Em "Secret, Profane & Sugarcane", Elvis Costello retorna ao country e pega a estrada nas raízes dos EUA
Elvis Costello não tem medo da estrada. Nem de entrar nas vias que cruzam seu caminho. Nas últimas três décadas andou viajando em diversas aventuras musicais: do rock britânico e do punk, passando pela new wave, ao jazz, ópera e country, sem nunca tirar o pé do patamar que o ergue como um dos grandes nomes da cultura pop.
Neste novo "Secret, Profane & Sugarcane", Costello volta às raízes norte-americanas para revisitar o terreno country e molhar os pés nas margens do Mississippi. No rastro de "Almost Blue", seu disco de 1981 em que regravou sucessos western, Costello retorna à cidade de Nashville para gravar este, que já é um dos melhores registros do ano.
Para o disco acústico, sem bateria, Costello convocou músicos do gênero como Jerry Douglas (violão), Stuart Duncan (rabeca), Mike Compton (bandolim), Jeff Taylo (acordeão) e Dennis Crouch (contrabaixo). São 13 faixas de música country tradicionalmente americana e de bluegrass que pedem para engatar a primeira marcha e seguir adiante.
Aqui, Costello garantiu dez músicas inéditas, como "Sulphur to Sugarcane" (parceria com o produtor de "Secret", T Bone Burnett) e "I Felt The Chill" (segunda colaboração do cantor com Loretta Lynn). Johnny Cash, a personificação do gênero, ganhou duas homenagens, uma delas "Hidden Shame", que foi lançada pelo "Homem de Preto" em 1990, no disco "Boom Chicka Boom".
Liricamente sofisticado, o marido da pianista Diana Krall continua sendo a resposta do Reino Unido a Bob Dylan. Costello tem um disco inteiro de histórias para contar. Em "I Felt the Chill", ele narra uma traição e vê um amor se desmoronar em tempo real ("I will have lost your love by the end of this sad refrain"), embalada por um melancólico bandolim.
A rural "The Crooked Line", segundo o próprio, é a única canção que já escreveu sobre a fidelidade e que não tem ironias ("life isn't a game", ele diz). "I Dreamed of My Old Lover", uma bonita melodia com arranjos de violinos, coloca em cena uma mulher insatisfeita que tem medo de revelar segredos durante o sono com seu marido deitado ao lado ("I rarely dream of anyone"). Um dos destaques do disco, "How Deep is the Red" faz parte da ópera inacabada sobre a vida de Hans Christian Andersen.
"She Was No Good" traz referências históricas inspiradas na turnê de 1850 de Jenny Lind, uma cantora de ópera sueca do século 19, e "Sulphur to Sugarcane" passeia por Roma e China, antes de voltar aos Estados Unidos e explorar o mapa da América pelo Texas, Mississippi, Alabama, Louisiana, Indiana. Se Costello pegou mesmo a estrada, "Secret, Profane & Sugarcane" com certeza foi sua trilha sonora. (MARIANA TRAMONTINA)
ELVIS COSTELLO
"Secret, Profane & Sugarcane"
Gravadora: Universal
OUÇA NA RÁDIO UOL
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