Com música nova e sucessos, Pearl Jam comemora 20 anos de banda em São Paulo

Seis anos após a estreia em palcos brasileiros, o Pearl Jam volta menos agitado – mas ainda com pique – e com uma bagagem de músicas novas estranhas a quem foi ao show esperando ouvir os clássicos do álbum de estreia “Ten”. Subindo ao palco do Morumbi meia hora depois do horário previsto (a apresentação tinha sido adiantada para 20h45), eles abriram a turnê brasileira nesta quinta (3) em São Paulo com um repertório recheado de músicas dos anos 2000 e que ignorava o ótimo e esquecido “No Code” (1996) e o fraco “Binaural” (2000).

O show começou com “Release”, canção que fecha “Ten”, e seguiu com “Corduroy”, “Why Go” e “Animal”, num belo resgate do começo da carreira. Mas com “World Wide Suicide” eles deram início a uma apresentação marcada por músicas dos discos mais recentes, “Backspacer” (2009), “Pearl Jam” (2006) e “Riot Act” (2002), decepcionando os que pediam sem sucesso para que a banda tocasse “Jeremy”. Teve espaço até pra “Ole”, faixa lançada em setembro e que deve estar presente no próximo álbum dos americanos, previsto para o ano que vem.

O grande destaque da noite foi o guitarrista Mike McCready, com seus solos impecáveis e hipnotizantes. Mesmo com o peso da idade começando a aparecer – ninguém corre no palco como antigamente – o Pearl Jam mostra como fazer rock de arena sem precisar de chuva de papel picado ou palcos em 360º.

“Minha primeira vez no Brasil foi há dez anos com os Ramones [a turnê, na verdade, aconteceu em 1996, há 15 anos]. Esta música é para Johnny Ramone”, lembrou Eddie Vedder em seu esforçado português antes de dedicar “Come Back” ao falecido amigo, emendando com um cover de “I Believe In Miracles”.

Falando pouco e só bebendo vinho na última música do show, a famosa versão para “Rockin’ In The Free World” de Neil Young, Eddie Vedder agradeceu a banda de abertura, o grupo de punk rock X, e se mostrou preocupado com o público, perguntando se todos estavam a salvo – reflexo do trauma com as mortes durante o show da banda no festival dinamarquês Roskilde em 2000. Se desculpando por ter que falar em inglês (“os americanos são estúpidos em relação a outras línguas”), o vocalista massageou o ego da plateia garantindo que são as bandeiras do Brasil as mais vistas nos shows do Pearl Jam pelo mundo.

Mas o público, que estava longe de encher o Morumbi na data extra anunciada após esgotarem os ingressos do show na sexta (4), não fez o mesmo pelo Pearl Jam. Desanimados diante das músicas mais recentes ou menos conhecidas, pareciam desinteressados em passar por todos os anos das duas décadas da banda grunge. Não que Eddie Vedder, Mike McCready, Stone Gossard, Jeff Ament e Matt Cameron se importem. Ao contrário, fazem questão de mostrar que o Pearl Jam é uma banda que ainda olha para frente.

O grupo volta a se apresentar no Morumbi, em São Paulo, nesta sexta (4), e seguem para o Rio de Janeiro no dia 6, Curitiba no dia 9, e fecham a turnê no dia 11 em Porto Alegre.  

Veja o setlist:

Release
Corduroy
Why Go
Animal
World Wide Suicide
Got Some
Even Flow
Unthought Known
Whipping
Daughter
W.M.A. (trecho)
Ole
Down
Save You
The Fixer
Do The Evolution
Porch

Bis 1
Elderly Woman Behind The Counter In a Small Town
Just Breathe
Come Back
I Believe In Miracles
Alive

Bis 2
Comatose
Black
Better Man
Rearviewmirror
Rockin’ In The Free World