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"Hoje é mais difícil estar numa banda", diz Jon Spencer, que traz seu Blues Explosion ao Brasil

Os integrantes da banda Jon Spencer Blues Explosion Judah Bauer, Jon Spencer e Russell Simins - Divulgação
Os integrantes da banda Jon Spencer Blues Explosion Judah Bauer, Jon Spencer e Russell Simins Imagem: Divulgação

MARIANA TRAMONTINA

Editora-assistente de Entretenimento

28/07/2011 07h00

Os palcos deram a eles a reputação de shows incendiários e provocativos. A combinação de duas guitarras mais bateria, deixando o baixo em eterno descanso, pavimentou o caminho para White Stripes, Black Keys e The Kills. O portfolio lembra que eles revolucionaram o blues rock e redefiniram a expressão "power trio". Tudo isso foi bombardeado na década passada. "Hoje é mais difícil estar numa banda do que há 15 anos", pondera Jon Spencer, o dono de 45 anos do Blues Explosion, ao telefone com o UOL Música, antes de desembarcar no Brasil para dois shows.
 
Jon Spencer passou os últimos 20 anos em turnês, gravando discos e participando de trabalhos alheios. "Hoje em dia existem mais bandas por aí sendo formadas e separadas constantemente. E, com mais bandas, consequentemente há mais turnês e mais competição, mais grupos para disputar datas, casas de shows e programações de festivais", ele diz em tom de constatação, e não necessariamente de queixa. Afinal ele também concorre por espaço com seus outros projetos paralelos, como o Heavy Trash --que ele trouxe ao Brasil em 2009-- ou o Spencer Dickinson.
 

Jon Spencer Blues Explosion - "Sweet'n'Sour"

A questão que parece afligir Spencer é outra: "as pessoas não compram mais discos", ele crava. Paradoxalmente, numa espécie de resistência e subversão, o músico e seus companheiros de banda Judah Bauer e Russell Simins decidiram relançar seis de seus álbuns e uma coletânea em edições especiais, com materiais extras raros e faixas inéditas, que circulam nas lojas desde o ano passado. "As pessoas só querem baixar música de graça na internet. Ok, cada um sabe o que faz, mas ainda espero encontrar pessoas como eu, que descobrem coisas pela web, mas compram CDs e vinis quando gostam mesmo", diz esperançoso. 
 
Mas se estes são dias de vacas magras na indústria fonográfica, por que insistir em colocar mais produtos, como a reedição substancial de seu catálogo, num mercado tão difícil de ser consumido? "Não tenho pena da indústria, acho que é corrupta e sempre foi. Temos os direitos das nossas gravações, e podemos fazer o que quiser com elas. Por que estamos relançando? Porque estes registros são bons e o Blues Explosion foi uma boa banda. Quero que as pessoas saibam sobre ela". Simples assim.
 
E uma maneira de as pessoas saberem mais sobre a banda é fazendo seus famosos shows explosivos, subvertendo o blues tradicional com elementos punk, funk e rockabilly. No Brasil, duas apresentações estão marcadas para essa semana. A primeira é nesta quinta-feira (28) em São Paulo, no Bourbon Street Music, e a outra é no sábado (30) em Brasília, no festival Porão do Rock. "Nós vamos tocar material de todos os álbuns, mas algumas músicas com novos arranjos. E também novas composições e alguns covers. Acredito que as pessoas queiram ouvir canções diferentes. Espero que quem esteja lá se divirta".
 
As duas apresentações marcam a volta do Blues Explosion ao país após uma década, quando se apresentou em cinco cidades brasileiras em 2001, e celebram a volta aos palcos depois de um hiato de seis anos. "Nunca pensamos em parar definitivamente, não tínhamos planejado isso. Mas, depois que lançamos o [disco] 'Damage', fizemos alguns shows e decidimos que era hora de um descanso. Talvez tenha durado mais do que imaginávamos". Durante a pausa, Spencer não parou de trabalhar com música. E entre uma gravação, um remix e uma participação especial em bandas de amigos, ele voltou a ouvir seus próprios discos. 
 
"Ouvi tudo de novo, os materiais inéditos inclusive, e me surpreendeu", conta orgulhoso. Assim, Jon Spencer já pode até eleger seu álbum preferido do Blues Explosion. "Sei que muita gente diz que o 'Orange' é o nosso melhor álbum, mas eu prefiro o 'Now I Got Worry'", diz, decisivo. Repassar nos fones de ouvido toda uma carreira foi uma viagem, assegura Spencer, e o resultado lhe pareceu tão satisfatório que ele não quer parar. "Estou com planos de relançar no ano que vem os álbuns do Pussy Galore", antecipa ele sobre sua primeira banda, que durou entre 1985 e 1990.
 

JON SPENCER BLUES EXPLOSION EM SP

Quando: nesta quinta-feira (28), a partir das 23h
Onde: Bourbon Street (rua dos Chanés, 127, Moema)
Quanto: R$ 120 (cem primeiros lugares na pista), R$ 160 (segundo lote pista) e R$ 240 (40 primeiros lugares em mesa)
Ingressos: na bilheteria da casa; informações e reservas pelo telefone 00/xx/11/5095-6100
 
JON SPENCER BLUES EXPLOSION EM BRASÍLIA
 
Quando: 30/07
Onde: Festival Portão do Rock no Complexo do Ginásio Nilson Nelson
Quanto: Entrada gratuita mediante 1kg de alimento não perecível
Informaçõeswww.poraodorock.com.br