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Após 31 anos de banda, vocalista do R.E.M diz que é preciso saber a hora de parar

Da Redação<br>Com agências internacionais

21/09/2011 15h42

Após 31 anos de carreira, a banda norte-americana R.E.M anunciou o seu fim por meio de comunicado publicado em seu site oficial nesta quarta-feira (21). "Um homem sábio disse certa vez: ‘A habilidade de participar de uma festa está em saber a hora de sair'. Nós construímos algo extraordinário juntos. Fizemos essa coisa. E agora vamos andar longe dela", escreveu o vocalista Michael Stipe.


"Espero que nossos fãs não pensem que isso foi uma decisão fácil, mas tudo deve acabar, e nós quisemos fazê-lo bem, do nosso jeito. Temos que agradecer a todas as pessoas que nos ajudaram a ser o R.E.M durante esses 31 anos. A nossa mais profunda gratidão àqueles que nos permitiram fazer isso. Tem sido incrível”, completou Stipe.

"Começamos a nos perguntar, 'o que vem depois? O trabalho e as memórias reunidas por mais de três décadas foi uma tremenda jornada"

Michael Stipe

O R.E.M, que recentemente lançou o álbum "Collapse Until Now", disse que o término da banda foi tranquilo, sem brigas ou motivo especial. "Durante nossa última turnê, depois de produzir “Collapse Into Now” e reunir a nossa maior retrospectiva de hits, começamos a nos perguntar, 'o que vem depois? O trabalho e as memórias reunidas por mais de três décadas foi uma tremenda jornada. Percebemos que essas músicas pareciam desenhar uma linha natural sob os últimos 31 anos do nosso trabalho em conjunto", disse o baixista Mike Mills no comunicado.

"Sempre fomos uma banda no verdadeiro sentido da palavra. Irmãos que verdadeiramente se amam, se respeitam, nos sentimos pioneiros nisso. Não há nenhuma desarmonia aqui, sem advogados, sem problemas, tomamos esta decisão em conjunto, de forma amigável e com os melhores interesses no coração. O tempo simplesmente pareceu certo", completou Mills.

O guitarrista Peter Buck também comentou o término do grupo. "Uma das coisas grandiosas sobre estar no REM foi o fato de que os registros e as canções que escrevemos significaram tanto para os nossos fãs quanto significaram para nós. Foi, e ainda é, muito importante para nós fazer o certo por vocês. Ser uma parte de suas vidas foi um presente inacreditável. Obrigado", disse Buck.

"Mike, Michael, Bill, Bertis, e eu somos grandes amigos. Eu sei que vou vê-los no futuro. Assim como eu sei que verei todos os que nos seguiram e nos apoiaram ao longo dos anos. Mesmo que seja só no corredor de vinil de sua loja de discos local, ou de pé na parte de trás de um clube: assistir a um grupo de 19 anos tentando mudar o mundo”, finalizou o guitarrista.

O início e o fim do R.E.M.
Foi no início dos anos de 1980 que o R.E.M. deu seus primeiros passos na música, com três álbuns na sequência --"Murmur" (1983), "Reckoning" (1984) e "Fables of the Reconstruction" (1985)-- cheios de guitarras e temas obscuros, que recentemente ganharam nova edição remasterizada.

Uma das coisas grandiosas sobre estar no REM foi o fato de que os registros e as canções que escrevemos significaram tanto para os nossos fãs quanto significaram para nós

Peter Buck

Mas a escalada de Michael Stipe e banda rumo ao sucesso mundial começou mesmo em 1991, com o lançamento de "Out of Time" e seus hits instântaneos "Losing My Religion" e "Shiny Happy People". O disco vendeu mais de 16 milhões de cópias e deu ao grupo três prêmios Grammy em 1992.

Formado em Athens, no estado norte-americano de Geórgia, o R.E.M. (sigla para "rapid eye movement", em português "movimento rápido dos olhos") se distinguia da geração do pós-punk e era a banda mais popular entre as rádios alternativas dos Estados Unidos.
 
Nos 31 anos de carreira, a banda --e, principalmente, seu líder Michael Stipe, assumidamente homossexual-- se destacou também pela postura política, envolvendo-se em causas ambientais, de defesa dos direitos humanos, direitos das mulheres e criticando ativamente o governo de George W. Bush e a Guerra no Iraque.
 
O grupo lançou seu 15º disco, "Collapse Into Now", em março deste ano. Antes mesmo do lançamento, o empresário do R.E.M., Bertis Downs, já havia adiantado que a banda não sairia em turnê com seu novo trabalho.
 
A banda veio ao Brasil duas vezes: a primeira no Rock In Rio de 2001, e a segunda em 2008 com a turnê do disco "Accelerate", que passou por São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Frases de Michael Stipe

"Radiohead são tão bons que me assusta", em 1993, durante show.
"Eu não iria sobreviver 10 minutos no 'American Idol'", à revista "The Big Issue", em 2008.