"Se eles quiserem, eu adoraria", diz Joan Jett sobre tocar com Foo Fighters no Lollapalooza
Fundadora do Runaways e uma entre as duas mulheres na lista de 100 melhores guitarristas de todos os tempos da revista norte-americana "Rolling Stone", Joan Jett é inspiração para nove entre dez garotas que decidem montar uma banda de rock.
Com sua banda The Blackhearts, a cantora vem pela primeira vez ao país para se apresentar no festival Lollapalooza, em 7 de abril, mesmo dia em que também toca o Foo Fighters. Elogiadíssima pelo vocalista Dave Grohl, ela diz ser provável uma participação no show da banda, tocando seu hit "Bad Reputation". "Com certeza tem uma boa chance", diz Joan Jett, que adianta que a apresentação no Brasil incluirá músicas inéditas.
Em entrevista por telefone ao UOL, a cantora e guitarrista também comentou sobre o relacionamento com Kristen Stewart, que a interpretou no filme "The Runaways", o sonho de conhecer a Amazônia e como é ser um exemplo para jovens garotas.
UOL Música - Quais as suas expectativas para o show no Brasil?
Joan Jett - Estou empolgada por muitas razões. Primeiro que eu amo viajar. Estive em muitos lugares no mundo, mas nunca no Brasil. Sempre sonhei em ir para a Amazônia, mas acho que isso não vai acontecer nesta viagem. Segundo porque ouvi só coisas boas sobre os brasileiros, como eles são amáveis, o quanto eles amam a vida, o quão bonitos eles são, tanto os homens quanto as mulheres. Dizem que o país é lindo e a comida incrível. E que eles amam rock’n’roll. Dizem que é um dos melhores público de rock que existem. Estou empolgada para conferir isso de perto.
UOL Música - Existe alguma chance de você tocar "Bad Reputation" com os Foo Fighters, como fizeram no "Late Show With David Letterman"?
Joan Jett - Com certeza, tem uma boa chance. Depende deles, se eles quiserem fazer isso, eu adoraria.
UOL Música - E quais os planos para o show aqui?
Joan Jett - Vamos tocar todos os hits, músicas do começo da minha carreira. Provavelmente vamos tocar algumas músicas do Runaways, e de todos os nossos álbuns. E temos músicas novas. Estamos no estúdio gravando novo material, então vamos tocar músicas inéditas. Vamos ter a chance de saber a reação da garotada com essas canções.
UOL Música - Você pode falar mais sobre essas músicas novas? Pretendem lançar um álbum em breve?
Joan Jett - Não sabemos se vamos lançar um álbum, talvez vamos lançar as músicas individualmente. Não temos um plano para isso ainda.
UOL Música - Voltando ao Lollapalooza, tem alguma banda que vai tocar no festival que você gostaria de ver?
Joan Jett - Vou tentar ver o máximo de bandas que conseguir. Com certeza vou dar uma volta nos outros palcos no dia para ver o TV on the Radio, Cage The Elefant, Band of Horses, eu sei que a Peaches vai tocar também. As bandas brasileiras eu não conheço, estou curiosa para conhecê-las. No outro dia gostaria de ver Jane's Addiction, Skrillex, Foster The People, mas não sei se ainda estarei no país.
UOL Música - Dave Grohl disse que você é o "verdadeiro rock'n'roll". O que é rock'n'roll para você agora?
Joan Jett - É uma boa pergunta. É mais fácil dizer o que o rock’n’roll não é. Você sabe quando você vê. É sobre uma autenticidade, uma coisa verdadeira. Atualmente com tanta reality TV tudo está ficando orientado pela realidade, então se você simplesmente se vestir diferente e se parecer diferente, as pessoas vão presumir que você é aquilo, sem olhar embaixo das roupas e descobrir o que realmente tem ali. As bandas prestam mais atenção na aparência, para que eles pareçam cool e pareçam roqueiros, mas dentro delas isto não está vindo de um lugar genuíno. Eu não sei o que Dave vê em mim que faz ele dizer isso, você talvez tenha que perguntar para ele. Mas eu amo o que eu faço, eu não faço isso pelo dinheiro, pela fama. Você faz porque você ama subir no palco e dividir a música com as pessoas. Você gosta de ver as pessoas se divertindo e sorrindo juntas. Para mim é isso que é especial no rock’n’roll. E o rock pode ajudar muita gente em momentos difíceis de suas vidas. Tiveram muitos garotos que me disseram "sua música salvou minha vida". E eles me contam a história deles, eles podem estar deprimidos, ou alguém na família morreu, podem ser milhões de histórias, mas a música é a força deles. Para mim esse é o poder do rock’n’roll. É o poder da música, mas é isso que é genuíno no que eu faço.
UOL Música - Você inspira muitas pessoas, especialmente garotas. O que acha dessas jovens cantoras como Miley Cyrus [com quem já dividiu o palco] e Taylor Momsen, e você se vê como um exemplo para elas?
Joan Jett - Tem algumas coisas na minha vida que eu não diria para garotas que é algo que elas deveriam emular. Eu provavelmente fiz farra demais quando nova, e eu tive sorte de superar isso. Então nesses aspectos não acho que há nada para ser um exemplo. Você não precisa estar numa banda para ser uma festeira, então não há nada original nisso. Acho que a parte em que eu seria um exemplo é em acreditar em quem você é e no que você faz. Você quer fazer algo na sua vida que outras pessoas talvez não concordem, ou talvez não entendam, acho que é muito importante você correr atrás dos seus sonhos. As pessoas gostam de diminuir o sonho dos outros. Acho que é muito importante [apoiar as pessoas], especialmente para as garotas, porque elas vivem mais na auto-estima, então palavras afetam mais que os garotos. Estou usando este exemplo com as Runaways porque nós tocavamos e éramos destruídas só porque fazíamos música. Acho que muitas garotas são chamadas de nomes horríveis ou são motivo de chacota quando elas “fogem do roteiro”, digamos assim. Isso é trágico, porque as garotas podem fazer o que elas quiserem, serem cientistas nucleares ou roqueiras. Você tem que seguir os seus sonhos e não deixar as pessoas te colocarem para baixo quando elas dizem coisas negativas. Ache uma ou duas pessoas que te apoiem e tente seguir aquele sonho. Porque se você pelo menos tentar, não vai ficar se perguntando se conseguiria fazer aquilo.
UOL Música - Você acha que o filme "The Runaways" foi verdadeiro com a história da banda?
Joan Jett - Era basicamente verdade. Foi baseado no livro da Cherrie Currie, ela era nossa vocalista. Mas é claro que é um filme, então alguns acontecimentos eram misturados para diminuir o tempo. Porque o filme teria que ter oito horas de duração para ter toda a verdade das Runaways lá. Mas acho que dá uma noção do que é estar numa banda. Muitas daquelas coisas aconteceram, talvez não exatamente do jeito que está no filme, mas era em geral uma história verdadeira.
UOL Música - Você foi produtora executiva do filme, certo? O quão próxima você esteve do filme e das gravações?
Joan Jett - Estava o mais próximo que você pode estar. A Kristen [Stewart] gravou este filme entre o segundo filme “Crepúsculo”, “Lua Nova”, e “Eclipse”. Então ela teve dois meses entre as gravações. Tivemos duas semanas para ensaiar, é um tempo muito curto para cinco garotas se tornarem a gente. Então foi um mês de filmagens, eu estava lá todos os dias, provavelmente perdi só uns quatro dias de filmagens. Ficava com fones de ouvido e uma TV para poder ver a Kristen. Eu estava no set mas tentava ficar fora da vista de Kristen para ela não ficar me vendo enquanto atuava. Eu não queria deixá-la nervosa, mas queria estar à sua disposição. Nos demos muito bem e ela é uma pessoa tão trabalhadora, admiro muito sua ética e dedicação.
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