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Britney Spears mostra boa forma, mas não se diverte mais no palco

MARIANA LAVIAGUERRE<br>Colaboração para o UOL<br>De Nova Jersey (EUA)

06/08/2011 13h11

“Ela está definitivamente de volta”, dizia um jovem fã de Britney Spears na noite desta sexta-feira (5), enquanto aguardava a cantora entrar no palco do tradicional IZOD Center, arena de eventos em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Era o início de mais um show da turnê Femme Fatale, que divulga o sétimo álbum de inéditas da cantora e começou em junho na Califórnia. A turnê seguirá para a Europa em outubro e vem ao Brasil em novembro, com datas confirmadas no Rio de Janeiro (dia 15) e São Paulo (dia 18).

A turnê norte-americana tem abertura da rapper Nicki Minaj e lotou o estádio com capacidade para 20 mil pessoas. E quem é o público de Britney Spears hoje, treze anos após o lançamento do seu primeiro álbum, “... Baby One More Time”? Muitas meninas com vestidos colados e salto alto, centenas de adolescentes que provavelmente estavam ali para ouvir os novos hits que tocam nas rádios, jovens casais gays e, claro, uma grande parcela daqueles fãs que beiram os trinta anos (e muitos que já passaram desta idade) e acompanham a cantora desde que ela se dizia virgem no final dos anos 1990.

Britney subiu ao palco uma hora depois de Nicki, às 21h, com uma roupa justa prateada cantando “Hold It Against Me”, seguida de “Up and Down”, durante a qual ela dança com bailarinos dentro de uma jaula. Na música “ 3” , a cantora chega perto de seus fãs, andando em uma extensão do palco que avança pela plateia.

Os pontos altos do show são os hits da cantora como “Womanizer” e “...Baby One More Time” (que Britney canta em cima de uma moto com um curto short jeans e miniblusa), quase todos em versões remixadas. Mas as nove músicas do álbum mais recente também empolgaram os fãs. Tiveram destaque “How I Roll”, com direito a coreografia em cima de um carro rosa, “Big Fat Bass”, que tem participação do onipresente Will.I.am por meio dos telões, e “I Wanna Go”, quando alguns fãs (claramente escolhidos com antecedência) subiram ao palco para acompanhar a cantora.

Em dois pontos altos do show Britney traz de volta a imagem da mulher sensual que acompanhou o ápice de sua carreira e foi esquecida quando ela começou a ganhar peso e raspar a cabeça em público. Em “Lace and Leather”, Britney convida um voluntário da plateia e protagoniza para ele uma dança sensual, com direito a algemas e a colocar as pernas ao redor da cabeça do moço.

Em “I’m a Slave for You”, um de seus maiores sucessos, ela dança a sexy coreografia original do clipe enquanto o telão mostra cenas que sugerem sadomasoquismo. A cantora está longe da forma que tinha aos vinte anos, mas pareceu visivelmente mais magra do que nas últimas apresentações de divulgação de “Femme Fatale”. Porém, quando o show vai se aproximando do fim, a cantora mostra sinais de cansaço. Depois de 19 músicas (que inclui um cover de “S&M”, da sua colega Rihanna), Britney encerra o show com “Till The World Ends”, com direito a uma óbvia chuva de papel picado e efeitos pirotécnicos.

Britney Spears não é (e nunca foi) espontânea no palco. Todos seus passos e pouca interação com o público nesta sexta foram visivelmente calculados e ensaiados à exaustão, criando certa distância com os fãs. Em alguns momentos, parecia que a cantora estava cumprindo um protocolo ou dançando na sala de casa, esquecendo que estava diante de milhares de pessoas. Ao contrário de suas colegas Madonna e Lady Gaga, Britney parece não se divertir mais em turnês.

O grande folclore da carreira dela, que é dublar as músicas, fica evidente ao vê-la ao vivo. Com a voz idêntica ao CD, ela balança a cabeleira loira sem alterar o timbre de voz. Nem mesmo na única balada do show (“Don’t Let Me Be The Last to Know”, que ela canta sentada em um balanço que a eleva pelo palco), ela abre mão da dublagem. O forte da dita princesinha (hoje já quase balzaquiana) do pop nunca foi sua voz, mas se considerarmos que ela também parece não ter mais vontade de dançar como o fazia, o show oferece muito pouco.

O que funciona e o que não funciona no show
As versões remixadas dos maiores hits da carreira de Britney Spears são muito boas, mesmo que algumas coreografias como a de “Boys”, que ganhou ares egípcios e trouxe a cantora e seus dançarinos ao palco em cima de um cisne, beirem o brega. Os telões são imensos, projetados atrás do palco e exibem durante o show a história de um investigador que procura pela cantora, além de vídeos bem produzidos. Aliás, toda a produção do show é ótima e é o que sustenta um espetáculo em que a atração principal infelizmente não canta ao vivo.

O figurino é colorido e moderno, as pirotecnias não são exageradas. O palco de Femme Fatale, assim como quase todos os grandes shows pop, é complexo. Britney surge de cima do palco, em outras músicas emerge do chão, é elevada por plataformas até a platéia. Para os brasileiros que verão os shows no Brasil, fica a dúvida se toda esta produção será trazida ao país, como aconteceu com a turnê 360º da banda U2.