Sharon Jones questiona rótulo de diva e quer colocar pitada soul em música brasileira
Recém-chegada em São Paulo para se apresentar com sua banda The Dap-Kings no BMW Festival, no Auditório Ibirapuera, neste final de semana, a cantora americana Sharon Jones questiona o título de diva do soul. "Essa palavra pode ter uma conotação negativa. Se você me chama de uma diva que é uma ótima cantora, que canta com o coração, com a alma, obrigada. Mas se você está me chamando de uma diva que é uma chata, não”, disse, bem-humorada, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (10).
À frente do Dap-Kings, ela é uma das grandes responsáveis pelo resgate do soul e funk dos anos 1960 e 1970. "Eles me chamam de retrô mas eu tenho 55 anos, para mim retrô é alguém novo tentando imitar algo antigo. Por que não podem dizer neo-soul, ou apenas soul?", reclama. "Até os jovens estão cantando soul, e se eles gravarem um bom disco, por que não poderia ser soul?".
A banda nasceu junto com a gravadora Daptone Records, do baixista Gabriel Roth, conhecido como Bosco Mann, pela qual eles lançaram os quatro álbuns de estúdio. "Tenho orgulho do nosso sucesso. Mesmo sem fazer coisas que os artistas das grandes gravadoras fazem, como pagar as rádios, pudemos construir uma carreira, baseada numa relação íntima com o público", gaba-se Bosco.
Alguns grupos, como The Sugarman Three (do co-fundador da Daptone, Neal Sugarman), The Budos Band e The Daktaris, já lançaram disco pela gravadora, mas Bosco afirma que mesmo recebendo propostas de artistas maiores, o foco é o trabalho de Sharon Jones & The Dap-Kings. "Ganhamos mais investindo na nossa música do que gravando artistas pop".
Não que eles nunca tenham cruzado o caminho de artistas do mainstream. Os Dap-Kings gravaram seis das onze músicas de "Back To Black" (2006), disco de estreia de Amy Winehouse, incluindo os sucessos "Rehab" e "You Know I'm No Good". "Ajudou a nos expor para um novo público maior. E foi nosso primeiro gostinho do mundo das grandes gravadoras. Fizemos alguns shows com ela e a sensação é totalmente diferente", diz o guitarrista Binky Griptite.
Sobre emprestar seus músicos para a cantora problemática, Sharon desdenha. "Enquanto eles estavam com Amy, eu estava com Denzel Washington", diz, referindo-se à ponta que fez no filme "The Great Debaters" (2007), estrelado pelo ator.
Assumindo ter que conhecer mais sobre a música do Brasil, Sharon Jones disse que gostaria de colocar uma pitada soul em uma canção brasileira. Sobre os shows, a banda adianta que é bem diferente do estúdio, podendo adaptar até o andamento da música dependendo da resposta do público.
Sharon Jones & The Dap-Kings em São Paulo neste sábado (11) e domingo (12) e no Rio de Janeiro, na terça (14), como atração do BMW Jazz Festival.
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