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Músico pernambucano 'come areia' para divulgar trabalho independente de MPB

O músico Tibério Azul foi "enterrado vivo" para gravar clipe da música de trabalho "Veja Só" - Divulgação
O músico Tibério Azul foi "enterrado vivo" para gravar clipe da música de trabalho "Veja Só" Imagem: Divulgação

CLAUDIA SILVEIRA

Colaboração para o UOL

21/11/2011 18h30

O pernambucano Tibério Azul é cantor, músico, letrista e compositor, mas para apresentar o seu primeiro álbum solo, “Bandarra”, ele acabou mesmo foi comendo areia. O clipe da faixa de trabalho “Veja Só”, gravado na praia de Boa Viagem, no Recife, é marcado por cenas em que Azul fica afundado na areia, com grãos entrando em seus olhos e até mesmo em sua boca. "Teve um dia que eu participei da gravação de um programa e os câmeras me perguntaram que efeito era aquele da areia e eu disse: 'Foi efeito de eu me f.... mesmo", relembra o cantor que também ficou com o nariz machucado ao inspirar a areia da praia.

O clipe de "Veja Só" foi lançado na internet no mês passado e, apenas com divulgação independente, somou mais de 7 mil visitas. A música une a letra que fala sobre renascimento à angústia de ver o artista enterrado vivo.

ASSISTA AO CLIPE DE "VEJA SÓ"

Até se decidir por lançar um disco solo, Tibério Azul lançou dois álbuns com a banda Mula Manca e gravou até DVD ao vivo com a Seu Chico, banda que faz covers de Chico Buarque e virou fenômeno de público em Recife. “Com o ‘Bandarra’ eu consegui mostrar minhas três vertentes: a de compositor, letrista e intérprete”, diz o cantor, que afirma ter sofrido grande influência de Chico Buarque em seu novo trabalho.

A produção de “Bandarra” ficou a cargo do Sunga Trio, formado por China, músico e Vj da MTV, Chiquinho (da Mombojó) e Homero Basílio. O álbum, lançado pelo selo independente Joinha Records, está disponível para download gratuito há um mês e faz parte da estratégia do artista de divulgar o trabalho no boca a boca.

“A recepção do disco está maravilhosa. As pessoas estão gostando e elogiando o clipe também”, comemora o artista, que tem viajado o Brasil para apresentar o disco e fez show em São Paulo neste mês. O que o público também deve estar gostando é o surgimento de um nome masculino no atual cenário da música brasileira, dominada por nomes como Tulipa Ruiz, Céu e Karina Buhr, entre outras.

O que todos têm em comum, independentemente do sexo, é a poesia. Este é o campo no qual Tibério Azul circula com mais intimidade. “Estou numa fase mais letrista. Sou muito paciente e já cheguei a ficar três meses tentando colocar a letra em uma música. Acordava todo dia e colocava só duas, três palavras”, diz. Em “Bandarra”, apenas duas letras não levam a sua assinatura. Ele também ficou de fora da curiosa “Abóbora”, que está mais para vinheta que para música e que vira jogo adivinhação sobre o que seria a palavra bandarra.

São os dois sobrinhos do artista que especulam diferentes significados para a palavra, desde um tipo de bactéria a uma raça de cachorro japonês, passando por uma estrela dez vezes mais quente que o sol e pelo nome de um jogo do Playstation. Segundo Tibério Azul, bandarra veio de uma poesia de Manoel de Barros e, para ele, representa algo como a liberdade ou um caminho que vai dar no sol.

Para baixar o álbum, acesse: http://tiberioazul.com.br/bandarra