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Despedida: LCD Soundsystem mostra lacuna que deixará ao encerrar carreira

James Murphy durante show do LCD Soundsystem no clube Warehouse, em São Paulo (18/02/2011) - Lucas Lima/UOL
James Murphy durante show do LCD Soundsystem no clube Warehouse, em São Paulo (18/02/2011) Imagem: Lucas Lima/UOL

MARIANA TRAMONTINA

Da Redação

19/02/2011 06h46

Foi o início do fim. Na primeira turnê desde o anúncio da despedida dos palcos, o LCD Soundsystem veio ao Brasil abrir a lacuna que começa a surgir com o encerramento de uma bem sucedida carreira de dez anos, diluída em apenas três discos e sob o nome de uma das bandas fundamentais dos anos 00. Já na madrugada deste sábado (19), no festival No Mondays/Popload Gig, o LCD se despediu da plateia de São Paulo, em seu provável último show na capital paulista.

Nas duas horas que esteve no palco, James Murphy e sua banda de seis pessoas recordaram com o público uma década dedicada à música com seu electro-punk embalado por batidas funkeadas e repetitivas. O show foi uma representação da própria discografia, mesclando estilos que passavam do rock ao synth-pop oitentista, e recriando as canções sem quebrar a energia da música ao vivo.

Eles dividiram com uma plateia fervorosa as lembranças do ano de estreia da banda, em 2005, com "Tribulations", "Movement", "Losing My Edge", "Yeah" e o primeiro grande hit, "Daft Punk Is Playing at My House". De 2007 estavam "Get Innocuous!", "Someone Great", "New York, I Love You..." e o hino da amizade "All My Friends". Mas foi com o trabalho mais recente, o elogiado "This Is Happening" (2010), que eles, aparentemente, queriam deixar uma última boa impressão, despedindo com "Dance Yrself Clean", "Drunk Girls", "I Can Change", "You Wanted a Hit" e "Home".
 
 
Se o currículo de James Murphy mantém sua popularidade em alta --entre indicações ao Grammy, vídeos com direção de Spike Jonze e músicas para a Nike-- melhor ainda é sua dedicação ao palco. A energia dos shows do LCD Soundsystem é quase palpável porque, ao vivo, tudo é real. As músicas são tocadas por instrumentos de verdade, e não por laptops ou aparatos eletrônicos usados em estúdio, enquanto Murphy se concentra em seus vocais, que se expandiram no alcance ao longo dos anos.
 
Entre argumentos de que não teria criado uma banda para ser um pop star, Murphy garante que acabar com o LCD Soundsystem é a coisa certa a ser feita, antes que sua bem sucedida banda comece a se tornar constrangedora no alto de seus 41 anos. O inquieto Murphy sabe que há a necessidade de começar de novo. E sua gravadora DFA Records promete ser o ponto inicial.
 
Antes do LCD, o palco do festival foi tomado por cinco rapazes britânicos sob o nome de Turbogeist. A banda de influências punk liderada por Jimmy Jagger, filho do Rolling Stone Mick Jagger, apresentou seu repertório a um público escasso. que desconhecia sua origem. Atração no lugar errado, o som garageiro do grupo foi vaiado no final da apresentação, terminando em alvo de chacota de Jimmy, que minutos antes revelou que estava realizando um sonho ao vir tocar no Brasil. (MARIANA TRAMONTINA)