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Em São Paulo, Deep Purple mostra que clássicos são imortais

RODRIGO LARA

Da Redação

11/10/2011 12h33

 
Quem esperava encontrar uma casa vazia em São Paulo, nesta segunda-feira (10), para a apresentação do Deep Purple teve uma surpresa. Um dos precursores do que viria a ser chamado de heavy metal, anos depois do início da carreira da banda na década de 1960, os ingleses provaram ter uma legião de fãs fiéis. E, na plateia, não estavam apenas aqueles que acompanharam o grupo nos anos de auge, mas também jovens de todas as idades, inclusive crianças.
 
Palco armado para a festa, o Deep Purple não decepcionou. O desfile de hits começou com "Highway Star", passando por verdadeiros hinos do rock, como "Perfect Strangers" e "Black Night". O público não deixou para menos e deu uma força para Ian Gillan em praticamente todas as músicas.
 
O Deep Purple é uma verdadeira instituição. Pela banda já passaram nomes como David Coverdale, Ritchie Blackmore e Joe Satriani. Atualmente, três integrantes da segunda fase da banda --e a mais bem sucedida-- compõem a formação: Ian Gillan nos vocais, Ian Paice na bateria e Roger Glover no baixo. 
 
Completam a formação do guitarrista Steve Morse, que está com o Purple desde 1994, e o tecladista Don Airey. Os dois, inclusive, foram os responsáveis pelos momentos mais virtuosos da noite, com direito a "Brasileirinho" no teclado de Airey, e Morse utilizando sua capacidade técnica para emular um violino na guitarra. Essas passagens empolgaram o público e serviram para que Gillan tomasse fôlego antes de voltar a cantar. 
 
A banda entrou no palco com pouco mais de dez minutos de atraso, nada que deixasse os fãs impacientes. Bem humorados, interagiram com a plateia --em especial Gillan e Morse, sendo que o guitarrista "vestiu" uma bandeira brasileira-- e a todo momento deixavam claro que estavam ali com o intuito de agradar.
 
Em um Via Funchal lotado e abafado, os veteranos do Purple mostraram apuro técnico e foram ajudados pela qualidade do som no local e pela plateia empolgada. Enquanto Morse improvisava em praticamente todos os solos, talvez uma forma bem sucedida de colocar sua marca em músicas clássicas, Airey deixava o som homogêneo com seu teclado. Glover e Paice tocavam como um só, enquanto Gillan se esforçava para atingir os tons mais difíceis.
 
O "Silver Voice" merece citação à parte. Se não atinge os mesmos tons da juventude, Gillan aprendeu a envelhecer. Não exige demais de si e, desta forma, fica distante de ser uma caricatura daquele vocalista que já foi. Mantém o ritmo, sem desafinar, e honra sua história como um dos mais relevantes frontman da história do rock. Mostrou que sabe usar a plateia a seu favor e, no Brasil, isso costuma funcionar muito bem.  
O repertório do show contou com grandes sucessos do pouco mais de quatro décadas da banda. Mesmo assim, havia espaço para mais. Em um show que durou 1h50, o público sentiu falta de músicas como “Burn”, “Speed King” e “Fireball”. Não é nada determinante, contudo, para manchar o show. E pode servir de subsídio para um futuro retorno da banda ao país. 
 
Veja as músicas que o Deep Purple tocou em São Paulo:
 
"Highway Star"
"Hard Lovin' Man"
"Maybe I’m a Leo"
"Strange Kind of Woman"
"Rapture Of The Deep"
"Mary Long"
"When a Blind Man Cries"
"Lazy"
"Knocking At Your Back Door"
"No One Came"
"Perfect Strangers"
"Space Truckin"
"Smoke On The Water"
 
BIS
"Hush"
"Black Night"