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Aerosmith faz show único em São Paulo, prestes a lançar novo álbum; leia entrevista

Joe Perry e Steven Tyler durante show do Aerosmith no estádio Palestra Itália, em São Paulo (29/05/2010) - Flávio Florido/UOL
Joe Perry e Steven Tyler durante show do Aerosmith no estádio Palestra Itália, em São Paulo (29/05/2010) Imagem: Flávio Florido/UOL

PEDRO CARVALHO

Colaboração para o UOL

29/10/2011 15h00

Com um único show na Arena Anhembi em São Paulo neste domingo (30), o Aerosmith vem ao Brasil pela quarta vez num momento crucial da carreira de mais de 40 anos.  

Em 2009, o vocalista Steven Tyler caiu do palco após exagerar no uso de drogas e álcool, interrompendo uma turnê norte-americana. Paralelamente, Tyler se tornou jurado do programa de calouros “American Idol” e lançou um single solo. Por pouco não foi o fim da banda.

“Cheguei a temer pelo fim”, diz o baixista Tom Hamilton. “A volta de Steven foi um verdadeiro milagre”.  Mesmo assim, tensões entre o cantor e o guitarrista solo Joe Perry continuaram assombrando o Aerosmith.

Até que, 10 anos depois do último álbum de inéditas, “Just Push Play”, a banda parece ter resolvido as pendengas com um trabalho ainda inédito, que promete uma volta ao entusiasmo da da década de 70.

Em entrevista exclusiva ao UOL, o baixista Tom Hamilton falou sobre o novo álbum, os altos e baixos da carreira do grupo e o show que farão em São Paulo neste domingo.


UOL - Como você se sente de voltar ao Brasil mais uma vez? O que vão tocar por aqui desta vez?
Tom Hamilton -
Nos divertimos muito quando tocamos em São Paulo no ano passado! O estádio (Palestra) estava lotado e dava para ver gente nas janelas dos prédios em volta nos ouvindo. Era uma noite linda e nos sentimos muito bem.  Estamos lisongeadíssimos de nos quererem de volta tão rápido. Tocaremos alguma coisa de todas as eras da nossa carreira. Provavelmente colocaremos mais ênfase nos álbuns dos anos 80 e 90, porque são os favoritos dos brasileiros. Mas vai ter algo para todo mundo.

UOL - No ano passado a banda completou 40 anos e logo será o aniversário de quatro décadas do primeiro álbum. Haverá alguma comemoração? Como é fazer parte da mesma banda por tanto tempo?
Tom Hamilton -
Bem,  nós não gostamos muito de fazer muito escarcéu com esse tipo de coisa. Acho que gostamos de esconder a idade. Mas definitivamente há um sentimento em torno disso, faz parte da nossa história. Passamos o verão todo trabalhando no novo álbum com um produtor chamado Jack Douglas, que gravou discos nossos da década de 70 como Get Your Wings, Toys in The Attic, Rocks e Draw The Line. Chegamos a trabalhar com ele depois disso, mas é a primeira vez com um álbum de inéditas desde então. Foi fantástico, porque compusemos e gravamos as músicas de um jeito muito parecido com o que fazíamos na época. O Jack tem um entendimento muito mais profundo das nossas idéias do que qualquer outro produtor.

UOL - Então se trata de um projeto na linha “de volta as raízes”?
Tom Hamilton -
Sim! Não estamos tentando fazer isso, mas está ficando assim. Não procuramos fazer o álbum soar como os da década de 70, ele tem tudo o que aprendemos ao longo dos anos. Mas é um sentimento semelhante.

UOL - Quando sai? Já tem nome?
Tom Hamilton -
Pretendemos lançar o disco por volta de maio do ano que vem.  Já temos algumas idéias de título escritos numa lousa no estúdio, mas ainda não nos decidimos.

UOL - Você é um dos integrantes que ficaram na banda desde o começo ininterruptamente (os guitarristas Joe Perry e Brad Whitford passaram alguns anos fora da banda durante a década de 80). Além de tocar baixo, como você vê seu papel na banda no que diz respeito ao relacionamento e outros aspectos não-musicais?
Tom Hamilton -
Boa pergunta. Meu papel é de “coadjuvante”. Tenho uma personalidade muito estável, costumo ser o integrante que faz todo mundo parar quieto e se comunicar. Meu apelido é “A Voz da Razão”.

UOL - Falando em relacionamento, depois do acidente em que o Steven caiu do palco em 2009 a banda deu um tempo. Houve muita especulação na imprensa e chegaram a anunciar que ele estaria fora da banda. O que aconteceu de fato?
Tom Hamilton -
Estávamos fazendo uma grande turnê nos EUA e no meio dela o Steven teve esse acidente. Isso nos obrigou a cancelar todo o resto dos shows. Ficamos todos muito frustrados. Perder um show já é uma  sensação horrível, imagine uma turnê inteira. Enfim, ficamos loucos da vida e paramos de nos comunicar.  Depois de alguns meses, o Steven se cansou de não conseguir falar conosco e anunciou que iria investir na carreira solo. Enquanto isso, nós não podíamos simplesmente parar com a banda durante dois anos enquanto ele fazia o lance dele e começamos a pensar numa maneira de nos manter ativos. O Steven não gostou nada disso e fez uma coisa fantástica: ficou sóbrio, fez um retiro durante alguns meses e voltou de lá como um novo homem, dizendo para a banda voltar à estrada.
No começo do ano passado eu cheguei a pensar que nós nunca mais tocaríamos juntos, pelo menos durante um bom tempo.  Foi um verdadeiro milagre, do dia para a noite fomos de um ponto em que não tínhamos nenhum show marcado para uma turnê de 43 cidades. E foi uma turnê fantástica!

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UOL - Como você se sente em relação à participação dele como jurado no programa “American Idol”?
Tom Hamilton -
Por um lado é difícil para a banda, porque tira ele de nós por muito tempo. Mas também gera muita atenção, principalmente do público mais jovem, o que vai ser muito bom para o próximo disco.

UOL - Vocês também são uma das poucas bandas que tiveram uma fase em que foram praticamente “desenganados” por público e crítica e depois não apenas deram a volta por cima, mas superaram o sucesso original. Como conseguiram?
Tom Hamilton -
Acho que foi porque no último segundo, todo mundo percebeu que separados nunca conserguiríamos fazer algo que chegasse perto do que fazemos juntos. Nos anos 80 quando o Joe (Perry, guitarrista) saiu da banda, ele lançou álbuns solo e teve dificuldade de ter o mesmo sucesso na estrada que sempre havia tido com a banda. Com o Brad (Whitford, também guitarrista) foi a mesma coisa. Enquanto isso, nós que ficamos na banda lançamos um disco chamado “Rock and a Hard Place”, que era muito bom, mas quando fomos excursionar o público só queria saber onde estavam o Joe e o Brad. Percebemos que tínhamos que ficar sóbrios, nos organizar e reunir a banda original. Quando nos lembramos da porcaria que era não ter a banda unida, isso nos ajuda a mantê-la ativa. Mas sempre pode acontecer algo que ameace isso. O que eu sei é que sairemos em turnê no dia 18 de outubro e ficaremos na estrada até o meio de dezembro. Estou muito ansioso!

UOL - A parceria com o grupo de rap Run D.M.C. na regravação de “Walk This Way” em 1986, pioneira na mistura de rap e rock, foi um fator determinante para esta volta por cima?
Tom Hamilton -
Com certeza! Eu não acreditei muito na época. E não achei que fosse algo tão inusitado misturar rock e rap. Fiquei muito surpreso que as pessoas se impressionassem com isso. Sempre me pareceu algo muito natural. Provavelemente iríamos voltar ao topo de uma maneira ou de outra, mas provavelmente teria demorado mais tempo se não fosse por este single.

UOL - Hoje vocês são vistos como uma instituição, algo que nunca vai desaparecer. Tendo isso em mente, você ainda sente medo de passar por um período de vacas magras?
Tom Hamilton -
Sim, às vezes. Mas não muito no último ano. Especialmente depois deste verão trabalhando no disco novo. Existe algo estranho nesta banda, por algum motivo nos costumamos dar tiros no pé de vez em quando.  Mas aprendemos a evitar isso, porque todos amam fazer parte da banda e fazer as coisas que sempre sonhamos. Hoje em dia tudo está ótimo, temos a chance de voltar ao Brasil e muitos outros países que querem nos ver novamente. Me sinto muito sortudo.


AEROSMITH EM SP

Quando: neste domingo (30), a partir das 21h
Onde: Arena Anhembi (Av. Olavo Fontoura, 1209, Santana. Tel.: 0/xx/11 2226-0400)
Quanto: R$ 220 (pista), R$ 500 (pista premium)
Ingressos: Bilheteria do Credicard Hall, Tickets For Fun (www.ticketsforfun.com.br) e pontos de venda Tickets For Fun.
Censura: 12 anos. Menores de 15 anos, apenas com pais ou responsáveis.