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"O palco me ajuda a superar a tragédia", diz vocalista do Biquini Cavadão após morte do filho

Thiago Teixeira/Folha Imagem
Imagem: Thiago Teixeira/Folha Imagem

CADU RAMOS

Colaboração para o UOL

22/07/2011 19h28

De passagem por São Paulo para uma apresentação no Citibank Hall, nesta sexta-feira (22), o vocalista do Biquíni Cavadão, Bruno Gouveia, falou sobre a morte do seu único filho, Gabriel, num acidente de helicóptero, que também vitimou sua ex-mulher, Fernanda Kfuri. O cantor também relembrou momentos engraçados do início da carreira e deu algumas pistas de como será o show desta noite, no qual dividirá o palco com o Ultraje a Rigor.

UOL - Como você recebeu a notícia de que o seu filho, Gabriel, e sua ex-mulher, Fernanda Kfuri, haviam morrido num acidente de helicóptero?
Bruno Gouveia -
Estava em Nova York para gravar quando o guitarrista da banda, Carlos Coelho, me avisou de que teríamos que voltar ao Brasil para um show. Ao chegar, me pediram para desembarcar num lugar fora do comum, então pensei: "Nossa, quem contratou a banda deve ser importante, para mudar até o lugar de desembarque". De repente vi a minha família no local, e caiu a ficha de que algo ruim havia acontecido, mas imaginei que fosse com meu pai. Quando meu irmão veio falar comigo e disse que o problema não era ele, já pensei no Gabriel.

UOL - Em algum momento você pensou em desistir?
Bruno Gouveia - O meu empresário me disse que entenderia se eu quisesse parar, que estava tudo bem. Fiquei dois dias em casa chorando, pensando, e então resolvi que queria continuar, o palco seria minha catarse. E está sendo. O público tem me dado muita força.         

UOL - Voltando aos primórdios, como surgiu a banda?
Bruno Gouveia - Éramos amigos de escola e gostávamos de tocar, mas sem compromisso. Eu pensava em ser engenheiro. Mas então um dia o Carlos Beni [ex-baterista do Kid Abelha], que namorava a irmã do nosso baixista, perguntou que tanto ensaiávamos nos finais de semana, e pediu para que gravássemos. Ficávamos o dia inteiro martelando uma única música: "Tédio". Os vizinhos deviam adorar [risos]. Quando entregamos a fita, imaginamos que ele fosse achar uma porcaria, dar risada, mas surpreendentemente a reação foi contrária, o Carlos achou bom, disse que ia ser o hit do verão e apresentou o material na Fluminense [emissora de rádio carioca que lançou diversas bandas de rock nos anos 80]. A música estourou.

Vocalista fala sobre show com Ultraje a Rigor

UOL - Foram contratados por uma gravadora no ato?
Bruno Gouveia - Sim. O problema é que só tínhamos esta música em nosso repertório. Os executivos perguntavam sobre outras canções e nós mentíamos. A verdade é que nem sabíamos se a arte era o nosso caminho. Corremos para compor outras, como "Timidez" e "No Mundo da Lua", para entrar no primeiro álbum "Cidades em Torrente", de 1986.

UOL - É verdade que nesta época não podiam ser contratados, por falta de repertório?
Bruno Gouveia - É verdade. O Sheik [ex-baixista da banda] atendia ligações dos contratantes e falava o valor da apresentação etc. Quando estava quase tudo fechado, ele informava que só tínhamos quatro músicas [risos]. Alguns desligavam na hora, mas outros propunham que fizéssemos covers, algo que não fazíamos de jeito nenhum. Ou seja, criamos músicas de acordo com a demanda.

UOL - Como surgiu a idéia do nome Biquíni Cavadão?
Bruno Gouveia - Quem deu esse nome foi o Herbert Viana. Na verdade, ele sugeriu dois nomes: Hipopótamos de Kart e Biquíni Cavadão. Gostamos do primeiro, mas aí refletimos que anos mais tarde poderíamos engordar e o nome ficaria cômico. Então optamos por Biquíni Cavadão, o que era um paradoxo: Um nome todo festivo e a gente cantando "Tédio" [risos].

UOL - Vocês já tocaram com o Ultraje, como será o show?
Bruno Gouveia - Já tocamos juntos, inclusive gravamos algumas canções deles. O show será uma festa, com inúmeras canções conhecidas e uma oportunidade única para cantores de plantão soltarem a voz. Ainda não decidimos se haverá uma interação entre as bandas, pois não ensaiamos nada assim, mas de repente pode acontecer.

UOL - Será um único show?
Bruno Gouveia - Sim, mas já temos propostas de novas apresentações. Pode ser que aconteça, pois a receptividade está legal. Os ingressos foram vendidos rapidamente.


TWIT SUPER PARTY EM SP

Quando: 22/7, a partir das 22h
Onde: Citibank Hall (av. Jamaris, 213, Moema)
Quanto: De R$40 a R$140
Informações: 0/xx/11/4003-6464