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Etta James morre aos 73 anos vítima de leucemia

Em cadeira de rodas, Etta James se apresenta no 26º Playboy Jazz Festival em Hollywood (19/6/2004) - REUTERS/Fred Prouser/Files
Em cadeira de rodas, Etta James se apresenta no 26º Playboy Jazz Festival em Hollywood (19/6/2004) Imagem: REUTERS/Fred Prouser/Files

Do UOL, em São Paulo*

20/01/2012 14h38Atualizada em 20/01/2012 19h13

A cantora norte-americana Etta James morreu nesta sexta-feira (20) vítima de leucemia. Ela foi diagnosticada com a doença em janeiro do ano passado. Segundo a rede de notícias CNN, a cantora estava com os filhos e o marido ao seu lado no momento da morte. Etta completaria 74 anos na próxima quarta (25).

"Essa é uma tremenda perda para sua família, amigos e fãs ao redor do mundo", disse sua empresária e melhor amiga Lupe de Leon. "Ela era uma cantora verdadeira e original. Trabalhei com ela por 30 anos, ela era minha amiga e sentirei sua falta sempre", falou sobre a cantora, considerada ícone do soul, do blues, do rock e do R&B.

Em novembro do ano passado, ela foi internada para tratar dos últimos estágios da doença. Etta passou o Ano Novo ao lado dos filhos, Donto --que tocou na banda dela durante 15 anos-- e Sametto James, no quarto do hospital, onde assistiram a contagem regressiva, informou o filho Donto à CNN. Ela deixou o hospital no dia 6 de janeiro para ficar em casa com os filhos e o marido.

Etta, que também sofria de demência, lutou contra a obesidade e seu vício por heroína ao longo de sua vida. Em 2003, foi submetida a uma operação gástrica. Nos últimos tempos, foi internada várias vezes, uma delas por infecção no sangue. Ainda assim, Etta se manteve ativa na indústria musical, e em novembro passado lançou o disco "The Dreamer".
 
O marido da cantora, Artis Mills, que até então tomava todas as decisões por ela, agora deverá compartilhar com os filhos de Etta os próximos passos sobre o fim da vida da artista. Por decisão judicial, Mills também tem limites sobre a fortuna de Etta e não poderá "hipotecar seu catálogo de músicas".
 
VIDA E OBRA
 
Etta nasceu Jamesetta Hawkins no dia 25 de janeiro de 1938, em Los Angeles, e começou a cantar aos cinco anos de idade em uma igreja próxima à sua casa. A fama chegou nos anos de 1950 e 1960, quando o blues e o R&B entraram em seu repertório. Uma de suas músicas mais conhecidas é a versão de "At Last", de Mack Gordon e Harry Warren.
 

Etta nunca chegou a conhecer o pai e sua mãe, adolescente no momento do parto, não pôde cuidar dela durante sua infância. Porém, sua poderosa voz foi notada rapidamente no coro gospel de uma igreja de seu bairro após receber aulas do professor James Earle Hines.

Sua mãe a levou para San Francisco em 1950 e Etta formou a banda "The Peaches" - o apelido da artista -, onde foi descoberta por Johnny Otis (que morreu na última quinta-feira, 19), que a levou à fama com o tema "The Wallflower", uma joia do rhythm and blues que teve que ser rebatizada - foi criada como "Roll With Me Henry" - por suas conotações sexuais.

Posteriormente em Chicago assinou com a gravadora Chess Records em 1960, onde acabou aderindo a um estilo mais pop, com "Stormy Weather", "A Sunday Kind of Love", "All I Could Do Is Cry" e a mítica "At Last", que com seus acordes de violino se transformou em um estandarte do romantismo. Foi uma das canções escolhidas por Barack e Michelle Obama na festa pela nomeação do político democrata como novo presidente dos Estados Unidos.

Em meados da década de 1960, Etta optou por um som mais descarnado enquanto enfrentava sua dependência à heroína e criava canções como "Tell Mama" e a apavorante declaração de amor "I'd Rather Go Blind". Seus problemas com as drogas - especialmente cocaína e álcool - não cessaram e Etta foi internada em várias clínicas de desintoxicação durante as décadas de 1970 e 1980, uma época descrita de forma sórdida em sua autobiografia "Rage to Survive".

No entanto, e apesar de contar com uma saúde muito delicada - chegou a pesar mais de 180 quilos -, conseguiu retornar aos estúdios de gravação e fazer shows incríveis, já transformada em uma dama da música, embora necessitasse de ajuda para entrar e sair do palco.

"Pensava que ia morrer", admitiu à revista "Ebony" em 2003. "Estava constantemente preocupada com um possível ataque no coração", explicou a artista, que foi submetida a uma operação em 2002 para reduzir seu peso até a metade.

Durante sua carreira, abriu shows dos Rolling Stones em 1979, venceu seis prêmios Grammy e foi incluída no Salão da Fama do Rock and Roll em 1993. Beyoncé Knowles, uma das artistas influenciadas por sua música, da mesma forma que Tina Turner, Bonnie Raitt e Christina Aguilera, levou sua vida ao cinema no filme "Cadillac Records" (2008). Em 2001, ela entrou no Hall da Fama do Blues. Etta lançou mais de 30 álbuns ao longo de sua carreira.

*Com informações da EFE