João Carlos Martins fala sobre primeira vez em Barretos e sugere parceria com banda de rock
João Carlos Martins, que participou de alguns dos shows comemorativos dos 40 anos da dupla Chitãozinho e Xororó, esteve pela primeira vez na Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos para uma apresentação inédita, que ocorreu na madrugada de domingo.
O maestro acredita que projeto como este dá oportunidade do "coração do artista chegar no coração do público". Este foi um dos motivos que fez com que ele se apresentasse com a Orquestra Bachiana Filarmônica ao lado da dupla. Martins vê a possibilidade de mostrar ao público "nariz empinado" da música clássica a importância do universo sertanejo, e mostrar ao público sertanejo o amplo repertório da música erudita.
Sem divulgar detalhes, João Carlos Martins, que também já dividiu o palco com o DJ Anderson Noise, deve anunciar novas parcerias inusitadas. Leia abaixo a entrevista:
UOL- Essa é primeira vez que o senhor se apresenta de uma Festa de Peão?
João Carlos Martins: É a primeira e tenha certeza que estou muito honrado.
UOL - Quanta vezes o senhor se apresentou com a dupla Chitãozinho e Xororó? E como foram essas apresentações?
João Carlos Martins: Nós fizemos três apresentações na Sala São Paulo (SP), uma na Via Funchal (SP), uma no Hotel Transamérica (SP) e uma e uma no Paço Municipal de Jundiaí (interior de SP). Essas seis apresentações foram, realmente, pura mágica. Porque esta dupla (Chitãozinho e Xororó) tem um bom gosto incrível. E no momento que eu os convidei quis mostrar para aquelas pessoas de nariz empinado da música clássica a importância da música sertaneja. E quis mostrar para aquelas pessoas que adoram a música sertaneja a importância desse universo fantástico da música clássica. E é nessa hora que tudo converge para uma ideia única. Qual é a ideia? O coração do artista tem que chegar no coração do público. E é assim que essa dupla fantástica faz, a minha orquestra faz, e eu, tento fazer.
UOL - O pianista Arthur Moreira Lima criou o projeto "Piano pela Estrada" com o intuito de democratizar a música erudita. O senhor acha que estes projetos como o dele e o do senhor colaboram para a popularização da música clássica?
João Carlos Martins: O trabalho do Arthur pelo Brasil com aquele caminhão é o mesmo que tento fazer com a Bachiana. E, se todos artistas clássicos fizessem o que eu e o Arthur fazemos, tenha certeza que a música clássica seria quase como o rock. Na sexta (19), fiz dois concertos para 3 mil crianças carentes na Sala São Paulo. Durante a apresentação eu disse que ia apresentar o primeiro compasso de uma música escrita há 250 anos (Vivaldi) e, que sem combinar nada, elas cantariam o segundo. Comecei e todos deram sequencia. Essa é a força da música clássica.
UOL - O senhor também fez um projeto com o DJ Anderson Noise com música eletrônica. Como foi isso?
João Carlos Martins: Foi fantástico. Mostrou que quando um DJ tem uma música clássica para fazer a intervenção, ele realmente acaba ficando fascinado por qualquer repertório clássico. Ele ficou fascinado de entrar em plena Sala São Paulo e fazer Beethoven, Schubert e Bach. Ele fez uma intervenção maravilhosa.
UOL - O que podemos esperar do senhor nos próximos projetos?
João Carlos Martins: Estou levando a orquestra inteira para o Lincoln Center, em Nova York, para a abertura da temporada. Além disso tem o meu projeto de vida, que iniciei esta semana na Sala São Paulo, que é em 10 anos formar mil orquestras jovens no Brasil.
UOL - Há possibilidades de ver o senhor dividindo o palco com uma banda de rock. Com o Sepultura, por exemplo?
João Carlos Martins: Acho que você deve ser do FBI e está sabendo de alguma coisa (risos). Não posso contar, por enquanto, mas depois você me diz se é jornalista ou do FBI, ok?
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