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Com figurino branco e coro de Heliópolis, Faith No More encerra terceiro e último dia do SWU dedicado à década de 1990

Do UOL, em Paulínia (SP)

15/11/2011 01h39Atualizada em 15/11/2011 15h52

Foi vestido todo de branco num cenário cheio de flores que o Faith No More encarou a responsabilidade de encerrar o terceiro e último dia do festival SWU 2011, em Paulínia. O dia mais cheio do evento recebeu 70 mil pessoas para assistir a uma programação voltada à década de 1990. Ao todo, 179 mil pessoas passaram pelo SWU nos três dias.

Em pouco mais de uma hora o Faith No More --metade delas debaixo de chuva-- resgatou toda a carreira e energia da banda que marcou a década de 1990. Do início da instrumental "Woodpecker From Mars" --com um trecho de "Delilah", de Tom Jones-- ao final do terceiro bis com a bonita versão da balada "This Guy's in Love with You", de Burt Bacharach, tudo se resume a uma apresentação enlouquecida.
 
Diversos momentos ensurdecedores do show foram impulsionados por clássicos como "Caffeine", "Surprise! You're Dead", "Midlife Crisis" e "King for a Day... Fool for a Lifetime", quando Patton roubou o lugar de um câmera e passou a filmar a plateia para, em seguida, ir cantar nos braços dos fãs. Em "Just A Man", dezenas de crianças do Coral da Gente, de Heliópolis, entrou no palco para se juntar à voz de Patton. De fora ficaram hits como "RV", "Collision" e "Falling To Pieces", entre outros tantos espalhados pelos seis discos lançados pela banda. 
 
Mike Patton é mesmo a mola propulsora do Faith No More: carismático, cheio de caras e bocas e falando um português cheio de sotaque. Mas o show não é só dele. A banda igualmente competente e impecável --formada por Mike Patton (vocais), Roddy Bottum (teclados), Bill Gould (baixo), Jon Hudson (guitarra) e Mike Bordin (bateria)-- aproveita cada espaço do palco para ir à frente e não deixar o público na mão, quando o vocalista se sente exausto. E, numa relação de troca, a plateia faz a sua parte cantando refrões-hinos como os de "Last Cup of Sorrow", "Epic" e "Ashes To Ashes".
 
A garganta de Patton, já calejada, impressiona ainda mais nos dias de hoje. Seja no rap de "Epic", na balada "Easy" ou no berreiro pelo megafone de "Land of Sunshine", a voz vigorosa do cantor não perde o tom. Patton parece cantar suas músicas como se fosse a última vez. Mas, na verdade, é o sinal de uma banda que marcou os anos de 1990 e que passa a década de 2000 sem querer ser esquecida.
 

Destaques do terceiro dia

O terceiro e último dia do SWU foi o mais cheio do festival, com 70 mil pessoas presentes, de acordo com a assessoria de imprensa. Com o line-up voltado para o rock, do metal ao grunge e indie dos anos 1990, o evento foi tomado por camisetas pretas.

O figurino dos presentes também incluiu galochas e capas de chuvas, usadas pelo público para encarar a lama e a chuva que marcaram o terceiro dia de SWU. Uma garoa constante caiu durante o evento, dando trégua em poucos momentos e criando várias poças d’água no Parque Brasil 500.

Os shows dos palcos principais começaram com o Raimundos, única atração brasileira desta segunda-feira (14). A banda entrou na programação do SWU por ser a mais pedida pelo público, e honrou a vitória na votação com um show animado e cheio de hits.

Duff McKagan’s Loaded foi o segundo a subir no palco principal, mostrando o show da turnê de “The Talking”, lançado no começo do ano, e tocando alguns covers de sua ex-banda Guns N’ Roses. Pela primeira vez no Brasil, o Black Rebel Motorcycle Club mostrou seu resgate da potência dos sons pesados dos anos de 1960 e 70, enquanto Phil Anselmo, líder do Down, chegou a sangrar a cabeça após bater repetidas vezes o microfone na testa.

O 311 mesclou seu rock com rap e levadas funk em músicas como “All Mixed Up”, “Jackpot” e “Down”, essa última que levou o público a abrir rodinhas para dançar. Com letras ácidas, beirando temáticas punk, o Primus mostrou suas raízes no funk, inserindo o peso do rock e do experimentalismo.

No que poderia ser o último show da banda, o Sonic Youth aliviou os fãs dizendo que “pretende vê-los em breve”, e o Megadeth conquistou o público com clássicos da carreira.

Entre baladas e guitarras sujas, o Stone Temple Pilots entregou durante 1h um repertório com composições que fizeram sucesso há mais de dez anos, liderados por um recuperado Scott Weiland.

Num dia dominado por atrações noventistas, coube ao Alice in Chains fazer o mais intenso revival da década grunge. A banda tocou os clássicos “Man In The Box”, “Down In A Hole” e “Them Bones”, e o atual vocalista William DuVall provou ser um bom substituto do falecido Layne Staley.