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Em SP, Kate Nash transforma seu repertório pop em barulho gratuito e guitarras distorcidas

Kate Nash durante apresentação no HSBC Brasil, em São Paulo (25/02/2011) - Lucas Lima/UOL
Kate Nash durante apresentação no HSBC Brasil, em São Paulo (25/02/2011) Imagem: Lucas Lima/UOL

MARIANA TRAMONTINA

Da Redação

26/02/2011 03h07

De perto, Kate Nash é essa menina sorridente, de jeito gracioso, que faz coraçãozinho com as mãos para os fãs e de voz suave para cantar canções essencialmente pop. Mais de perto ainda, de frente para ela, Kate Nash tem mais a acrescentar: gritos estridentes, guitarras distorcidas e muito barulho gratuito. Depois de passar pelo Rio de Janeiro, a inglesa de 23 anos veio a São Paulo nesta sexta-feira (25), em seu segundo e último show no país, mostrar que aquela postura fofa... bom, não é bem assim.
 
De carona na última invasão feminina que alastrou-se pelo pop britânico, Kate poderia soar igual às suas colegas (Lily Allen, Florence and the Machine ou até mesmo a escandinava Ida Maria) caso não tivesse as mãos de Bernard Butler, ex-Suede, para lapidar suas ideias no disco "My Best Friend Is You", que ela lançou no ano passado para impulsionar essa turnê. E foi com este álbum, de estruturas mais sólidas, que ela parece ter saído do mundo quase lúdico de "Made of Bricks" (2007) para emancipar influências eminentes.
 
Para o palco, Kate busca inspiração no punk rock inglês e no movimento riot grrrl norte-americano, de bandas femininas como Bikini Kill e Le Tigre. Sua música jamais estaria na prateleira punk nem ela tenta parecer uma freqüentadora do CBGB fora de seu tempo, mas as influências são emolduradas para caber em seus temas repletos de ironia e humor ácido, que ao vivo ganham peso extra. É como representa a frenética "I Just Love You More", de letra minimalista sob gritos e distorções, que abriu a apresentação em São Paulo, após 50 minutos de atraso.
 
Em pouco menos de duas horas, Kate enfileirou músicas de seus dois únicos discos, abusou do spoken words (as declamações de suas narrativas ácidas), deixou os instrumentos e arranjos à mostra (ao contrário da gravação de seu primeiro disco) e se alternou entre a guitarra, o violão e o piano. Encantanda com as manifestações dos (poucos) fãs que estavam no HSBC Brasil, numa plateia essencialmente feminina, Kate atendeu pedidos e, inicialmente contrariada por não lembrar a letra, tocou sozinha "We Get On". Fora do roteiro pré-programado, ela foi aplaudida pela própria banda ao fim de sua execução.
 
Ao final de 18 músicas, Kate deixou o palco para uma pausa de cinco minutos antes de voltar ao bis, com "Nicest Thing", "Pumpkin Soup", chuva de papéis picados coloridos, mais gritos e sua atitude mais punk da noite: dançando em cima das teclas do piano, coberta por uma bandeira do Brasil, e se jogando do palco para cumprimentar os fãs mais próximos. Como ela havia bradado momentos antes em "Mouthwash", "eu estou cantando oh-oh numa sexta-feira à noite, e espero que tudo fique bem".
 
Veja as músicas que Kate Nash tocou em São Paulo:
 
"I Just Love You More"
"Do Wah Doo"
"Mouthwash"
"Kiss That Grrrl"
"Take Me To A Higher Plane"
"Don't You Want To Share The Guilt?"
"I Hate Seagulls"
"Birds"
"Later On"
"I've Got A Secret"
"Mansion Song"
"Model Behaviour"
"Dickhead"
"Mariella"
"Paris"
"Foundation"
"We Get On"
"Merry Happy"
 
bis:
"Nicest Thing"
"Pumpkin Soup"