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Sem papo nem clichês, Stereophonics estreia barulhento no primeiro show da carreira em SP

Kelly Jones, guitarrista e vocalista da banda galesa Stereophonics, durante show no Citibank Hall, em São Paulo (18/11/2010) - Lucas Lima/UOL
Kelly Jones, guitarrista e vocalista da banda galesa Stereophonics, durante show no Citibank Hall, em São Paulo (18/11/2010) Imagem: Lucas Lima/UOL

MARIANA TRAMONTINA

Da Redação

19/11/2010 02h36

Dezoito anos se passaram desde que o Stereophonics tomou forma como banda. Sete discos e um punhado de hits depois, o quarteto galês veio ao Brasil pela primeira vez para mostrar ao público daqui como soam suas músicas ao vivo. E só. Sem muito papo, diretos e sem clichês, a banda tocou por quase duas horas na noite desta quinta-feira (18), em São Paulo, 24 faixas de seu extenso catálogo. Em uma das duas vezes que dirigiu-se às 2.500 pessoas no Citibank Hall, o vocalista Kelly Jones agradeceu a presença de todos e avisou que voltará.

No palco, os arranjos tipicamente radiofônicos ganharam peso extra. A primeira meia hora do show veio numa sequência de sete músicas cheias de guitarra, riffs sujos e bateria pesada. Do início, com "The Bartender & The Thief" e "A Thousand Trees", passando por "More Life In A Tramps Vest" e "Superman", até chegar na recente "Uppercut", todo o som tirado dos instrumentos dos músicos saiu barulhento. Até mesmo a balada "Mr. Writer", celebrada como hino pela plateia e com um bonito solo de piano, ganhou uma versão mais rápida e alongada nos vocais roucos de Kelly Jones.
 
O Stereophonics tirou seu tempo para respirar numa curta série que começou com "Have a Nice Day", quando Kelly trocou a guitarra por um violão e se dirigiu pela primeira vez ao público. "Vocês estão bem? Essa é uma canção que fala de San Francisco", ele avisou. A balada "It Means Nothing" complementou a marcha lenta do show, que só foi quebrada com "My Friends". Sucesso nas rádios brasileiras, "Maybe Tomorrow" foi cantanda em coro e com aprovação do vocalista, provando que a banda ainda é a cara do britpop dos anos de 1990.
 
Entre um refrão grudento e outro, o Stereophonics encaixou a arrastada "Soldiers Make Good Targets", que só teve efeito com os fãs mais dedicados, e foi emendada com a faixa que faz dobradinha no disco "Pull The Pin" (2007), "Pass The Buck". Uma das melhores sequências do show veio com a melódica "Pick A Part That's New", seguida pelo primeiro single do último disco, "Innocent", e fechando com "Too Many Sandwiches", hit da estreia da banda, de 1997, que ganhou um final épico com riffs sujos e viradas de bateria, acompanhados por um jogo de luzes que dançava conforme a batida.
 
A delicada "Bright Red Star" levou Kelly Jones ao palco apenas com um violão para cantar, no tom mais intimista que a apresentação poderia chegar, que "Mary é minha estrela vermelha brilhante", sob luzes da mesma cor. Ao voltar para 2001, a banda resgatou "Vegas Two Times" num hard rock embriagado sobre a cidade dos Estados Unidos, em mais uma tentativa de entrar no mercado norte-americano, feito que a banda nunca alcançou, apesar de liderar frequentemente as paradas da Europa e Reino Unido.
 
A primeira parte do show foi encerrada com "Just Looking" e "Local Boy In The Photograph", duas músicas que ainda soam tão bem quanto quando foram lançadas há mais de uma década. Para o bis, o Stereophonics voltou ainda com mais volume nas caixas de som para o público em "Madame Helga", as recentes "She's Alright" e "Trouble", e o final com a dançante "Dakota" e seus elementos eletrônicos.
 
Kelly Jones é de poucas palavras. Empunhando sua guitarra, ele também mal deixa seu posto de vocalista em frente ao microfone. O baixista Richard Jones e o guitarrista Adam Zindani trocam sorrisos ocasionais entre si, enquanto o baterista argentino Javier Weyler se concentra nas baquetas e o tecladista de apoio Tony Kirkham exerce seu trabalho com competência. 
 
Mesmo na contramão de grandes rockstars, a postura sólida da banda não incomoda. Kelly Jones tem uma moeda: sua voz rouca, que preenche todo o ambiente. E, embora a qualidade dos shows seja raramente duvidosa, nos últimos anos as apresentações do Stereophonics se tornaram previsíveis. Eles tentam fugir do óbvio trocando seu repertório o quanto for possível. Por sorte, suas músicas funcionam como a presença de palco da banda.
 
Veja as músicas que o Stereophonics tocou em SP:
 
"The Bartender and the Thief"
"A Thousand Trees"
"More Life In A Tramps Vest"
"Superman"
"Stuck In A Rut"
"Uppercut"
"Mr. Writer"
"Have A Nice Day"
"It Means Nothing"
"My Friends"
"Maybe Tomorrow"
"Soldiers Make Good Targets"
"Pass the Buck"
"Pick A Part That's New"
"Innocent"
"Too Many Sandwiches"
"Bright Red Star"
"Vegas Two Times"
"Just Looking"
"Local Boy In The Photograph"
 
bis
"Madame Helga"
"She's Alright"
"Trouble"
"Dakota"