina para fazer a ponte numa determinada música".

"Fizemos uma lista, os três juntos; Janelle encabeçava a lista do Andrew e o Jeff tinha acabado de conhecê-la e mostrado a música. Ela respondeu imediatamente e ficamos superempolgados. Ouvimos a versão dela umas semanas depois", ele continua, "e parecia que tinha sido gravada ou na Lua ou no futuro, que são os dois lugares para onde parece ir quando canta. Ficou perfeito".

Uma das seis indicações ao Grammy 2013 é a de Melhor Artista Revelação, homenagem estranha a uma banda que já existe há cinco anos --mas é claro que os rapazes não vão reclamar. "A impressão que eu tenho é a de que a festa já estava rolando e agora o pessoal começou a chegar", diz Antonoff, de 28 anos.

A recepção do primeiro álbum do trio, "Aim and Ignite" (2009), foi relativamente modesta, apesar de bem recebido pelos críticos. Para promovê-lo, a banda fez turnê com o Jack's Mannequin e o Paramore, com quem chegou até a lançar um single em 2011.

Porém, conforme o trio se preparava para criar "Some Nights", já estava claro que o resultado seria bem mais elaborado. "No primeiro álbum a gente ainda estava meio que conhecendo um ao outro", conta Dost, de 29 anos. "Tenho muito orgulho do disco, mas acho que em 'Some Nights' a gente finalmente aprendeu a compor as músicas que queria".

Ruess diz que, entre o lançamento dos dois álbuns, Antonoff e Dost também descobriram como lidar com o que chama de método "cabeça-de-vento" de criar. "No primeiro álbum foi difícil para o Jack e o Andrew me entenderem, ou mesmo confiarem em mim, afinal são compositores tarimbados", admite Ruess. "Quando fizemos o primeiro disco, éramos só amigos que admirávamos o trabalho uns dos outros. Rolou muito essa coisa de querer impressionar e nem sempre o resultado foi coeso".

Dois outros fatores também pesaram: primeiro, o trio saiu do selo independente Nettwerk Records para a Fueled by Ramen, gravadora afiliada à Atlantic Records; além disso, o grupo começou a trabalhar com o produtor Jeff Bhasker, famoso no pop, R&B e hip-hop.

Fun - "Some Nights"

O significado de "Some Nights"
A bombástica faixa título foi composta na Escócia, durante a turnê que promovia o disco "Aim and Ignite". "Eu disse para os caras que queria chamar o álbum de 'Some Nights'", Ruess conta. "Não sei de onde veio, mas eles gostaram, acharam fantástico, aí tive que começar a pensar no que aquilo significava para mim e compor uma música para dar o título".

"Não sei por quê, estava pensando em 'Graceland' (1986), o álbum do Paul Simon", prossegue. "Eu tinha o refrão, mas não sabia o que fazer com o verso e me lembro de ter escrito: 'Esta vai ser a melhor música que você já compôs' e, na mesma hora, vi que tinha comprado um desafio".

O grupo espera permanecer na estrada em 2013, tanto que Ruess nem vai se preocupar em alugar um lugar para morar e nenhum dos três pensa no próximo álbum. "Acho que seria meio injusto pensar no que está por vir", admite Antonoff. "Nossa missão agora é trabalhar para as pessoas que apoiaram esse álbum e tocar com a mesma garra com que o gravamos. Por enquanto, o que temos pela frente é a história do 'Some Nights' e como vamos contá-la ao mundo".

*Gary Graff é jornalista freelancer em Beverly Hills, Michigan