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Black music não é feita só de hip-hop, diz Thaíde sobre Black na Cena

ESTEFANI MEDEIROS<br>Da Redação

22/07/2011 20h56

Em entrevista coletiva realizada nesta sexta-feira (22), em São Paulo, o rapper Thaíde falou sobre o festival Black Na Cena, que acontece neste final de semana em São Paulo, na Arena Anhembi "Antes não existia tanto espaço para a música negra. O crescimento da cena e a ideia do festival é a prova que estamos no caminho certo. As pessoas acham que black music é hip-hop, mas não é só de hip hop que é feita a black music", explica Thaíde, entre um gole e outro de caipirinha.

Uma das perguntas da plateia foi do repórter do CQC Rafael Cortez, que visitou a entrevista coletiva sem câmeras para mostrar sua paixão pelo Public Enemy. Cortez tirou a camisa para mostrar uma tatuagem com o símbolo do grupo que surpreendeu Flavor Flav, um dos integrantes da banda.

Conhecido por seu posicionamento radical em relação à política, Flav responde emocionado a pergunta de Cortez sobre como consegue ser controverso em um cenário de hip-hop onde só se fala sobre mulheres e dinheiro. "É difícil ser controverso com todas essas coisas rolando, com esse governo. Mas nós temos informação e não é difícil ser você mesmo. As pessoas mudam, o tempo muda, mas você escolhe ser o que você é. E você pode ter atitude com a música".

  • Shin Shikuma/UOL

    Repórter do CQC, Rafael Cortez foi ao evento para a imprensa sem a equipe do programa pra mostrar o quanto é fã do Public Enemy (22/7/2011)

Durante a apresentação do festival, os organizadores enfatizaram que a proposta é que o Black na Cena vire data marcada no calendário de shows brasileiro e que seja para todas as idades e classes sociais. Além das apresentações musicais, o evento também conta com dois palcos, apresentações de live painting de grafite e low-rider. Cerca de 2.300 policiais e seguranças estarão de plantão no Anhembi.

Com cerca de 33 representantes da black music nacional e internacional, a curadoria do festival foi feita pensando na história do rap, hip-hop, reggae e outros ritmos afro-descendentes. "Os dois palcos vão revezar artistas nacionais e internacionais. Não existe divisão. No primeiro dia escolhemos mostrar o clássico com Clinton. No segundo dia teremos atrações mais pop e no domingo um dos destaques é a apresentação do Thaíde com o Funk Como Le Gusta", disse o diretor do evento, Ricardo de Paula.

Considerado o primeiro grande festival de música e cultura afro da América Latina, o Black na Cena abre sua programação nesta sexta-feira (22) com diferentes ícones da cultura negra como George Clinton, Mad Professor e Public Enemy. "A escola da música negra está aqui. Nada se compara a isso. A molecada que está começando agora tem muito a aprender com esses caras", disse o rapper brasileiro Thaíde, braço direito do festival e uma das atrações do evento.

Novos trabalhos
Flav lembrou que o próximo álbum do Public Enemy foi financiado por fãs e que será a primeira vez que produz um álbum completo com o grupo em 25 anos, por isso a demora em lançar um novo trabalho. "Queremos fazer um álbum clássico, esse processo não é rápido. Queremos algo que fique pelo tempo", disse.

Enquanto Flav falava, George Clinton, que comemora 70 anos nesta sexta (22), chupava um pirulito. O músico contou que sua passagem pelo Brasil está sendo rica, e que com certeza levará influências do país. "Meu próximo álbum com certeza vai ter alguma coisa de bossa nova. Quanto mais coisas ouço daqui como funk, rock, blues, mais gosto", disse o músico.

Questionado sobre uma internação rápida que teve na última semana, em que foi especulada a possibilidade de cancelamento da sua apresentação no festival, Clinton tirou o pirulito da boca, riu e disse: "Oh, man. Don't believe the hype".