"Os seriados são a nova rádio", diz vocalista do The Naked and Famous, que toca no país

Quando escolheram o nome The Naked and Famous ("os pelados e famosos"), os integrantes da banda neozelandesa de indie rock não imaginavam ter que aturar piadas sem graça nos aeroportos. "Os funcionários sempre pedem para ficarmos pelados", desabafa a vocalista e tecladista Alisa Xayalith em entrevista por telefone ao UOL.

O quinteto vem ao país em março para duas apresentações, em São Paulo e no Rio de Janeiro. A banda apresenta as músicas do disco de estreia "Passive Me, Agressive You", de 2010, e apesar de estarem começando a compor um novo trabalho, Alisa adianta que não haverão músicas inéditas nos shows brasileiros. "Ainda é muito cedo".

Formado em 2008 por Alisa e Thom Powers (vocais e guitarra), The Naked and Famous começou a ficar conhecido fora da terra natal Auckland, maior cidade da Nova Zelândia, ao ter sua música tocada em seriados voltados ao público jovem como "Gossip Girl", "Skins" e "The Vampire Diaries". "As séries de TV são as novas estações de rádio", arrisca Alisa, que confessa ter se tornado fã de "Gossip Girl".

A vocalista também comenta sobre o selo criado pela banda, Somewhat Damaged, e a experiência de tocar com um dos maiores ídolos do The Naked and Famous, a banda Nine Inch Nails.

UOL Música - É a primeira vez da banda no Brasil, estão animados para os shows aqui?

Alisa Xayalith - Estou muito empolgada. Espero ter tempo para conhecer os lugares e comer uma boa comida, explorar em volta. Assim que soubemos que teríamos uma oportunidade de ir aí, fizemos questão de garantir que isso aconteceria, porque sabíamos que o Brasil seria um lugar interessante para se visitar.

UOL Música - O primeiro disco de vocês foi lançado em 2010. Podemos esperar um novo álbum em 2012?

Alisa Xayalith - Estamos trabalhando em algumas músicas. Estávamos em turnê nas últimas cinco semanas na Nova Zelândia, e nesse tempo estávamos compondo algumas coisas. O tempo que estamos na Nova Zelândia tem sido dedicado a juntar os pedaços e algumas canções saíram dali. Estamos trabalhando no segundo álbum mas é muito cedo para dizer quando iremos lançar ou colocar alguma música no set dos shows.

UOL Música - Vocês têm o próprio selo, Somewhat Damaged. Ele foi criado em busca de maior liberdade criativa, ou vocês tinham a intenção de lançar outros artistas?

Alisa Xayalith - Na Austrália e na Nova Zelândia podemos fazer as coisas nós mesmos porque é tão pequeno e muito administrável. Não há uma necessidade de termos uma grande gravadora fazendo as coisas para nós enquanto nós mesmos podemos fazê-las. Então acho que fazia sentido. E está indo muito bem.

UOL Música - Vocês abriram para o Nine Inch Nails na Nova Zelândia em 2009. Como grandes fãs da banda, como foi a experiência?

Alisa Xayalith - Foi incrível. Thom e Aaron [Short, tecladista], como também são produtores, são muito fãs da banda, porque Trent Reznor é um modelo para eles. Ele faz tudo, compõe tudo, produz tudo. Mas todo mundo na banda ama o que Nine Inch Nails faz. E tocar com eles foi uma daquelas coisas para você cortar da sua lista de coisas para fazer antes de morrer. Pudemos conhecer Trent, ele nos agradeceu por termos tocado. Foi uma grande experiência; foi a primeira vez que tocamos numa grande arena. Achei bem surreal, fico feliz que pudemos fazer isso.

UOL Música - Vocês já tiveram músicas na trilha sonora de várias séries, como "Gossip Girl" e "The Vampire Diaries". Você acha que essa é uma boa maneira de divulgar a banda?

Alisa Xayalith - Sim. Olhando pelas redes sociais, Facebook ou mesmo comentários de YouTube, eu vejo as pessoas comentando que conheceram a banda por “Gossip Girl” ou “Vampire Diares”. Acredito que as séries de TV são as novas estações de rádio. Muita gente assiste seriados e é dessa maneira que eles ficam conhecendo novas músicas. Acho absolutamente fantástico que as pessoas tenham conhecido nossa música por essa mídia. E consequentemente, no caso de “Gossip Girl”, eu mal assistia antes, e desde que pediram para colocar nossa música lá, comecei a assistir e me tornei fã. Tem sido uma ótima exposição para nós.

UOL Música - O nome da banda vem de uma música do músico inglês Tricky. O que fez vocês acharem essa frase específica um nome legal para a banda? 

Alisa Xayalith - Quando Thom estava apenas perdendo tempo em seu trabalho, ouvindo muita música em uma loja de discos, ele ficou pensando como era legal quando uma banda faz referência de algo da cultura pop. Pensamos que seria legal fazer algo parecido. E Tricky é um dos artistas favoritos dele, é um artista que eu amo também, e a letra da música “Tricky Kid” é ótima. É uma letra bem cínica, e é como uma referência para nós, porque existem todas essas celebridades se esforçando para serem famosas, e essa não é a razão pela qual queremos fazer música. Pode ser para outros músicos, mas não é para nós. E além de tudo [The Naked and Famous] era um nome ótimo, que se destacava.

UOL Música - Podemos dizer que vocês são a banda mais famosa da Nova Zelândia?

Alisa Xayalith - [Risos] Não sei se somos a banda mais famosa. Mas atualmente estamos indo muito bem. Não tem havido muitas bandas aqui que tem essa exposição e sucesso em outros países como nós temos. A única pessoa que consigo pensar é [a cantora] Ladyhawke e o Crowded House, claro, mas eles foram um dos primeiros.

UOL Música - As pessoas costumam fazer piadas com o nome da banda e pedem para vocês ficarem pelados?

Alisa Xayalith - Ah, essa é uma piada muito velha, sempre ouvimos ela. Especialmente quando estamos em aeroportos e os funcionários sempre perguntam de que bandas nós somos e se poderíamos ficar pelados. É engraçado como as pessoas sempre perguntam isso. Não, nós nunca vamos ficar pelados.

THE NAKED AND FAMOUS NO RIO DE JANEIRO

Quando: 15/3, às 22h
Onde: Circo Voador (Rua dos Arcos, S/N – Lapa)
Quanto: R$ 100 e R$ 50 (meia-entrada para estudantes, menores de 21 anos, idosos, Clube do Assinante O Globo ou portando 1kg de alimento)
Ingressos: No site www.ingresso.com

THE NAKED AND FAMOUS EM SÃO PAULO

Quando: 16/3, às 21h
Onde: Cine Joia (Praça Carlos Gomes, 82, Centro)
Quanto: R$ 120 e R$ 60 (meia-entrada)
Ingressos: No site cinejoia.tv/ingressos