Em boa fase, Deftones volta ao Brasil após "experiência terapêutica" com novo disco

Quando esteve no Brasil pela última vez, em 2009, o Deftones saía de um buraco negro. O grave acidente que deixou em coma o baixista Chi Cheng, no final de 2008, ainda estremecia os ânimos da banda, que se adaptava com entrada de Sergio Vega, e pendia entre um álbum inacabado e a incerteza sobre o futuro do grupo.

 

Quase três anos depois a história é outra. Chi continua em recuperação ("ele é um cara forte", diz o vocalista Chino Moreno), mas o Deftones seguiu em frente com um trabalho inédito e ajustando o integrante interino nas novas intenções. E é assim que o grupo de Chino volta ao país no dia 4 de abril para um único show em São Paulo, no Credicard Hall.

 

A quarta visita do Deftones a um palco brasileiro vem impulsionada pelo lançamento de "Dimond Eyes" (2010), um álbum que, segundo Chino, a banda tem muito orgulho e que surgiu sem a pressão de repetir o sucesso comercial de "White Pony" (2000). "Foi uma decisão difícil ir em frente com este disco, levando em conta o estado de Chi. Nós não sabíamos qual era o nosso futuro [após o acidente com o baixista]. Acho que foi uma experiência terapêutica. E é, sem dúvida, a melhor gravação que já fizemos", garantiu em entrevista por telefone ao UOL Música.

 

O show em São Paulo terá como convidado os conterrâneos do Cypress Hill, com quem o Deftones já dividiu colaborações em discos e em bandas paralelas, como o Kush. "Vai ser ótimo tocar com eles. Nos conhecemos há uns 15 anos, somos muito próximos, coisa de um frequentar a casa do outro. E, na verdade, esta é a primeira vez que tocamos juntos fora de Los Angeles, por isso estou tão animado com esse show", diz Chino.

 

A ideia inicial era se encontrar para combinar uma performance no palco. "Provavelmente tocaremos alguma coisa juntos", disse Chino. No entanto, em entrevista posterior do UOL Música com B-Real, do Cypress Hill, os planos parecem ter mudado: "Não tivemos tempo de ensaiar alguma coisa, eles têm feito muitos shows, então não deu para fazer uma reunião e pensar em algo especial", antecipou B-Real.

 

Fã do movimento hip-hop --que Chino ressalta ainda, entre seus preferidos, os nova-iorquinos do A Tribe Called Quest--, o vocalista do Deftones não economiza em elogios aos amigos californianos. "Sou um grande fã da música do Cypress Hill. Acho que fazem um ótimo trabalho misturando hip-hop com muita influência de rock", ele conta, destacando sua admiração pela música dos anos 90.

 

Atração também do festival chileno Lollapalooza, onde a banda toca dois dias antes de se apresentar no Brasil, o Deftones deve modificar pouca coisa de seu repertório, que nos últimos shows tem começado com "Birthmark" e "Engine No. 9" e terminado com "Root" e "7 Words", passando por sucessos antigos como "Be Quiet and Drive (Far Away)", "Knife Prty" e "Minerva".

 

O lançamento do vinil "Covers", elaborado para sair no Record Store Day em 16 de abril, deve ser aproveitado no show brasileiro. "A maioria dessas músicas nós gravamos há anos, então temos que voltar a elas e reaprende-las. Ensaiamos algumas porque vamos tentar fazer um show dessas músicas em Los Angeles, mês que vem. Música para nós não é apenas um trabalho, mas também um hobby, e fazer cover é bem divertido para nós. Então provavelmente entrará alguma dessas no show", ele diz sem dar pistas.

 

Chino não revela maiores detalhes do repertório, mas lembra que a última vez que estiveram no Brasil, como atração do festival Maquinária em 2009, ainda não havia "Dimond Eyes" na bagagem. "Vamos tocar algumas das músicas novas que não tocamos da outra vez, e coisas dos outros discos também. Estamos fazendo muitos shows, e isso nos deixou ainda mais entrosados", diz ele. Com apenas um show marcado no Brasil, Chino revela seu também único plano ao entrar no país: "só quero me divertir".