Redson morreu após hemorragia por complicações de úlcera; corpo do músico será enterrado na quinta (29)
Uma hemorragia interna devido a complicações por conta de uma úlcera foi a causa da parada cardiorrespiratória que matou o músico Redson, vocalista e guitarrista do Cólera, na noite de terça-feira (27). O corpo do músico será velado nesta quarta (28) a partir das 22h no Cemitério da Vila Alpina, em São Paulo. O enterro acontece na quinta (29) e, na sexta (30), a banda 365 --com integrantes amigos de Redson-- fará um show em homenagem ao músico no bar Dynamite Rock, na capital paulista. As informações são de Clemente, da banda Inocentes.
A notícia da morte foi dada na comunidade da banda no Orkut pelo baixista Val Pinheiro: "lamento informar a todos os nossos amigos, fãs e família que o nosso principal membro da banda Cólera, Redson, faleceu hoje, deixando um legado incalculável em nossas vidas". No Twitter, o músico João Gordo, da banda Ratos de Porão, lamentou a morte do músico. "É com lágrimas nos olhos que recebo a notícia da morte prematura do maior ícone do punk brasileiro. Descanse em paz, Redson. É uma perda irreparável, estou chocado", escreveu.
Formado em 1979 por Redson e seu irmão Carlos "Pierre" Lopes Pozzi, o Cólera é considerado um grupo seminal do punk no Brasil, com os álbuns "Tente Mudar o Amanhã" (1984) e "Pela Paz Em Todo Mundo" (1986) sendo dois dos principais discos do gênero no país. O grupo se caracterizava por sua mensagem pacifista e de caráter muitas vezes ecológico, algo que o diferenciava de nomes como Inocentes, Olho Seco e Ratos de Porão. Lançado em 2004, "Deixe a Terra em Paz!" é o sexto e mais recente álbum do Cólera.
Ouça abaixo três álbuns da discografia do grupo, além da colêtanea "Ataque Sonoro", de 1986, que inclui canções da banda:
Veja a repercussão da morte de Redson:
"A gente tinha um projeto de cover do Clash, fizemos alguns show alguns meses atrás. Ele foi pioneiro do punk nacional, o primeiro a gravar, junto de Clemente e Olho Seco. Acho que fui o primeiro a tocar uma demo dele na Rádio Excelsior, 1979. Foi um cara importantíssimo para o punk. O Cólera não tinha só reconhecimento no Brasil como na Europa também"
Kid Vinil, pesquisador musical
"Fui muito amigo dele em 82, no começo de tudo. Depois nos desentendemos, mas há cinco anos no encontramos, colocamos as diferenças em pratos limpos e voltamos a nos falar. Hoje quando fiquei sabendo sobre a morte foi um choque que me machucou muito. Ele é um ícone de nós todos sobreviventes dessa época. Ele foi o único que manteve as origens do 'faça você mesmo'. Era muito jovem pra morrer"
João Gordo, vocalista do Ratos de Porão
"Não sei nem o que falar. Fiquei meio chocado porque conheci o Redson em 1979 e pra mim não é só o Redson do Cólera, é um grande amigo, velho de guerra. Ele ia tocar com o Inocentes num show em Brasília no dia 15 de outubro e a gente já tinha ensaios marcados. Realmente não sei o que falar, estou muito triste"
Clemente, vocalista do Inocentes
"Na verdade montei o Combat Rock há muito tempo com o Redson, fizemos vários shows e ainda estamos fazendo. A gente se conhecia desde criança, ele que produziu o primeiro disco que gravei. Redson era um irmão e sempre fazíamos umas coisas juntos"
Mingau, baixista do 365 e do Ultraje a Rigor
"É tão difícil de falar... Posso dizer que foi uma honra uma grande ter compartilhado o palco algumas vezes com o ícone da história do rock do Brasil. Também de ter a amizade dele. Eu lembro dele e começo a dar risada porque ele era uma pessoa muito bem humorada"
Ari Baltazar, guitarrista do 365 e do Combat Rock
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