SXSW 2012 indica que rock pode morrer, e a dance music é a culpada
Qualquer amante de música que direcionar suas visitas nos próximos meses a alguns dos principais festivais de música do mundo, certamente vai dar de cara com uma presença maciça de novos nomes da cena eletrônica, que aos poucos estão ensaiando uma nova invasão ao mainstream, que um dia já foi dominado pelo rock.
Skrillex --até três, quatro anos atrás um mero vocalista de uma banda emo-- se tornou o "rei do dubstep" em pouco mais de um ano e meio. Na esteira desse fenômeno, veio junto uma tal de "revolução eletrônica", que foi o pano de fundo de uma concorrida palestra no festival South by Southwest 2012 em Austin, no Texas, que se encerrou neste domingo (18).
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O SXSW já enxergou que tem alguma coisa errada (ou certa) quando um moleque eletrônico como o Skrillex é espremido entre bandas como Metallica, Soundgarden e Linkin Park em festival de pegada mais metal como o Rock Am Ring (Alemanha) ou dividindo espaço com os patrimônios culturais ingleses Stone Roses, New Order e Noel Gallagher no evento escocês T in The Park.
O mesmo acontece com o Crystal Method, figurinha carimbada do Coachella Festival, o maior festival dos norte-americanos. Ou com o DeadMau5, que vem atrelando seu som com --e sendo observado bem de perto por-- gente da pesada, como o Foo Fighters. Nos Estados Unidos, boa parte das propagandas que passam na TV, principalmente destinado ao "público jovem", tem como trilha sonora o dubstep. Ou a "nova música eletrônica", em sua gênese.
Toda essa movimentação da eletrônica --corroborada pela facilidade do acesso que a internet proporciona em termos de divulgação e pelos softwares cada vez mais avançados nos dias atuais-- obviamente virou um dos principais focos de discussão do South By Southwest. Estava na cara. E a roda de discussão sobre o assunto apareceu com um título direto no festival: "2012 - The Year Dance Music Killed Rock & Roll" (O ano que a dance music matou o rock and roll, em tradução livre).
A dimensão da frase "Skrillex é a voz de uma geração", utilizada por diversas publicações, começa a ganhar sentido quando o lendário empresário Seymour Stein, vice-presidente da Warner Music e fundador do selo Sire Records (que em dados momentos teve em seu cast Ramones, Depeche Mode, Madonna e The Smiths), senta-se ao lado de Lee Anderson --empresário do Skrillex-- para discutir se ele, um dia, pode ter a importância de um U2 ou de um Nirvana. "O rock and roll sempre teve seus altos e baixos, passou por mudanças, mas ainda perdura", defendeu Stein no debate do SXSW.
Se na virada do século nomes como Fatboy Slim, Chemical Brothers e Prodigy ensaiaram levar a música eletrônica para fora dos clubes, nos últimos anos DJs como Tiësto, David Guetta e Swedish House Mafia conseguiram botar o estilo dentro de grandes arenas e nos palcos principais de festivais de música pop. "Um show dance é sobre as pessoas que estão lá. Elas se vestem com estilo, se interagem, dançam. Só recentemente o foco se transferiu para o palco", observou Pasquale Rotella, CEO da Insomniac Eventos, responsável pelo Electric Daisy Carnival, um dos principais festivais de música eletrônica nos Estados Unidos.
Já para o agente Simon White, outro participante da mesa, lembrou, do lado dele e das principais agências de artistas do mundo, a velha e ainda uma das principais diferenças da eletrônica para o rock, na hora de se gerenciar shows e gravações com roqueiros ou com DJ. "É bem mais fácil você trabalhar com um DJ. Você pode excursionar com ele durante um ano, fazer shows apenas com CDs e não existem os atritos encontrados em uma banda", argumentou.
Depois de muitos pontos de vista, talvez o único denominador comum alcançado pela discussão é o de que os dois gêneros --rock e eletrônica-- podem coexistir. No entanto, só pelo fato de se cogitar que a eletrônica pode tomar o posto do rock, é sinal que algo pode estar definitivamente mudando na cabeça de quem vive e respira música.
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