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"Faço música pra questionar minha sanidade emocional", diz rapper Parteum, que lança clipe; assista

O rapper Parteum em foto de divulgação do EP "A Autoridade da Razão" (2010) - Divulgação
O rapper Parteum em foto de divulgação do EP "A Autoridade da Razão" (2010) Imagem: Divulgação

FLÁVIO SEIXLACK

Da Redação

09/08/2011 13h39

O produtor, MC, beatmaker e skatista Parteum chega ao ano de 2011 com uma bagagem de quem vive e conhece o rap brasileiro há um bom tempo. Com o Mzuri Sana --grupo que ainda conta com Secreto e Suissac--, o músico lançou dois álbuns: "Bairros Cidades Estrelas Contelações" (2003) e "Ópera Oblíqua" (2006). Seu primeiro disco solo, "Raciocínio Quebrado", saiu em 2004. No fim do ano passado, Parteum disponibilizou o EP "A Autoridade da Razão" e, nesta terça-feira, divulga o primeiro clipe do trabalho. Clique no player abaixo para assistir a "A Bagunça das Gavetas":

Parteum - "A Bagunça das Gavetas"

Filmado com uma câmera Super-8 --que usa um cartucho com filme em 8 mm-- e dirigido por Cassio Bossert e Jardel Giudice, "A Bagunça das Gavetas" foi registrado em lugares da Grande São Paulo que marcaram a vida do paulistano irmão de Rappin’ Hood. Atualmente, além da divulgação do EP (disponível para download gratuito na TramaVirtual) e de cuidar de sua filha Cora, Parteum tem usado seu tempo na produção de vídeos, beats e músicas que publica com frequência em um dos seus sites.
 
Em entrevista ao UOL Música, o rapper falou sobre a gravação do clipe, deu detalhes sobre a letra da canção e comentou sobre sua carreira e os planos para os próximos projetos.
 
UOL Música - Qual é a ideia por trás de "A Bagunça das Gavetas"?
Parteum - Me parece muito nobre (e humana) a ideia de pensar nossa existência como algo que deve ser perpetuado, então é comum brincarmos com essa ideia de guardar lembranças, lugares e pessoas num compartimento privado, num cofre, numa gaveta, numa caixa no fundo do armário. E de nos surpreendermos quando essas imagens, fragmentos de lembrança vem à tona e nos parecem diferentes do que o que imaginávamos. Faço música pra questionar minha sanidade emocional. O clipe surgiu daí, assim como a música. Fiquei muito contente com o resultado.
 

É comum brincarmos com essa ideia de guardar lembranças, lugares e pessoas num compartimento privado, num cofre, numa gaveta, numa caixa no fundo do armário, e de nos surpreendermos quando esses fragmentos de lembrança vem à tona e nos parecem diferentes do que o que imaginávamos

Parteum

UOL Música - Por que escolheu essa música? Quão representativa ela é em sua carreira e dentro desse último EP?
Parteum - Lembro das minhas viagens, dos tempos que passei fora, de quanto viajei por conta dos campeonatos de skate. Você conquista outros espaços e tenta imaginar algo simples que represente quem você é, ou do que você precisa pra ser/estar feliz. Por isso começo dizendo que só preciso de um sonho e uma caneta. É disso que preciso pra desenhar as lembranças de onde estive, do que fiz e pra desenhar outros caminhos desse momento em diante. Acho que "A Bagunça das Gavetas" já é, desde que a compus em 2008, uma busca por outros caminhos para fazer música. Na estrutura, no casamento do piano acústico com o teclado --quase sem ataque, da bateria acústica com a bateria eletrônica, do refrão cantado com os versos ímpares. 

UOL Música - Onde o clipe foi registrado e como foram as gravações?
Parteum - Começamos o clipe quatro dias antes do meu aniversário. Tive dois amigos na direção, visitei os lugares por onde passava na adolescência. Passei pela rua da professora de piano da minha irmã, visitei a casa onde ficava a locadora de VHS lá da Vila Arapuá, passei pela antiga pista de São Caetano, andei pelo centro, passei pelo prédio do meu primeiro emprego… No segundo dia de gravação, almoçamos num dos meus restaurantes prediletos. Diversão garantida. A rua do campo na Vila Arapuá, a estação de trem de São Caetano, o centro velho de São Paulo e a Avenida Paulista foram locações do clipe.

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UOL Música - Vocês usaram Super-8, certo? Quais foram os pontos positivos e negativos em usar filme em vez de fazer o clipe com câmeras digitais?
Parteum - Sim. Tenho ainda mais respeito pelos amigos de cinema e fotografia que trabalham com filme, que entendem luz, que falam com o sol e a sombra com tanta propriedade. Acho que o único ponto negativo foi ter perdido imagens em um dos rolos, mas isso poderia ter acontecido com um cartão de memória. Não é exatamente culpa do formato. 
 

Você conquista outros espaços e tenta imaginar algo simples que represente quem você é, ou do que você precisa pra ser/estar feliz. Por isso começo dizendo que só preciso de um sonho e uma caneta

Parteum
UOL Música - Quanto tempo você levou pra concretizar o EP "A Autoridade da Razão"?
Parteum - Uns dois anos. A Cora nasceu durante as gravações e acabei mudando letras, instrumentais, desistindo de algumas ideias, adicionando outras… Costumo dizer que faço música pra me entender melhor. O EP é isso: um exercício de auto-conhecimento. 
 
UOL Música - Já tem em mente quando vai sair seu próximo disco?
Parteum - Nem sei se vai ser um disco, de fato. Eu tenho esse monte de ideias que acabam virando rimas órfãs de um minuto e meio, ideias para curtas e etc. Em outubro, começo a pré-produção do próximo projeto do Mzuri Sana. Tenho pensado em fazer um disco instrumental, ou quase todo instrumental. Talvez escreva o roteiro para um curta com os meninos e crie a trilha, também. Veremos.
 
UOL Música - A série de beats "Cortexiphan" é bem específica. Pretende reunir tudo em um único lançamento algum dia, ou lançar um álbum instrumental? 
Parteum - Pois é, eu acho que tem um caminho do meio, que passa pelo audiovisual, para eu explorar. Eu ainda tenho vontade de rimar, de pensar em métricas esquisitas, de criar as bases a partir do que escrevi, e/ou voltar a fazer o oposto, também. Eu me divirto fazendo música, só não sei se estou entortando demais ao pensar menos nos formatos mais comuns. De repente, isso é fase. Amanhã, acordo pensando num disco de 14 faixas com começo, meio e fim. Nunca se sabe.

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