Rivais na música, Elis Regina e Nara Leão compartilham data com homenagens desproporcionais
Rivais na cena musical e na vida amorosa, Elis Regina e Nara Leão compartilham uma data: esta quinta-feira, 19 de janeiro. No mesmo dia em que a gaúcha famosa por sucessos como “Águas de Março” completa 30 anos de morte, a capixaba que aderiu à Jovem Guarda e ao Tropicalismo comemoraria 70 anos de idade.
Apesar da coincidência na efeméride, as homenagens às cantoras não são proporcionais. Elis terá o lançamento do projeto dos filhos Maria Rita e João Marcelo Bôscoli "Viva Elis", uma exposição multimídia que rodará o Brasil em 2012, além dos shows de Rita em homenagem à mãe. A cantora também ganhou releitura de sua biografia, "Furacão Elis", republicada pela editora Leya neste mês.
O canal Viva apresenta o programa "Som Brasil: Tributo a Elis Regina", com entrevistas de familiares e um show que reuniu quatro mil pessoas no Rio de Janeiro. A caixa "Elis Regina nos Anos 60" apresenta 12 álbuns do início da carreira da cantora. Posteriormente, outro box com mais doze CD's será lançado com raridades e a segunda parte de sua discografia.
Já Nara, ganhou um site com conteúdo sobre sua carreira, bancado pela filha Isabel Diegues com streaming de suas músicas, cartas, rascunhos e uma cronologia completa de sua vida. E, é isso. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Diegues disse esse é um "presente" pelo aniversário da mãe. A gravadora responsável por Nara, a Universal, disse não ter nada especial preparado.
Conheça coincidências e rivalidades de Nara Leão e Elis Regina
ORIGEM Elis Regina Carvalho Costa nasceu no dia 17 de março de 1945 e cresceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. De família humilde, começou a cantar em rádios com 11 anos. | ORIGEM Nara Lofego Leão nasceu no dia 19 de janeiro de 1942 em uma família de alta classe social e foi criada com vista para o mar no Rio de Janeiro. Começou seus estudos de violão aos 12 anos. |
BOSSA NOVA Elis começou cantando pop-rock juvenil no sul e só quando chegou no Rio assumiu um repertório moderno - mas no começo detestava bossa e cantava “pra fora”. Só assumiu de vez o estilo ao gravar com Tom Jobim em 1974. | BOSSA NOVA Nara é até hoje lembrada como “musa” da bossa e seu apartamento tido como nascedouro do estilo. Quando foi gravar seu primeiro LP quis fugir do gênero, mas logo se reencontraram e foram felizes para sempre. |
RONALDO BÔSCOLI Ronaldo Bôscoli, produtor de espetáculos e agitador cultural, era um dos arquiinimidos públicos de Elis. Até o dia em que surpreenderam todos em 1967, se casando: ele com 38 anos e ela com 22. Três anos depois nasceu o filho do casal, João Marcello, e pouco depois veio o fim. | RONALDO BÔSCOLI Bôscoli, então jornalista, 28 anos, letrista de “O barquinho”, começou a namorar Nara quando ela tinha 15 anos, em 1957. O noivado durou até 1961, quando Maysa revelou em entrevista coletiva que tinha um caso com Bôscoli e Nara nunca mais quis ouvir falar dele. |
TROPICÁLIA Em 1967 Elis Regina chegou a participar de uma infame “passeata contra a guitarra”, em ingênuo gesto nacionalista. Chegou a gravar canções de Gil, mas só aceitou realmente o movimento depois do exílio dos baianos. | TROPICÁLIA Nara, sempre interessada e aberta à novidades, foi a responsável por levar Bethânia da Bahia ao Rio, e quando surgiu o movimento tropicalista ela aderiu a ponto de aparecer na capa e cantar uma faixa do LP da turma. |
FARPAS “Nara Leão traiu cada movimento de que participava. Será que fez psicanálise ou curso de autopromoção? A verdade é que Nara Leão canta muito mal, mas fala muito bem”, dizia Elis sobre Nara à revista Manchete, 1967. | FARPAS “Tenho personalidade bastante para gostar ou não gostar do que ouço sem precisar me orientar pela cabeça dos outros. Quanto a ser ou não ser amiga de Elis, devo dizer que dou pouca importância”, repondia Nara, na mesma edição. |
TV O Fino da Bossa entrou no ar na TV Record em 1965 e ficou no ar por anos com Elis como apresentadora, um dos mais populares programas da época, rivalizando com o gigante Jovem Guarda, de Roberto Carlos. | TV Em 1966, durante apenas seis meses, Nara e Chico Buarque apresentaram juntos um programa na mesma TV Record: Pra Ver a Banda Passar, inspirado no sucesso recente de “A Banda”, de Chico, com Nara. |
CHICO BUARQUE Apesar de não ter sido de saída uma das principais entusiastas de Chico, Elis em 1972 registrou uma das mais emblemáticas interpretações do compositor, com sua intensa versão de “Atrás da Porta”. | CHICO BUARQUE Apenas entre 1966 e 1967, período do surgimento nacional de Chico, Nara gravou quase dez canções do compositor, em uma relação de amizade e identificação que durou anos e muitas outras faixas. |
EDU LOBO “Zambi”, “Aleluia”, “Reza” são faixas do compositor gravadas no primeiro disco “de samba” da Elis, em 1965. Pouco depois gravou também “Corrida de Jangada”, todas músicas importantes para sua carreira. | EDU LOBO “Zambi”, “Aleluia”, “Reza” são faixas do compositor gravadas por Nara em 1965, inclusive em um álbum com o próprio. Pouco depois gravou também “Corrida de Jangada”, todas músicas importantes para sua carreira. |
DISCOS De seus primeiros discos como fenômeno juvenil gaúcho, em 1961, ao último disco lançado em vida, em 1980, foram 27 LPs e mais um tanto de compactos. | DISCOS Entre seu primeiro LP, em 1964, e o último, em 1989, Nara lançou 23 álbuns e mais um punhado de singles, coletâneas e participações. |
MORTE TRISTE Elis Regina faleceu aos 36 anos na manhã do dia 19 de janeiro de 1982, sozinha em seu quarto, com posterior revelação da autópsia: “resultado positivo para cocaína e álcool etílico (...) que em somatória pode responder pelo evento letal”. | MORTE TRISTE Nara Leão faleceu aos 47 anos, ao meio-dia de 7 de junho de 1989, internada na casa de saúde São José, depois de duas semanas em coma, decorrências de um tumor no cérebro descoberto dez anos antes. |
*Com colaboração de Ronaldo Evangelista
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