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Janelle Monáe mistura James Brown, ficção e performance teatral no palco em Florianópolis

Janelle Monáe surpreende no Festival Summer Soul em Florianópolis (8/1/2011) - Marco Dutra/UOL
Janelle Monáe surpreende no Festival Summer Soul em Florianópolis (8/1/2011) Imagem: Marco Dutra/UOL

FERNANDO KAIDA

Enviado especial a Florianópolis (SC)

09/01/2011 07h05

A cantora norte-americana Janelle Monáe fez o show mais surpreendente do Summer Soul Festival, evento realizado em Florianópolis neste sábado (8), para cerca de 10 mil pessoas, de acordo com a organização. O festival teve também shows de Mayer Hawthorne e Amy Winehouse.

Com o elogiado disco de estreia "The ArchAndroid", de 2010, como base do repertório, Janelle e sua banda fizeram um espetáculo que misturou referências a ficção científica, performance teatral e James Brown.

A apresentação teve início às 23h25, quando um mestre de cerimônias de fraque e cartola anunciou a cantora. A banda então, cujos músicos vestiam camisa branca e gravata borboleta --apenas o guitarrista estava de terno--, subiu ao palco enquanto no telão era exibido um vídeo com Monáe trajando o figurino com o qual aparece na capa do disco. Depois da introdução, o show entrou em clima de festa com "Dance or Die". 

Enquanto Janelle cantava, cenas do filme alemão da década de 1920 "Metrópolis" eram exibidas no telão e duas dançarinas iam de um lado para outro vestindo os mantos com capuz com o qual entraram no palco juntamente com a vocalista. A sequência irresistível veio sem intervalos com "Faster" e "Locked Inside".

Monáe, de calça e gravata pretas, camisa branca e seu já conhecido topete dançava como uma verdadeira discípula de James Brown, com passos e trejeitos que pareciam copiados do cantor morto em 2006. Foram justamente as canções mais animadas, entre elas ainda "Cold War" e "Tightrope", que renderam os pontos altos do show.

Momentos performáticos, como o solo do guitarrista sozinho no palco e a balada psicodélica durante a qual Monáe pintou um quadro enquanto cantava, esfriaram a plateia. Janelle toca com uma grande banda, com destaque para o tecladista, animadíssimo, e tem uma presença contagiante no palco. Pode ter um show impecável se der menos espaço a esse lado teatral.

Mesmo assim, a cantora novata mostrou que tem personalidade, já que se inspirou em James Brown não só na dança, mas também em uma das marcas registradas do cantor: recebeu do mestre de cerimônias um manto ao final do show, como era comum nas apresentações do Padrinho do Soul.

Mayer Hawthorne boa praça
O cantor e compositor norte-americano Mayer Hawthorne e sua banda abriram às 22h10 a programação do festival. 

Simpático, Hawthorne foi a única atração a se comunicar com frequência com a plateia, e divertiu os presentes com seu soul de levada pop e a história de que foi confundido com o astro do filme "Homem Aranha", o ator Tobey Maguire, no aeroporto de Florianópolis.

"Se voce não veio para dançar, melhor ir para o fundo", brincou logo no início do show, centrado em seu único disco, "A Strange Arrangement", de 2009. 

De terno claro, camisa escura e gravata borboleta, Hawthorne mostrou canções próprias, como "Make Her Mine", "Green Eyed Love" e "Maybe so, Maybe no", covers do Electric Light Orchestra ("Mr. Blue Sky") e Snoop Dogg ("Beautiful") e a inédita "I Need You".

Ao final do show, após cerca de 50 minutos, jogou para a plateia seu primeiro single, lançado em vinil vermelho no formato de coração.