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Você pode quebrar o pescoço se olhar cada garota brasileira que passa, diz membro do Interpol

A banda Interpol em foto de divulgação (2011) - Divulgação
A banda Interpol em foto de divulgação (2011) Imagem: Divulgação

FLÁVIO SEIXLACK

Da Redação

19/10/2011 06h30

A banda nova-iorquina Interpol volta ao Brasil após dois anos marcados por acontecimentos distintos. O primeiro deles foi o lançamento da estreia solo do vocalista Paul Banks com "Julian Plenti is... Skyscraper", em 2009. Um ano mais tarde, o grupo lançou seu quarto álbum de estúdio, homônimo. Mas talvez a principal mudança, tanto para a banda quanto para os fãs, tenha sido a saída do baixista e tecladista Carlos Dengler, um dos membros mais importantes do Interpol, logo após o novo disco ter sido finalizado.

A banda --que chega à São Paulo em novembro para dois shows, um no festival Planeta Terra, no dia 5, e outro na Clash Club, no dia 6, ambos com ingressos esgotados-- virou oficialmente um trio que, ao vivo, é acompanhado por Brandon Curtis (The Secret Machines) nos teclados e voz e Brad Truax (ex-Animal Collective) no baixo. As apresentações no país devem trazer um repertório focado especialmente em "Interpol", de 2010, mas sem esquecer das canções mais bem sucedidas de "Turn On The Bright Lights" (2002), "Antics" (2004) e "Our Love To Admire" (2007).

Em entrevista ao UOL Música por telefone, o baterista Sam Fogarino falou sobre o impacto causado pela ausência do baixista Carlos Dengler, o futuro do Interpol como um trio e as boas lembranças que tem do público brasileiro e das mulheres do país.

A maior mudança é que agora não há alguém por perto que não queira estar na banda. Estamos aqui porque queremos, e o Carlos há um bom tempo não queria. Isso foi bem ruim para todos os envolvidos

Sam Fogarino, sobre a saída do baixista Carlos Dengler do Interpol

UOL Música - O Interpol já tocou no Brasil, mas desta vez vocês farão um show também dentro de um festival. O que muda?
Sam Fogarino -
Depende da hora na qual tocaremos. Às vezes, quando você é a atração principal, é como se fosse seu próprio show. Mas, se você toca no meio da escalação, você tem que ir lá, apresentar-se e sair do palco. Você tem um determinado tempo e não pode levar toda a sua produção, suas luzes, etc. Às vezes é uma versão condensada do que fazemos.

UOL Música - Pretende assistir algum outro show no festival no qual vão tocar, que terá bandas como Beady Eye, Strokes e Broken Social Scene?
Sam Fogarino -
Assistiria a essas três, para dizer a verdade. Gostaria muito de ver os Strokes, não vejo show deles faz uns oito anos. E nunca vi o Broken Social Scene, que deve ser bem divertido.

UOL Música - Guarda alguma boa memória das mulheres, bebidas ou comidas brasileiras? Divertiu-se em sua última visita?
Sam Fogarino -
Bem, para observar as mulheres no Brasil você tem que usar um protetor no pescoço, porque se você tentar olhar cada garota bonita que passa você pode quebrá-lo. A comida estava incrível e os shows foram sensacionais. Foi algo espetacular. Nunca tínhamos ido ao Brasil e, de repente, estávamos em um avião, chegamos ao aeroporto e dirigimos pelas ruas do Rio de Janeiro. Lembro um dia em que jantei sozinho no hotel no qual estávamos hospedados, que ficava de frente para a praia, e eu não conseguia me cansar da absoluta beleza da cidade de noite. Foi uma experiência e tanto. Lembro também do público em São Paulo, que era maluco. Estamos bastante empolgados por voltar.

Interpol - "Barricade"

UOL Música - O quarto álbum do Interpol foi lançado em 2010. Como você avalia esse disco em comparação aos demais trabalhos do grupo?
Sam Fogarino -
Estamos em turnê há mais de um ano. Muito tempo se passou desde que o disco ficou pronto, e é interessante tentar avaliar onde ele se encaixa dentro do corpo de trabalho. Vejo-o como um próximo passo para o nosso som. Estamos indo em direções diferentes. Acho que a coisa mais empolgante é tentar advinhar onde as nossas tentativas dentro do estúdio nos levarão. Vejo esse disco como o que tentamos fazer com "Our Love To Admire" (2007) e talvez não tenha dado certo. Acho que é um álbum que preenche a lacuna entre os dois primeiros álbuns e "Our Love To Admire". Acredito que esse disco tenha conseguido isso. Há muita orquestração, teclados e coisas assim. Quando ouço "Our Love To Admire" sinto que algumas coisas são meio forçadas às vezes. Ainda gosto de todas as suas músicas, não há nada de ruim sobre ele. Mas este quarto trabalho fez tudo valer a pena e compensar estes pequenos deslizes.

Para observar as mulheres brasileiras você tem que usar um protetor no pescoço, porque se tentar olhar cada garota bonita que passa você pode quebrá-lo

Sam Fogarino, sobre a recordação que guarda da mulher brasileira

UOL Música - Qual foi o impacto causado pela saída do baixista Carlos Dengler?
Sam Fogarino -
A maior mudança é que agora não há alguém por perto que não queira estar na banda. Estamos aqui porque queremos estar, e o Carlos há um bom tempo não queria. Isso foi bem ruim para todos os envolvidos. Pior ainda para ele, por estar em uma dinâmica na qual ele não acreditava mais. Quando uma pessoa com uma personalidade tão forte não quer estar no palco, isso afeta tudo, mesmo que você tente fazer com que isso não aconteça. Quando você corta isso, tudo fica mais leve. Todos que sobem ao palco agora querem estar lá, e isso é uma coisa muito bonita.

UOL Música - Vocês chegaram a substituir Carlos por David Pajo, que tocou no Slint. Como foi isso?
Sam Fogarino -
Tivemos sorte. Seu legado é muito respeitado e admiramos muito o que ele já fez. Sua habilidade como baixista e tecladista é incrível.

UOL Música - Acha que a sonoridade do Interpol vai mudar sem o Carlos? Como enxerga o futuro da banda?
Sam Fogarino -
Acho que sim, definitivamente. Ficará intacto o fato de que haverá a lacuna que ele deixou com sua ausência. Mas será bem interessante, acredito. Apenas nós três pensando em quando será a hora de fazer músicas novas. Ainda não falamos sobre isso e acho que ainda vai demorar um tempo, mas estou bastante empolgado com essa ideia. Todos estamos.


FESTIVAL PLANETA TERRA EM SÃO PAULO
Com Interpol, Beady Eye Strokes, Broken Social Scene e mais

Quando: 05/11
Onde: Playcenter (Rua José Gomes Falcão)
Ingressos: esgotados

INTERPOL EM SÃO PAULO

Quando:
06/11, às 19h
Onde: Clash Club (Rua Barra Funda, 969, Barra Funda)
Ingressos: esgotados